Vacinas contra a Leishmaniose tegumentar americana: revisão sistemática da literatura e metanálise
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Data
2020-09-24
Autores
Martins, Keilla Machado [UNIFESP]
Orientadores
Silva, Edina Mariko Koga Da [UNIFESP]
Tipo
Tese de doutorado
Título da Revista
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Resumo
Background: The management of American Cutaneous Leishmaniasis (ACL) has been hindered by the current treatments, related adverse effects, high cost for the patient and the health system, and rates of clinical cure that are less than ideal. The usage of vaccines for treatment of ACL had been reported as a promising treatment and technology for prevention of ACL, although its results are conflicting. We aimed to investigate the efficacy and safety of vaccines used for the prevention and treatment of ACL. Methods: We performed a systematic review with meta-analyses of randomized controlled clinical trials. We searched Embase, MEDLINE, and the Cochrane Library among other databases up to April, 2020. Two authors independently selected studies, extracted the data, and assessed the risk of bias of studies. Meta-analyses of random effects were employed to calculate the relative risk (RR) and 95% of confidence interval (CI) of incidence, cure and immunogenicity of ACL. Heterogeneity was estimated by I2 and investigated by subgroup analysis. Findings: Vaccine associated with pentavalent antimonial in low dosage for treating ACL performed similarly to placebo (RR=0.98; 95%CI: 0.92, 1.04; I2 = 0%, moderate certainty of evidence). Adverse events were significantly lower in vaccines than pentavalent antimonial (RR=0.10; 95%CI: 0.05 to 0.20; I2 = 0%, high certainty of evidence). Prophylaxis outcomes were not summarizable. Conclusion: Vaccine did not prevent ACL in population under risk; the cure rates regarding the vaccine group in patients with ACL were similar to the control group, with the advantage of significantly lower levels of adverse events.
Contexto: O manejo da Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) tem sido desafiador, resultado da interação de diversos fatores, como difícil acesso aos serviços de saúde pela população sob risco ou doente e custo elevado ao paciente e ao serviço de saúde. Além disso, as taxas de cura relacionadas aos tratamentos existentes têm sido menores do que ideais. Soma-se a isso a diversidade e a gravidade dos eventos adversos e toxicidade, levando à falta de adesão a esses tratamentos. A utilização de vacinas para tratamento da Leishmaniose Tegumentar Americana tem sido descrita em alguns estudos como uma promissora tecnologia e alternativa ao tratamento padrão e uma possível ferramenta na prevenção dessa doença. Objetivos: Investigar a eficácia e a segurança de vacinas utilizadas para a prevenção e tratamento (imunoterapia) de Leishmaniose Tegumentar Americana. Métodos: Revisão sistemática da literatura com metanálise de ensaios clínicos randomizados fase III. Estes ensaios relacionados à profilaxia incluíram participantes provenientes de regiões endêmicas, sem história pregressa ou atual dessa doença, e os ensaios que analisaram as vacinas como imunoterapia, incluíram pacientes com a doença ativa, com menos de um ano de evolução e sem comorbidades e outras infecções. As bases de dados MEDLINE, LILACS, Embase, Biblioteca Cochrane Central, dentre outras, foram utilizadas para recuperar os ensaios que atenderam aos critérios de inclusão deste estudo, além de busca manual de revistas, livros e resumos de conferências relacionados ao tema proposto. Não houve restrição ao idioma e à data de publicação das citações recuperadas. Dois autores, independentes, selecionaram os estudos, extraíram os dados e avaliaram os riscos de vieses dos ensaios clínicos encontrados. A metanálise de efeito randômico foi utilizada para calcular o risco relativo e 95% de intervalo de confiança dos desfechos imunogenicidade e incidência e cura da Leishmaniose. Heterogeneidade foi estimada pelo I2 e investigada por meio de análise de subgrupos. O software Review Manager 5.3 foi utilizado para os cálculos. Resultados: Para os desfechos incidência e imunogenicidade das vacinas contra a Leishmaniose Tegumentar Americana, devido à heterogeneidade clínica dos estudos incluídos, não foi possível desenvolver uma metanálise dos efeitos, portanto foram desenvolvidas análises dos estudos individuais. Quanto aos efeitos das vacinas em relação à imunoterapia, a performance das vacinas contra a Leishmaniose Tegumentar Americana, em associação à administração de bacilo Calmette-Guérin (BCG) foi similar ao tratamento com Glucantime em alta dosagem, resultado este proveniente da metanálise de dois ensaios clínicos randomizados, os quais analisaram vacinas desenvolvidas a partir de L. mexicana (RR=0,98; 95%IC [0,92 a 1,04]; I2=0%; N = 277; 2 ECRs; certeza da evidência moderada). Os eventos adversos relacionados às vacinas para tratamento da Leishmaniose Tegumentar Americana foram significativamente menor em relação ao tratamento com Glucantime em alta dosagem (RR = 0,10; 95%IC [0,05 a 0,20]; I2 = 0%; N = 277; 2 ECRs; certeza da evidência alta). Conclusão: Vacinas não preveniram leishmaniose tegumentar americana em população sob risco; os índices de cura da vacina contra a Leishmaniose Tegumentar Americana, em associação a BCG, foram similares aos do tratamento com antimonial pentavalente em alta dosagem (50 mg/kg), com a vantagem de reduzir significativamente o número de eventos adversos.
