Navegando por Palavras-chave "Inflamação subclinica"
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- ItemEmbargoAleitamento materno e metabolismo da glicose em mulheres no puerpério: avaliação da mediação via biomarcadores associados à resistência à insulina, inflamação ou disfunção endotelial(Universidade Federal de São Paulo, 2024-04-26) Oliveira, Julia Martins de [UNIFESP]; Pititto, Bianca de Almeida [UNIFESP]; Dualib, Patricia Medici [UNIFESP]; https://lattes.cnpq.br/8433932854107690; https://lattes.cnpq.br/0218255159601463Introdução: A incidência de diabetes mellitus gestacional (DMG) vem aumentando exponencialmente nos últimos anos. É bem conhecido que o DMG é um importante fator de risco e preditor para o desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2 (DM2) mais tardiamente na vida da mulher. Estudos populacionais têm verificado que o aleitamento materno (AM) é capaz de diminuir o risco futuro de DM2. Observa-se que tal benefício é proporcional ao tempo de AM e, por motivos ainda não bem compreendidos, persiste por vários anos depois de cessado o AM. A fisiopatologia deste fenômeno ainda é pouco compreendida. Alguns biomarcadores tem sido relacionados na literatura aos mecanismos de resistência à insulina (RI), inflamação subclínica e disfunção endotelial - prolactina, adiponectina, copeptina, E-selectina, lipopolissacarídeos (LPS), zonulina e aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA). Deste modo, questionamos se estes biomarcadores poderiam ser mediadores da associação entre AM e tolerância à glicose no período puerperal. Objetivo: Avaliar a associação do AM com os marcadores do metabolismo glicídico e de RI (glicemia jejum, glicemia de 2 horas, insulina de jejum, HOMA-IR, HOMA-Beta, índice TyG, razão Tg/HDL) e testar o papel mediador dos biomarcadores. Material e Métodos: 95 mulheres (45 com diagnóstico de diabetes mellitus gestacional) maiores que 18 anos e com IMC ≥ 25/kg/m2 que faziam seguimento nos ambulatórios de pré-natal da UNIFESP-EPM foram acompanhadas do primeiro/segundo ou terceiro trimestre de gestação até dois a seis meses após o parto, durante os anos de 2018 a 2020. As participantes responderam a questionários padronizados e foram submetidas a avaliação clínica ao longo da gestação e no período puerperal. No dia da avaliação puerperal (realizada entre dois e seis meses após o parto), foi realizada coleta de exames laboratoriais. Ao final do estudo as pacientes foram divididas em dois grupos de acordo com o status de AM no momento da visita pós-parto (grupo AM com n=44 e grupo não-AM com n=51). Os dados clínicos e laboratoriais foram comparados entre os grupos AM e não-AM usando o teste t de Student e Mann Whitney (variáveis contínuas de distribuição normal ou não, respectivamente) ou teste do qui-quadrado (variáveis categóricas) com o auxílio do programa Statistical Package for the Social Sciences®, versão 16.0 (SPSS Incorporation, 2000). Para identificação do conjunto mínimo de fatores de confusão para uso nos ajustes das análises multivariadas, usamos a metodologia do DAG (Direct Acyclic Graphics) pela plataforma DAGGITY®. Foram realizadas análises de regressão linear com ajuste multivariado e análise de mediação com auxílio do programa Statistics and Data Science®, versão 17.0 (STATA). O P foi considerado estatisticamente significativo se <0,05. Resultados: No Artigo 1 verificamos que os grupos AM (n=44) e não-AM (n=51) eram homogêneos em relação à prevalência de DMG, IMC pré-gestacional, ingesta calórica diária, atividade física e perda ponderal no pós-parto. O grupo AM tinha níveis significativamente maiores de prolactina em relação ao grupo não-AM [47.8(29.6-88.2) vs. 20.0(12.0-33.8) ng/dL, p<0.001]. Também encontramos níveis menores de média (DP) ou mediana (IIQ) de glicemia de jejum [89.0(8.0) vs. 93.9(12.6) mg/dL, p=0.04], triglicerídeos (TG) [92.2(37.9) vs. 122.4(64.4) mg/dL, p=0.01], relação TG/HDL [1.8(0.8) vs. 2.4(1.6), p=0.02], índice TyG [8.24(0.4) vs. 8.52/90.53), p=0.005], insulina de jejum [8.9(6.3-11.6) vs. 11.4(7.7-17.0)μU/mL, p=0.048] e HOMA-IR [2.0(1.3-2.7) vs. 2.6(1.6-3.9), p=0.025] no grupo AM. A análise de Regressão linear com ajustes para potenciais fatores confundidores identificados pelo DAG (paridade, escolaridade, IMC pré-gestacional, DMG, via de parto, ganho ponderal durante a gestação e peso ao nascer) evidenciou uma associação estatisticamente significativa entre o AM e a glicemia de jejum [-6,37 (-10.91 a -1.83), p=0.006), o HOMA-IR [-0.27 (-0.51 a -0.04), p=0.024), o índice TyG [-004 (-0.06 a -0.02), p=0.001) e a relação TG/HDL [-0.25 (-0.48 a -0.01), p=0.038). A análise de mediação evidenciou que a prolactina não mediou as associações independentes entre AM e marcadores de metabolismo glicídico e RI, evidenciadas nos resultados da regressão linear. No Artigo 2 analisamos os grupos AM (n=44) e não-AM (n=51), considerando os biomarcadores de inflamação subclínica e disfunção endotelial (adiponectina, copeptina, E-selectina, LPS, zonulina e BCAA) como potenciais mediadores na relação entre amamentação e metabolismo glicídico e RI. Neste trabalho, verificamos que apenas os níveis de LPS foram estatisticamente diferentes entre os grupos, sendo que níveis mais baixos foram vistos no grupo AM: [6.8 (4.2-10.6) vs. 9.2 (6.9-11.5) ng/mL, p=0.048]. Nas análises de regressão linear com ajustes para fatores de confundimento (paridade, escolaridade, IMC pré-gestacional, ganho ponderal na gestação, DMG e via de parto), novamente evidenciamos associação inversa com significância estatística entre AM e glicemia de jejum [-6,30 (-10.71 a -1.89), p=0.005), HOMA-IR [-0.28 (-0.50 a -0.05), p=0.017], índice TyG [-004(-0.06 a -0.01), p=0.001] e razão TG/HDL [-0.23 (-0.46 a -0.01), p=0.001]. Criamos uma variável latente com uso do programa estatístico STATA® e a denominamos “inflamação subclínica” (IS). Nessa metodologia, a variável não é diretamente aferida, mas é inferida a partir dos 6 biomarcadores (adiponectina, copeptina, E-selectina, LPS, zonulina e BCAA). O uso desta variável torna mais robusta a análise estatística no sentido de compreender se inflamação subclínica pode mediar a melhora nos marcadores de metabolismo glicídico e RI observada no grupo AM. A IS não mediou, pela análise estatística de mediação, a melhora observada nos marcadores de RI e metabolismo glicídico mostrada no grupo de AM. Conclusão: O AM foi associado a melhora nos marcadores de metabolismo glicídico e RI após ajustes para fatores de confundimento, mesmo com um curto prazo de dois a seis meses após o parto em mulheres com e sem DMG. A prolactina e os biomarcadores relacionados à inflamação subclínica e disfunção endotelial não foram mediadores da associação vista entre AM e melhora nos marcadores de metabolismo glicídico e RI.