Câncer e gravidez: uma análise qualitativa

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Data
2013-12-20
Autores
Capelozza, Maria de Lourdes da Silva Sastre [UNIFESP]
Orientadores
Mattar, Rosiane Mattar [UNIFESP]
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
O presente trabalho constitui pesquisa qualitativa sobre os aspectos envolvidos na associação câncer e gravidez. Este estudo teve como meta analisar o impacto emocional do câncer em gestantes, atendidas no ambulatório de neoplasias e gravidez da Universidade Federal de São Paulo- UNIFESP- SP, investigar a dinâmica emocional das pacientes com diagnóstico de câncer e gravidez; entender o motivo pelo qual uma pessoa, estando com câncer engravida ou mantém a gravidez; avaliar se a vivência da gravidez determina modificações na percepção de vida dessas mulheres; analisar a importância do atendimento psicológico a estas pacientes e investigar se há falha na orientação do planejamento familiar. Para isso foi realizada entrevista semi-estruturada em seis gestantes com neoplasias diversas, duas que engravidaram sabendo serem portadoras de câncer e quatro em quem o diagnóstico da doença foi estabelecido durante a gestação. Para melhor entendimento do que acontece em razão do câncer na gravidez aplicamos a entrevista em cinco pacientes com gestação saudável. O projeto foi realizado no Serviço de Pré-Natal da Escola Paulista de Medicina - Unifesp São Paulo. Pudemos observar nas gestantes com câncer, grande dificuldade em lidar com o diagnóstico, e forte sentimento de luto por estarem vivendo uma gestação totalmente diferente da idealizada por ela e familiares. O sentimento mais referido foi o de ambivalência, entre medo e alegria, vida do concepto e morte dela própria. O de engravidar confere certo sentimento de estar saudável e de poder à mulher portadora de câncer. Para as grávidas com diagnóstico do câncer durante a gravidez, a desestruturação tem maior impacto, pois têm que lidar com as duas coisas ao mesmo tempo: vida e morte, o que gera ambivalência maior, entretanto, após o impacto inicial, direcionam sua energia para a vida e cuidados com o filho. As pacientes apresentam medo da morte, e mudam sua forma de lidar com o tempo, com metas a curto prazo, para se manterem fortes para lutar contra a doença. Existe nítida preocupação em proteger os conceptos, tanto no período intrauterino quanto pós-natal, sendo que a interrupção de gestação só parece ser aceita em benefício de um ou mais filhos já existentes e não para melhorar a chance de sobrevida. O atendimento psicológico foi valorizado pelas gestantes com câncer, auxiliando-as a perceber e trabalhar as questões emocionais, relacionamento interpessoal e melhor aderência ao tratamento. Percebeu-se que as pacientes foram devidamente orientadas em relação aos métodos anticonceptivos e ao planejamento familiar, no entanto, demonstraram forte desejo de ser mãe e esta condição faz mudar radicalmente suas perspectivas de vida, com prioridade para a saúde e bem estar do filho. Desta forma acreditamos que não existiu falha na orientação de anticoncepção, porém o desejo inconsciente ou não, de engravidar, mesmo quando as condições de saúde não eram favoráveis, implicando no risco de ter sua vida encurtada, predominou nessas pacientes.
Descrição
Citação
CAPELOZZA, Maria de Lourdes da Silva Sastre. Câncer e gravidez: uma análise qualitativa. 2013. 221 f. Dissertação (Mestrado) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2013.