Contexto: O manejo da Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) tem sido desafiador, resultado da interação de diversos fatores, como difícil acesso aos serviços de saúde pela população sob risco ou doente e custo elevado ao paciente e ao serviço de saúde. Além disso, as taxas de cura relacionadas aos tratamentos existentes têm sido menores do que ideais. Soma-se a isso a diversidade e a gravidade dos eventos adversos e toxicidade, levando à falta de adesão a esses tratamentos. A utilização de vacinas para tratamento da Leishmaniose Tegumentar Americana tem sido descrita em alguns estudos como uma promissora tecnologia e alternativa ao tratamento padrão e uma possível ferramenta na prevenção dessa doença. Objetivos: Investigar a eficácia e a segurança de vacinas utilizadas para a prevenção e tratamento (imunoterapia) de Leishmaniose Tegumentar Americana. Métodos: Revisão sistemática da literatura com metanálise de ensaios clínicos randomizados fase III. Estes ensaios relacionados à profilaxia incluíram participantes provenientes de regiões endêmicas, sem história pregressa ou atual dessa doença, e os ensaios que analisaram as vacinas como imunoterapia, incluíram pacientes com a doença ativa, com menos de um ano de evolução e sem comorbidades e outras infecções. As bases de dados MEDLINE, LILACS, Embase, Biblioteca Cochrane Central, dentre outras, foram utilizadas para recuperar os ensaios que atenderam aos critérios de inclusão deste estudo, além de busca manual de revistas, livros e resumos de conferências relacionados ao tema proposto. Não houve restrição ao idioma e à data de publicação das citações recuperadas. Dois autores, independentes, selecionaram os estudos, extraíram os dados e avaliaram os riscos de vieses dos ensaios clínicos encontrados. A metanálise de efeito randômico foi utilizada para calcular o risco relativo e 95% de intervalo de confiança dos desfechos imunogenicidade e incidência e cura da Leishmaniose. Heterogeneidade foi estimada pelo I2 e investigada por meio de análise de subgrupos. O software Review Manager 5.3 foi utilizado para os cálculos. Resultados: Para os desfechos incidência e imunogenicidade das vacinas contra a Leishmaniose Tegumentar Americana, devido à heterogeneidade clínica dos estudos incluídos, não foi possível desenvolver uma metanálise dos efeitos, portanto foram desenvolvidas análises dos estudos individuais. Quanto aos efeitos das vacinas em relação à imunoterapia, a performance das vacinas contra a Leishmaniose Tegumentar Americana, em associação à administração de bacilo Calmette-Guérin (BCG) foi similar ao tratamento com Glucantime em alta dosagem, resultado este proveniente da metanálise de dois ensaios clínicos randomizados, os quais analisaram vacinas desenvolvidas a partir de L. mexicana (RR=0,98; 95%IC [0,92 a 1,04]; I2=0%; N = 277; 2 ECRs; certeza da evidência moderada). Os eventos adversos relacionados às vacinas para tratamento da Leishmaniose Tegumentar Americana foram significativamente menor em relação ao tratamento com Glucantime em alta dosagem (RR = 0,10; 95%IC [0,05 a 0,20]; I2 = 0%; N = 277; 2 ECRs; certeza da evidência alta). Conclusão: Vacinas não preveniram leishmaniose tegumentar americana em população sob risco; os índices de cura da vacina contra a Leishmaniose Tegumentar Americana, em associação a BCG, foram similares aos do tratamento com antimonial pentavalente em alta dosagem (50 mg/kg), com a vantagem de reduzir significativamente o número de eventos adversos.