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- ItemEmbargoA carne infinita do mundo: o entre Clarice e Yoga(Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), 2020-10-06) Oyakawa, Karoline de Oliveira [UNIFESP]; Terra, Vinícius Demarchi Silva [UNIFESP]; http://lattes.cnpq.br/9363038565270698; http://lattes.cnpq.br/6667033016129459; Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)No livro A Paixão segundo G.H., de Clarice Lispector, a personagem G.H. ao dirigir-se ao quarto da empregada, chega ao seu deserto como o espírito transformado em camelo, cansada e impotente. Mas é no quarto vazio que ela se depara com uma barata e este encontro a fará sentir uma tremenda desestabilização dando início à dissolução de sua forma. É nesse momento de perder-se em que ela se encontrará e a vida antes negada passará a ser afirmada. Esse processo vivido pela personagem se assemelha a experiência de samādhi do yogin. Apesar de o livro tratar da narração póstuma de um acontecimento e suas reverberações na personagem, é possível traçar uma paralela ao caminho do yoga: G.H. e o yogin parecem compartilhar uma jornada em comum, a da libertação. Para ela será a liberação de uma vida humanizada demais, uma vida de excessivos contornos e decadente. Para o yogin trata-se de kaivalya, a liberação em vida. O yoga, que embora possa pregar certa renúncia à vida na busca pela liberação do espírito, é um tanto paradoxal e pode proporcionar também um modo mais afirmativo de se viver. G.H. e o yogin, ao permitirem a dissolução do Eu, renascerão com uma nova percepção de si e da realidade e prontos para trilharem seus próprios caminhos e inventarem suas verdades. A liberação para ambos, longe de significar o fim, a morte, dará início a uma vida.