Reportorio: uma base de dados dos processos da Inquisição de Goa

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Data
2012
Autores
Feitler, Bruno
Mendonça, Ana Paula
Souza, Juliete Anjos
Melo, Felipe
Orientadores
Tipo
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Resumo
O Reportorio geral de tres mil oito centos processos, que sam todos os despachados neste sancto Officio de Goa & mais partes da India, do anno de Mil & quinhentos & secenta & huum , que começou o dito sancto Officio atè o anno de Mil & seis centos & e vinte & tres, com a lista dos Inquisitores que tem sido nelle, & dos autos públicos da Fee, que se tem celebrado na dita Cidade de Goa foi redigido pelo deputado e promotor João Delgado Figueira, posteriormente o décimo quarto inquisidor do Oriente, e mais tarde ainda transferido para o tribunal de Évora. Figueira chegou em Goa em 1618, começando quase que de imediato a redigir o Reportorio. Pelo que consta, João Delgado teve muito trabalho com a organização do documento, pois os arquivos do tribunal de Goa estavam, naquela época, em total desordem, impossibilitando uma consulta aos documentos do “secreto” de forma prática. Era seu papel colocá-los em ordem. Este importante documento se encontra hoje em dia na Biblioteca Nacional de Lisboa, e abarca as seis primeiras décadas de funcionamento do tribunal, mais especificamente o período que vai, como mencionado no seu título, de 1561 a 1623, sendo composto por 651 fólios, a maior parte deles dedicado a elencar, em ordem alfabética e cronológica, as pessoas que passaram pelos cárceres do Santo Ofício goês, com informações sobre o lugar de origem e de residência, profissão, nome de pais e cônjuges, delitos e penas, dando assim uma imagem geral da ação inquisitorial naquele período. Muitos autores já fizeram uso do Reportorio, como Antônio Baião em seu livro A Inquisição de Goa, publicado ainda na década de 1930. Mais recentemente, ele foi também utilizado por Charles Amiel, por James C. Boyajian, por José Alberto Tavim, Ângela Barreto Xavier e Giuseppe Marcocci, em seus trabalhos sobre a Inquisição e a sociedade local. O documento serviu assim a diversas pesquisas, porém apenas como um repositório de exemplos de onde os citados autores colheram alguns dados isolados. Apenas Charles Amiel fez um estudo mais avançado do documento, fornecendo algumas porcentagens (44% dos réus foram julgados por gentilidade, 18% por islamismo e 9% por judaísmo), mas uma edição sistemática do documento, fornecendo dados mais detalhados sobre os delitos ou sobre os réus, nunca chegou a ser publicada[4]. Ou seja, documento em si nunca foi analisado de modo sistemático, apesar do consenso na historiografia sobre a sua importância. José Alberto Tavim, ao relembrar que Charles Amiel chama o documento de “fonte capital para a história religiosa da Índia portuguesa”, completa: “Mas não só. Através dele traça-se um dos capítulos maiores dessa história, ainda tão esquecida, do quotidiano dos portugueses na Índia, dos outros que se ‘converteram’, em parte, ao cristianismo, e se ‘portugalizaram’; e dos cambiantes cultos paralelos, sempre reprimidos, mas sempre imergentes ao longo dos fólios do velho códice, ou seja, na sequência dos séculos retidos em papel”. Este site fornece à comunidade acadêmica e ao público interessado a sistematização do Reportorio sob a forma de uma base de dados descarregável, assim como um introdução ao documento e a transcrição dos curtos textos que precedem o inventário de João Delgado Figueira.
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