Efeito do exercício aeróbico sobre marcadores séricos do metabolismo mineral e ósseo de pacientes com doença renal crônica e excesso de peso na fase não dialítica

Nenhuma Miniatura disponível
Data
2016-11-30
Autores
Gomes, Tarcisio Santana [UNIFESP]
Orientadores
Cuppari, Lilian [UNIFESP]
Tipo
Dissertação de mestrado
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Resumo
Introduction: Chronic kidney disease (CKD) is currently considered a public health problem. Obesity, condition commonly observed in this population, has been identified as an independent risk factor for the development and progression of CKD. Studies show the prevalence of obesity is increasing in parallel with the growing incidence of CKD. Hormonal and metabolic changes due CKD, including hyperphosphatemia, hypocalcemia, increased secretion of parathyroid hormone (PTH) and fibroblast growth factor (FGF-23) and reduced renal synthesis of calcitriol (1,25 (OH)2D) are the main factors responsible for the development of mineral and bone disorder of CKD (CKD-MBD), which is a broad clinical syndrome that includes bone mineral calcification and cardiovascular disorders. The association of CKD and obesity may promote changes in bone, contributing for worsening the quality of life of these patients. Studies show that physical exercise improves several aspects of physical and functional capacity of patients with CKD. However, the impact of exercise on bone metabolism in these patients has been poorly investigated. Recently, serum markers of bone metabolism have been identified and used to detect the dynamics of bone metabolism in response to exercise. Objective: To investigate the effect of aerobic exercise training on bone metabolism markers in overweight patients with non-dialysis-dependent CKD (NDD-CKD). Methods: This is a prospective, longitudinal study with post hoc analysis. The study was randomized and controlled aimed to compare the effect of home-based aerobic exercise (walking) and performed in a specialized center on cardiorespiratory and functional parameters of patients with CKD and overweight. We studied 39 sedentary patients (69% male) who were on stage 3 or 4 of CKD, aged 55.5±8.3 years (mean ± SD), BMI 31.2±4,4 kg / m2 and estimated glomerular filtration rate (eGFR) of 26.9±11.7 mL / min / 1.73m2 who were randomly assigned to the aerobic exercise group (n = 24) or the control group (n = 15). Patients were tested for cardiorespiratory fitness, functional capacity and routine laboratory tests before and after 24 weeks of follow-up. Training program was conducted in accordance with the VO2peak patients. Traditional markers of bone and mineral metabolism such as PTH, calcium, phosphorus and total alkaline phosphatase, were analyzed. Carboxylated osteocalcin (GLA), undercarboxylated osteocalcin (GLU), sclerostin, tartrate-resistant acid phosphatase isoform 5b (TRAP 5b) from serum stored at -80 °C. were determined by enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA) according to the specifications of the suppliers. Results: At baseline there were no differences between the groups regarding demographic, clinical, physical and functional capacity, body composition and bone metabolism markers. At baseline, GLA and GLU were inversely correlated with eGFR. Both osteocalcin fragments were positively correlated with total alkaline phosphatase. An inverse correlation was found between GLA and sclerostin with body fat. In contrast, GLU was negatively correlated with markers of muscle mass. TRAP-5b and sclerostin were inversely correlated with 6-min walk test and time up and go test, respectively. The VO2peak, marker of cardiorespiratory capacity is not related to any of the bone metabolism markers analyzed. In both groups, eGFR, body weight and body composition parameters did not change during the study. After 24 weeks all physical capacity parameters increased in the exercise group (p < 0.001). Except for total alkaline phosphatase that increased after 24 weeks in the exercise group (p < 0.05), no other changes were observed in both groups in relation to the bone metabolism markers investigated. Conclusion: Our study showed that the proposed aerobic training did not promote relevant changes in the bone metabolism markers studied despite the improvement in physical capacity of patients.
