Eventos adversos na infancia e uso de substancias ao longo da vida
Data
2012
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Introdução:Transtornos relacionados ao uso de substancias, afetam a sociedade e os individuos em todos os estagios da vida. Entender fatores preditores do uso problematico tais como eventos adversos na infancia e outros fatores associados e essencial para fundamentar intervencoes e determinar prioridades. Esta tese aborda a questao do uso de substancias ao longo da vida buscando determinar os fatores de risco especificos para cada grupo etario. Objetivos: Tres estudos foram realizados com o objetivo de estimar as prevalencias de uso de substancias psicotropicas em diversos estagios da vida bem como investigar como experiencias adversas na infancia estao relacionadas com este consumo. Estudo 1: Estima a prevalencia do uso de alcool, tabaco e substancias ilicitas em uma amostra representativa de adolescentes da populacao brasileira e investiga como caracteristicas socio-demograficas, o ambiente domestico e Saúde mental podem estar associadas com o abuso destas substancias neste periodo do desenvolvimento. Estudo 2: estima prevalencias de uso de substancias na vida adulta e de violencia na infancia, investigando tambem a associacao entre a exposicao a violencia nos estagios inicias da vida e a presenca de transtornos relacionados ao uso de substancias na vida adulta. Este estudo tambem testa a hipotese de que depressao media tal associacao. Estudo 3: Estima a prevalencia do uso de tabaco na terceira idade e os fatores associados com o uso regular do mesmo. Metodo: Estudo transversal baseado nos dados advindos do primeiro levantamento nacional de alcool e drogas que coletou informacoes sobre consumo de todas as substancias psicotropicas bem como seus principais fatores de risco como depressao, deficit de atencao com hiperatividade e exposicao precoce a violencia. Os 3 estudos utilizaram recortes diferentes da amostra original de 3007 participantes. Estudo 1: Sub-amostra de 761 adolescentes com idade entre 14 a 19 anos. Estudo 2: Sub-amostra de 1880 adultos com idade entre 20 e 60 anos; e Estudo 3: Sub-amostra de 401 idosos com 60 ou mais anos de idade. A taxa de resposta foi de 66,4%. Analises multivariadas utilizando diferentes modelos ponderados de regressao foram elaborados para calcular a razao de odds (odds ratios- OR) ajustados para potenciais confundidores nos 3 estudos. Resultados: Estudo 1: Mais da metade dos adolescentes entrevistados eram bebedores regulares e um a cada dez adolescentes eram abusadores e/ou dependentes de alcool. Adolescentes do sexo masculino e mais velhos vivendo em areas urbanas apresentam mais transtornos relacionados ao uso do alcool e ao tabagismo. O uso de substancias ilegais apresentou uma associacao inversa com a idade. Os adolescentes fumantes e usuarios de substancias ilicitas eram mais propensos a relatar violencia domestica enquanto aqueles que abusam de alcool ou apresentam dependencia foram mais propensos a apresentar depressao. Estudo 2: Testemunhar violencia durante a infancia ou adolescencia foi relatado por quase 20% dos participantes, enquanto mais de 8% relataram ter sido vitimas diretas de pelo menos uma forma de violencia. Houve uma associacao estatisticamente significante entre a exposicao precoce a violencia e ao abuso e/ou dependencia de alcool bem como com o uso de substancias ilegais na vida adulta. Houve uma relacao dose-resposta entre a gravidade da exposicao a violencia e abuso de substancias. Depressao parcialmente explica a associacao entre a exposicao precoce a violencia com dependencia de alcool e nao teve efeito mediador sobre a associacao com o uso de substancias ilegais. Estudo 3: 17.5% da populacao idosa sao fumantes, com 94.3% destes fumando diariamente e 34.3% usando mais de 20 cigarros por dia. Quase metade (42.6%) dos idosos sao ex-fumantes, dos quais somente 1% receberam suporte para parar de fumar. O genero masculino e abuso de alcool estao associados com uso de tabaco. Conclusoes: Combinados, os resultados fornecem uma visao abrangente sobre o consumo de substancias psicotropicas no pais em diferentes faixas-etarias. Os estudos 1 e 2 replicam e fortalecem investigacoes previas sobre o impacto de experiencias adversas na infancia. As altas prevalencias de abuso e dependencia de substancias encontradas no Brasil podem estar relacionadas aos indices igualmente altos de violencia na infancia. A depressao afeta a relacao das experiencias adversas na infancia com uso de alcool e substancias ilicitas na vida adulta de formas diferentes, mediando esta associacao apenas com os transtornos relacionados ao uso de alcool. Implementar estrategias de prevencao a violencia na infancia pode amenizar os problemas relacionados ao consumo de substancias a longo prazo e merecem prioridade nas agendas de Saúde publica
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Citação
São Paulo: [s.n.], 2012. 207 p.