Navegando por Palavras-chave "Alfa E Beta-Talassemia"
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- ItemAcesso aberto (Open Access)Bases moleculares e aspectos diagnósticos das Talassemias Alfa e Beta no Brasil(Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), 2019-09-26) Lavelle, Nathalya Cristina [UNIFESP]; Rizzatti, Edgar Gil [UNIFESP]; http://lattes.cnpq.br/8366167095374306; http://lattes.cnpq.br/2583181990583697; Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)Introdução: As talassemias são doenças caracterizadas por alterações no ritmo de síntese de uma ou mais cadeias de globinas, com consequente ausência ou redução do número de cadeias a serem formadas. A depender dos genes envolvidos, são denominadas alfa- ou beta-talassemias. Nas talassemias, o número de moléculas de hemoglobina por célula é limitado, causando a microcitose (diminuição do volume corpuscular médio (VCM) das hemácias). A microcitose é comum na prática clínica e suas principais causas são: anemia ferropriva, beta talassemia e anemia da doença crônica. Chamou-nos a atenção, na rotina do setor de Hematologia do Laboratório Central do Grupo Fleury, localizado na cidade de São Paulo, SP, o elevado número de casos com microcitose, concentração de Hb A2 e perfil de ferritina normais. Essa observação sugere que os métodos de triagem empregados no diagnóstico das alfatalassemias podem não estar refletindo sua real ocorrência. Adicionalmente, a grande quantidade de casos com elevação de Hb A2 e microcitose, sugerindo betatalassemia, foi digna de nota. No Brasil, alguns estudos envolvendo métodos moleculares para diagnóstico das talassemias foram realizados, entretanto, a maioria desses estudos limitou-se a regiões específicas do país. Objetivos: Investigar por métodos moleculares a ocorrência da alfa-talassemia em pacientes com microcitose sem causas óbvias; identificar a presença de mutações causadoras de betatalassemia nos pacientes com microcitose e elevação de Hb A2, e determinar a prevalência de ambas as condições em diferentes regiões do Brasil. Correlacionar os achados moleculares com o perfil hematológico da série vermelha e de hemoglobinas,das alfa- e beta-talassemias. Pacientes e Métodos: No período de 15 de fevereiro a 1 de junho de 2016, foram analisadas 4815 amostras do setor de Hematologia,provenientes dos estados: Bahia, Distrito Federal, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. Excluiu-se 314 amostras devido à idade dos pacientes ser inferior a 2 anos. Nas 4501 amostras restantes, aplicou-se os critérios de inclusão para quadros sugestivos de alfa- ou beta-talassemias, respectivamente: combinação de microcitose e dosagem de Hb A2 normal (2,0% a 3,5%) ou diminuída (<2,0%), e dosagem de ferritina normal; ou presença de microcitose e dosagem de Hb A2 aumentada (>3,5%). Foram elegíveis 500 amostras consecutivas, sendo 208 sugestivas de beta-talassemia, e 292 sugestivas de alfa-talassemia. As técnicas de Gap-PCR Multiplex e Amplificação de Múltiplas Sondas Dependente de Ligação (MLPA) foram utilizadas para os casos com suspeita de alfa-talassemia, e o sequenciamento de DNA pelo método de Sanger para os casos sugestivos de betatalassemia. Resultados: Identificaram-se 194 casos (93,3%) positivos para betatalassemia, com 15 tipos de mutações, sendo as mais frequentes: CD 39 em 42,3% dos casos; 19,2% de IVS-I-6, e 17,3% da mutação IVS-I-110. Dentre elas, houve diferença nos índices de VCM e dosagem de Hb A2 (p<0,001). A alfa-talassemia foi confirmada em 180 casos (61,6%) submetidos ao teste de Gap-PCR Multiplex; 112 casos (38,4%) foram negativos. Dentre os casos positivos, 126 indivíduos apresentaram deleções em heterozigose (-α3.7, -α 4.2, e -α3.7/-α4.2), e outros 54, deleção -α 3.7 em homozigose. Os pacientes homozigotos apresentaram maior índice de microcitose (p<0,001) quando comparados aos heterozigotos. As amostras de indivíduos com resultado negativo no Gap-PCR, foram submetidas ao teste de MLPA. Dos 112 casos avaliados, encontrou-se 9 positivos (--MED, --HS-40, ααα anti3.7). Dentre os Estados avaliados, o Paraná apresentou maior frequência de alfa-talassemia, e o Rio Grande do Sul de beta-talassemia. Conclusões: A grande quantidade de indivíduos diagnosticados com alfa-talassemia neste estudo (64,7%), indica que essa condição é subdiagnosticada no Brasil, e ressalta a importância da análise molecular para investigar as causas de microcitose nos casos em que as hipóteses mais comuns tenham sido excluídas. A deleção -α3.7 representou a maior causa de alfa-talassemia (94,7%), tendo sido identificada na Bahia, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. As diferenças no perfil hematológico e no perfil de hemoglobinas observadas nas mutações CD 39, IVS-I-6, IVS-I-110 causadoras de beta-talassemia, assim como nos casos de alfa-talassemia em heterozigose e homozigose, indicam que os genótipos influenciam o quadro clínico-laboratorial. Este estudo é pioneiro em investigar o perfil laboratorial e molecular das alfa- e betatalassemias nas diferentes regiões do Brasil.