Introdução: A Doença Renal Crônica (DRC) é atualmente considerada um problema de saúde pública. A obesidade, condição comumente observada nesta população, tem sido apontada como um fator de risco independente para o desenvolvimento e progressão da DRC. Estudos evidenciam que a prevalência da obesidade vem aumentando paralelamente ao crescimento da incidência de DRC. Alterações hormonais e metabólicas decorrentes da DRC, incluindo hiperfosfatemia, hipocalcemia, aumento da secreção de paratormônio (PTH) e do fator de crescimento de fibroblastos-23 (FGF-23) e diminuição da síntese renal de calcitriol (1,25 (OH)2 D) são os principais fatores responsáveis pelo surgimento do distúrbio mineral e ósseo da doença renal crônica (DMO-DRC), que é a mais ampla síndrome clínica que engloba desordens minerais ósseas e calcificação cardiovascular. A associação entre DRC e obesidade pode promover alterações no tecido ósseo, agravando a qualidade de vida desses pacientes. Estudos mostram que o exercício físico melhora vários aspectos da capacidade física e funcional de pacientes com DRC. No entanto, pouco se tem estudado sobre o impacto do exercício físico no metabolismo ósseo destes pacientes. Em condições de saúde e em algumas situações clínicas, marcadores séricos do metabolismo ósseo têm sido identificados e empregados para detectar a dinâmica do metabolismo ósseo em reposta ao exercício físico. Objetivos: Avaliar o efeito do treinamento físico aeróbico sobre marcadores do metabolismo ósseo de pacientes com DRC e excesso de peso na fase não dialítica. Métodos: Trata-se de um estudo prospectivo, longitudinal com análise post hoc. O estudo foi controlado e randomizado que teve como objetivo comparar o efeito do exercício aeróbico (caminhada) realizado à distância ou realizado em um centro especializado sobre os parâmetros cardiorrespiratórios e funcionais de pacientes com DRC e excesso de peso. No presente estudo foram incluídos 39 pacientes sedentários (69% do sexo masculino) que se encontravam nos estágios 3 ou 4 da DRC, com idade de 55,5±8,3 anos (média ± DP), IMC de 31,2±4,4 kg/m2 e taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) de 26,9±11,7 mL/min/1,73m2. Os pacientes foram randomicamente alocados no grupo exercício (n= 24) ou no grupo controle (n= 15), sendo que o grupo exercício foi formado por pacientes que fizeram exercícios no domicilio e no centro de treinamento (n= 24). Os pacientes foram submetidos a testes para avaliação da capacidade cardiorrespiratória, capacidade funcional e a exames laboratoriais de rotina, antes e após 24 semanas de seguimento. O programa de treinamento foi conduzido de acordo com o VO2pico dos pacientes. Além dos marcadores tradicionais do metabolismo mineral e ósseo como o PTH, cálcio, fósforo e fostatase alcalina total, foram analisados a osteocalcina carboxilada (GLA), osteocalcina descarboxilada (GLU), esclerostina, fosfatase ácida resistente ao tartarato isoforma 5b (TRAP-5b) a partir de soro armazenado à -80º C. As análises desses biomarcadores foram feitas por ensaio imunoenzimático (ELISA) de acordo com as especificações dos fornecedores. Resultados: No início do estudo não foram observadas diferenças entre os grupos quanto aos parâmetros demográficos, clínicos, de capacidade física e funcional, de composição corporal e dos biomarcadores do metabolismo ósseo. Na análise transversal inicial observou-se uma correlação inversa entre a GLA e a GLU a TFGe. A TRAP-5b e a esclerostina se correlacionaram inversamente o teste de caminhada de 6 minutos e com teste time up go, respectivamente. A GLA e a esclerostina apresentaram uma correlação inversa com a gordura corporal, enquanto GLU se correlacionou inversamente com marcadores de massa muscular. O VO2pico, marcador da capacidade cardiorrespiratória, não se correlacionou com nenhum dos marcadores do metabolismo ósseo analisados. Os pacientes do grupo exercício apresentaram melhora significante nos marcadores de capacidade física e funcional estudados sem modificação no grupo controle. Em ambos os grupos, a TFGe, o peso corporal e os parâmetros de composição corporal não se alteraram durante o estudo. Com exceção da fosfatase alcalina total que aumentou no grupo exercício físico, não foram observadas alterações nos biomarcadores do metabolismo ósseo investigados em ambos os grupos. Conclusão: Nosso estudo mostrou que o treinamento aeróbio proposto não promoveu alterações relevantes nos marcadores do metabolismo ósseo estudados, apesar da melhora na capacidade física dos pacientes.
Descrição
Citação
GOMES, Tarcisio Santana. Efeito do exercício aeróbico sobre marcadores séricos do metabolismo mineral e ósseo de pacientes com doença renal crônica e excesso de peso na fase não dialítica. 2016. 84 f. Dissertação (Mestrado em Nutrição) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2016.