Gênero, violência e saúde: representações sociais de adolescentes sobre masculinidade no contexto amazônico

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Data
2020-07-30
Autores
Chaves, Alessandra Carla Santos De Vasconcelos [UNIFESP]
Orientadores
Ohara, Conceicao Vieira Da Silva [UNIFESP]
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Objective: To analyze the social representations of adolescents from a public school in Belém - Pará about masculinity from the intersections between gender, violence and health. Methods: It is a qualitative investigation that uses Serge Moscovici's Social Representations as a theoretical and methodological framework, based on anchoring and objectification. Using as strategies for data collection: pedagogical workshops, participant observation and field diary. 244 adolescents between 10 and 19 years old participated in the study, 113 of whom were male and 131 were female, who were in the 6th year of Elementary School to the 3rd year of High School. For data analysis, the thematic content analysis technique was used according to Minayo and Bardin. Results: The exploration of the material emerged three thematic categories, namely: (1) Sexual division of labor; (2) Machismo: structure and reproduction; (3) Gender-based violence. In the speeches of (the) young people, domestic activities, seen as strictly feminine, gain less visibility when compared to the tasks performed by men outside the home. Machismo is perceived as a lasting structure that generates inequality and violence; however, without realizing it, they reproduce preconceived beliefs and behaviors. The violence is perceived as one of the defining phenomena of gender relations, historically constructed. Discussion: The representations of masculinity produced among young people present different ways of conceiving the male gender. While girls refer to male positions and attitudes, making men responsible for a significant part of their suffering and illnesses, boys, even though they believe in a process of changing male and patriarchal patterns, do not verbalize direct consequences of a sick masculinity in their daily lives. However, both incorporate and reproduce the logic of domination. Final considerations: Research has shown that if boys recognize and legitimize change in gender-related behavior, on the other hand, they reiterate the dominant role for men and passive and submissive behavior for women. Girls, on the other hand, blame the patriarchal model and machismo for their situation of vulnerability, insecurity and fear. This apparent contradiction can be explained in the light of the power relations between genders, perceived as invisible and fruits of biology itself, generating and perpetuating inequalities, violence and physical and mental illnesses in men and women. The understanding of masculinity, from the perspective of men themselves, allows us to understand that the contradictions in their speeches express the contradictions between them, and that the social representations presented by them contribute to the elaboration of public policies closer to their life experiences.
Objetivo: Analisar as representações sociais de adolescentes de uma escola pública em Belém – Pará sobre masculinidade a partir das intersecções entre gênero, violência e saúde. Métodos: Trata-se de uma investigação qualitativa tendo como referencial teórico-metodológico as Representações Sociais de Serge Moscovici, baseado na ancoragem e objetivação, utilizando como estratégias para coleta de dados: oficinas pedagógicas, observação participante e diário de campo. Participaram do estudo 244 adolescentes entre 10 e 19 anos, sendo 113 do sexo masculino e 131 do sexo feminino que cursavam do 6º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano de Ensino médio. Para análise dos dados utilizou-se a técnica de análise de conteúdo temática segundo Minayo e Bardin. Resultados: A exploração do material emergiu três categorias temáticas, a saber: (1) Divisão sexual do trabalho; (2) O machismo: estrutura e reprodução; (3) Violência de gênero. Nas falas dos(das) jovens as atividades domésticas, vistas como estritamente femininas, ganham menos visibilidade se comparadas às tarefas exercidas pelos homens fora do lar. O machismo é percebido como estrutura de longa duração que gera desigualdade e violência, todavia, sem se aperceberem, reproduzem crenças e comportamentos pré-concebidos. A violência é vista como um dos fenômenos definidores das relações de gênero, historicamente construídas. Discussão: As representações sobre masculinidade produzidas entre os(as) jovens apresentam formas distintas de conceber o gênero masculino. Enquanto elas referem os posicionamentos e atitudes masculinas, responsabilizando-os por parte expressiva de seus sofrimentos e adoecimentos, eles, ainda que acreditem num processo de mudança dos padrões machistas e patriarcais, não verbalizam consequências diretas de uma masculinidade adoecida em seu cotidiano. Todavia, ambos incorporam e reproduzem a lógica da dominação. Considerações finais: A pesquisa demonstrou que se de um lado os adolescentes reconhecem e legitimam a mudança nos comportamentos relacionados ao gênero, do outro, reiteram para o homem o papel dominante, e para as mulheres, o comportamento passivo e submisso. Ao passo que as jovens acreditam que o modelo patriarcal e o machismo, deixam-nas em situação de vulnerabilidade, insegurança e medo. Essa aparente contradição é reflexo das próprias relações de poder entre o gênero, percebidas como invisíveis e frutos da própria biologia, gerando e perpetuando as desigualdades, violências e adoecimento físico e mental em homens e mulheres. A compreensão da masculinidade, pela ótica dos próprios homens, permite entender que as contradições de suas falas expressam as contradições entre eles mesmos, e que as representações sociais apresentadas por eles contribuem para a elaboração de políticas públicas mais próximas de suas experiências de vida.
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