Prevalência e características das mulheres com histórico de aborto - Vila Mariana, 2006

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Data
2009
Autores
Carneiro, Marta Camila Mendes de Oliveira [UNIFESP]
Orientadores
Silva, Rebeca de Souza e [UNIFESP]
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
Por ser uma prática criminosa, o aborto provocado acaba sendo realizado clandestinamente tornando-se um grave problema de Saúde Pública. O objetivo deste estudo foi o de estimar a prevalência de mulheres em idade fértil com histórico de aborto. O estudo é transversal, resultante de uma amostra aleatória de mulheres - 15 a 49 anos-, residentes no subdistrito da Vila Mariana, 2006. Os dados foram coletados mediante aplicação de questionários. Foi considerada como variável dependente a classificação da mulher quanto ao aborto: sem aborto, aborto espontâneo e aborto provocado; e independentes: idade, defasagem do número ideal de filhos, atividade remunerada, escolaridade, estado civil, uso de contraceptivos e opinião sobre o aborto provocado. Para as análises foram utilizados testes de qui-quadrado e modelos de regressão logística multinomial policotômica. Dentre o total de mulheres entrevistadas (n=1121), 84,4% (n=946) são de mulheres sem histórico de aborto; 11,2% (n=126) são de mulheres com histórico de aborto espontâneo e, 4,4% (n=49) são de mulheres com histórico de aborto provocado. A razão de chances de ter realizado aborto provocado sobre a sem aborto é 6,33 vezes maior (p≤0,001) entre as mulheres que aceitam esta prática; 4,58 vezes maior (p=0,002) entre as mulheres que possuem menos de 4 anos de estudo e ainda, as chances da mulher declarar um aborto provocado comparado às sem aborto é 7% maior a cada ano em que a mulher envelhece. Dentre as 1121 mulheres, 49,5% (n=555) declararam ter tido alguma gravidez. Para as que engravidaram a prevalência de mulheres com aborto espontâneo foi de 22,7% (n=126) e de aborto provocado 8,85 (n=49). A razão de chances de ter realizado aborto provocado sobre a sem aborto é 28,34 vezes maior (p≤0,001) entre as que não possuem nenhum filho nascido vivo; 6,42 vezes maior (p≤0,001) entre as que aceitam esta prática; 4,96 vezes maior (p=0,002) entre as que possuem menos de 4 anos de estudo; e as chances de declarar um aborto provocado comparado as sem aborto é 8% maior a cada ano a mais de vida. Por outra parte, este estudo revela ainda que entre o total de mulheres a razão de chances de ter tido aborto espontâneo sobre a sem aborto é 0,34 (p≤0,001) entre as mulheres que não possuem nenhum filho nascido vivo; e, as chances da mulher declarar um aborto espontâneo comparado às sem aborto é 4% maior a cada ano de idade da mulher. O comportamento reprodutivo das mulheres deste estudo é equiparável ao das residentes em países desenvolvidos. Ao ter acesso a métodos contraceptivos considerados eficazes o aborto provocado legalizado, não seria utilizado de forma irresponsável.
Induced abortions are illegal in Brazil, leading many women to seek out clandestine clinics and practitioners, resulting in a serious public health problem. The purpose of this study was to estimate the number of women in the general population of fertile age with a history of abortion. This is a retrospective transversal study, based on a random sample of women – 15 to 49 years old –, residing at the Vila Mariana neighborhood of São Paulo in 2006. Data was collected through questionnaires. As the dependent variable we used different abortion categories, reflecting different types of experiences with abortion, which included: no abortion, spontaneous abortion and induced abortion. As independent variables we used: age, the difference between number of children and ideal number of children, employment and marital status, level of education, use of contraceptives, and personal opinion about induced abortion. Analyses were carried out using chi-square tests and polytomous multinomial logistic regressions. Furthermore, 84,4% (n=946) had no history of abortion; 11,2% (n=126) indicated having had a spontaneous abortion; and 4.4% (n=49) indicated having had an induced abortion. We found that it is 6,33 times more likely (p≤0,001) to have had an induced abortion versus no abortion among women who are pro-choice; 4,58 times more likely (p=0,002) among women who have less than 4 years of formal education; and the chances of a woman admitting an induced abortion compared to no abortion are 7% higher for each additional year of age. We surveyed a total of 1121 women, among which 49.5% (n=555) indicated that they had been pregnant at least once. Among the latter, 22,7% (n=126) indicated having at least one spontaneous abortion and 8,85% (n=49) indicated having at least one induced abortion. Our results show that among women with no live birth pregnancies it is 28,34 times more likely that they have undergone induced abortion versus no abortion (p≤0,005); among those that are pro-choice it is 6,42 times more likely (p≤0,001); among those who have less than 4 years of formal education it is 4,96 times more likely (p=0,002); and the chances of admitting to an induced abortion versus no abortion increases by 8% higher for each additional year of age. Finally, this study reveals that women with no live births are 0,34 more likely (p≤0,001) to have had an spontaneous abortion versus no abortion; and the chances of a woman admitting spontaneous abortion compared to no abortion is 4% higher for each additional year of age. In conclusion, the reproductive behavior of women in this study is comparable to the behavior of women who live in developed countries. With broad access to effective contraceptive methods, legalized induced abortion would not be carried out irresponsibly.
Descrição
Citação
CARNEIRO, Marta Camila Mendes de Oliveira. Prevalência e características das mulheres com histórico de aborto - Vila Mariana, 2006. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2009.