Pobreza crônica e transitória no Brasil entre 2012 e 2020: o papel dos ativos, da renda do não trabalho e das políticas públicas
Data
2022-02-01
Tipo
Trabalho de conclusão de curso
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Resumo
A partir da década de 1980, dissemina-se a visão de que análises estáticas sobre pobreza têm poder explanatório limitado e podem enviesar a compreensão e resolução do problema. Assim, a literatura sobre o conceito e mensuração da privação passou a abordar a dimensão temporal e a duração do fenômeno, iniciando o campo das dinâmicas da pobreza. Tendo em vista a relativa escassez de estudos dessa literatura aplicados ao contexto brasileiro, o presente estudo tem como objetivo estimar, por meio de logit multinomial e dos microdados da PNAD Contínua (IBGE), se determinadas características socioeconômicas e demográficas aumentam ou reduzem a probabilidade de um domicílio ser pobre crônico ou transitório em relação a ser nunca pobre. Além disso, investiga-se a trajetória dos pobres crônicos, pobres transitórios e nunca pobres no período entre 2012 e 2020, o qual abrange duas grandes e importantes crises econômicas vivenciadas pelo país, e, também, a heterogeneidade entre os membros e chefes de domicílios de diferentes situações de pobreza e suas relações com as rendas do não trabalho, políticas públicas e a posse de ativos. Os principais resultados revelam que ter um domicílio em região metropolitana, com maior proporção de membros em idade ativa, chefes mais velhos, brancos e casados, com ensino fundamental, médio ou superior completo e qualificação baixa, média ou alta reduzem a probabilidade de a família ser pobre crônica ou transitória vis-à-vis a ser nunca pobre. Por outro lado, habitar em regiões rurais, ter chefe informal e afastado sem remuneração aumentam a probabilidade de o domicílio ser pobre crônico ou transitório. Assim, os resultados demonstram a importância das políticas públicas voltadas a formação de capital humano, de aposentadorias e pensões e de proteção de indivíduos economicamente ativos, sobretudo pobres crônicos, de volatilidades de renda, como o seguro-desemprego.
From the 1980s, spreads the view that static poverty analyzes had limited explanatory power and could bias the understanding and resolution of the problem. Thus, the literature on the concept and measurement of poverty began to address the temporal dimension and the duration of the phenomenon, starting the field on poverty dynamics. Given the relative scarcity of studies in this literature applied to the Brazilian context, this study aims to estimate, through multinomial logit and Continuous PNAD (IBGE) microdata, whether certain socioeconomic and demographic characteristics increase or reduce the probability of a household being chronic or transitory poor in relation to being never poor. In addition, it investigates the trajectory of the chronic poor, transitory poor and never poor in the period between 2012 and the 2019-2020 biennium, which encompasses two major and important economic crises experienced by the country, and also the heterogeneity among members and households heads from different situations of poverty and their relationship with non-work income, public policies and asset ownership. The main results reveal that having a household in a metropolitan region, with a higher proportion of members on working age, older, white and married heads, with elementary, secondary or higher education and low, medium or high work qualification reduce the probability of the family being chronic or transitory poor vis-à-vis being never poor. On the other hand, living in rural areas, having an informal and unpaid on-leave head increase the probability of the household being chronic or transitory poor. Thus, the results demonstrate the importance of public policies aimed at the formation of human capital, retirement and pensions and the protection of economically active individuals, especially the chronic poor, from income volatility, such as unemployment insurance.
From the 1980s, spreads the view that static poverty analyzes had limited explanatory power and could bias the understanding and resolution of the problem. Thus, the literature on the concept and measurement of poverty began to address the temporal dimension and the duration of the phenomenon, starting the field on poverty dynamics. Given the relative scarcity of studies in this literature applied to the Brazilian context, this study aims to estimate, through multinomial logit and Continuous PNAD (IBGE) microdata, whether certain socioeconomic and demographic characteristics increase or reduce the probability of a household being chronic or transitory poor in relation to being never poor. In addition, it investigates the trajectory of the chronic poor, transitory poor and never poor in the period between 2012 and the 2019-2020 biennium, which encompasses two major and important economic crises experienced by the country, and also the heterogeneity among members and households heads from different situations of poverty and their relationship with non-work income, public policies and asset ownership. The main results reveal that having a household in a metropolitan region, with a higher proportion of members on working age, older, white and married heads, with elementary, secondary or higher education and low, medium or high work qualification reduce the probability of the family being chronic or transitory poor vis-à-vis being never poor. On the other hand, living in rural areas, having an informal and unpaid on-leave head increase the probability of the household being chronic or transitory poor. Thus, the results demonstrate the importance of public policies aimed at the formation of human capital, retirement and pensions and the protection of economically active individuals, especially the chronic poor, from income volatility, such as unemployment insurance.
Descrição
Citação
ALBUQUERQUE, Thiago da Costa. Pobreza crônica e transitória no Brasil entre 2012 e 2020: o papel dos ativos, da renda do não trabalho e das políticas públicas. 2021. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciências Econômicas) - Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Política, Economia e Negócios, Osasco, 2021.