Navegando por Palavras-chave "Qualitative Inquiry"
Agora exibindo 1 - 1 de 1
Resultados por página
Opções de Ordenação
- ItemAcesso aberto (Open Access)Pesquisa qualitativa no campo da saúde: a ilusão da unidade e a perspectiva de pesquisadoras do campo(Universidade Federal de São Paulo, 2022-11-25) Silva, Alexandro da [UNIFESP]; Silva, Carlos Roberto de Castro e [UNIFESP]; http://lattes.cnpq.br/0357820757162104; https://lattes.cnpq.br/8546302234838231; Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)O presente trabalho discute as mediações discursivas que historicamente vão configurar práticas, sentidos e significados ligados às formas de fazer ciência. Tomando como ponto de apoio a noção de pesquisa qualitativa, investiga as múltiplas ancoragens que posicionam esta noção de forma heterogênea na historiografia da ciência e em particular no interior da ciência moderna. Como método de investigação, utiliza-se o Materialismo Histórico Dialético de Marx e Engels, a partir do qual se desdobra a política de evidência que estabelece a versão do método e o movimento de análise que posteriormente vai amparar a constituição da metodologia. Nesta, como procedimentos de levantamento de informação, utilizamos tanto o cotejamento à literatura técnico científica, no aprofundamento da discussão sobre ciência, pesquisa qualitativa e pesquisa qualitativa no campo da saúde, quanto também utilizamos entrevistas com pesquisadoras que realizam pesquisa qualitativa no campo da saúde; como procedimento de análise das informações, utilizamos a disciplina da análise de discurso a partir da qual sínteses foram progressivamente sendo desenvolvidas até a formulação final, fazendo a conexão entre os elementos empíricos, o material previamente coligido por meio da literatura técnica e o reconhecimento das ancoragens dessas referências assim como sua flutuação. Como resultados, temos que a pesquisa qualitativa no campo da saúde, no contexto brasileiro traduzido pelos textos e entrevistadas, tem sua ancoragem no modelo hegemônico de ciência moderna. A partir deste modelo, outra referência fundante são as epistemologias do norte, em particular às formulações americanas e europeias desenvolvidas pelas ciências sociais, a partir das quais fundam uma contraposição às ciências da natureza cujo desdobramento se caracteriza teórico e metodologicamente como lógica oposicional. Enquanto tal, as afirmações que se constituem a partir desse movimento vão trabalhar teoricamente e metodologicamente de forma oposicional tanto seus objetos quanto as metodologias com as quais esses objetos serão cotejados. A criação dessa referência oposicional, sobretudo à lógica formal da ciência moderna, cria um ambiente intelectual no qual os cientistas têm dificuldades de reconhecer as armadilhas na qual se engendram ao não reconhecer os pontos de fuga desse tipo de debate. Na história da ciência, a qualidade e a forma não necessariamente são compreendidas em oposição à quantidade e ao conteúdo; mesmo nas ciências da natureza. Entretanto, os teóricos do movimento da pesquisa qualitativa, ao produzirem uma generalização ampla a partir de uma política de evidência específica da ciência moderna, criaram um contexto de discussão no qual se assume a oposição e a partir dela todo um desdobramento técnico-científico é legitimado no campo da ciência. Em particular, nas ciências da saúde, observamos que tanto as referências técnico-científicas quanto os discursos de pesquisadores reverberam essa condição, seja do ponto de vista de uma oposição em relação à natureza dos objetos seja em relação à oposição das técnicas em termos de uma suposta especificidade da pesquisa qualitativa. Nesse sentido, observamos que processos formativos são fundamentais à superação de dicotomias que impõem limites ao fazer científico. Compreensões ligadas à historiografia da ciência e cultura científica de forma geral podem contribuir sobremaneira à apropriação posicionada e reflexiva quanto a esses processos. Por fim, a permeabilidade com a Filosofia precisa ser revista no campo da ciência, sobretudo a partir da clivagem operada entre ambas a partir do estabelecimento da ciência moderna.