Navegando por Palavras-chave "Tempo e espaço"
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- ItemAcesso aberto (Open Access)De verme a sobrevivente: o sujeito discursivo em "Maus", de Art Spiegelman(Universidade Federal de São Paulo, 2021-02-23) Vieira, Isabela Rodrigues; Ramos, Paulo Eduardo; http://lattes.cnpq.br/6622602721067546; http://lattes.cnpq.br/5264857182599829Maus (SPIEGELMAN, 2009), ao narrar a história de um filho de sobreviventes e as consequências da Segunda Guerra Mundial em sua família, utiliza de diferentes planos e ângulos de visão responsáveis por produzirem diferentes efeitos de sentido, a partir de instâncias ideológicas que determinarão o lugar de fala e a/as posição/posições do sujeito. A pesquisa tem como objetivo analisar de que forma a materialidade discursiva da personagem Vladek Spiegelman, por meio do discurso sócio-histórico, comprova para a constituição do sujeito discursivo, por intermédio das formações discursivas e ideológicas propostas pela Análise do Discurso (AD) de linha francesa, a partir dos estudos de Pêcheux (1988, 2014), Foucault (2008; 2016) e Courtine (2014). Um dos fatos que mais chamam a atenção em Maus é a forma como o quadrinista constrói as personagens que, ao retratar as diferentes etnias, utiliza do antropomorfismo (os judeus, os ratos; os alemães, os gatos; os poloneses, os porcos etc.). Ao longo da narrativa, podemos identificar três vieses narrativos: a história de sobrevivência de Vladek Spiegelman, o relacionamento complicado entre pai e filho, e a própria história de Art. Para a análise, então, partiremos do princípio de que nos dois vieses narrativos, a história de sobrevivência de Vladek e o relacionamento entre Art e Vladek, presentes na história em quadrinhos, há dois padrões, aos quais chamaremos de Formação Discursiva genocídio e Formação Discursiva familiar. A partir de cada FD, analisaremos, por meio da construção de tempo e espaço, proposta por Cagnin (2014), Ramos (2016) e Eisner (2012), como o discurso sócio-histórico, ao emergir na materialidade discursiva dada pelo antropomorfismo, constitui Vladek Spiegelman em um sujeito discursivo. Analisaremos seis trechos correspondentes ao viés narrativo 1: FD genocídio; e seis ao viés narrativo 2: FD familiar. Para isso, partiremos das seguintes categorias: a relação de força, responsável por determinar o lugar de fala do sujeito; o pré-construído, as verdades construídas no discurso; a memória, que funciona como um jogo entre o passado e atualidade; e o tempo e o espaço, elementos essenciais dos quadrinhos. Em cada FD temática, existirá uma posição de sujeito e, consequentemente, formações ideológicas distintas capazes de proporcionar uma relação de força. Para a literatura teórica dos quadrinhos, o uso do antropomorfismo possui um significado que vai além do imaginário gato e rato como inimigos naturais. A construção do cenário, as alternâncias de tempo e a forma como as personagens são posicionadas corroboram o autoritarismo e demarcam as consequências da guerra na vida de Art e no relacionamento com o pai, Vladek. A construção do tempo é essencial para determinar o antropomorfismo em Vladek como um sujeito discursivo e ideológico, afinal, quando a personagem está no contexto da guerra, notamos que as ações e os acontecimentos se dão, justamente, por ser retratado como um rato, enquanto os momentos que atravessam o pós-guerra, as interpelações de sujeito presente em Vladek, são indiferentes em relação ao antropomorfismo, ou seja, são outros fatores que o determinarão como um sujeito discursivo.