Vivências e desafios de saúde nas comunidades quilombolas do Vale do Ribeira: narrativas de histórias de vida

Data
2018
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
The quilombo communities are constitutionally recognized and defined by self-identification criteria, based on their historical paths, linked to their territorial relationship and ancestral connection to the enslaved black population of Brazil. This research sought to understand the Ribeira valley quilombo communities’ perceptions of health through their inhabitants’ accounts of their lived experiences, using the perspective of oral life history. The area chosen for research, the Ribeira valley, has the largest concentration of quilombo communities in the state of São Paulo. There are around 30 of them, three of which were part of the field work. The research used the qualitative method, allowing space for the collaborators’ subjective processes. Five open interviews were conducted with the communities’ members. The interviews were recorded, transcribed, textualized and transcreated, aiming to preserve each narrative’s singularity. The analysis were made through the hermeneutic phenomenology framework, using the immersion/crystallization approach. Four categories of analysis were used: identitary process, territorialization and resistance, perceptions of health and healthcare assistance in quilombo communities. These categories highlighted the progress achieved by the communities after constitutional recognition, the support of both governmental and non-governmental organizations and the creation of local associations. However, they show that the struggle to access public policies is still an obstacle to safeguard the rights of this population. Healthcare is not articulated with local knowledge or acknowledgment of community needs, indicating a detachment between public administration and society.
As comunidades de remanescentes de quilombos são reconhecidas constitucionalmente e definidas por critérios de autoatribuição, baseados em suas trajetórias históricas, relacionadas as suas relações territoriais e à ligação ancestral com a população negra que foi escravizada no Brasil. Esta pesquisa buscou, através da perspectiva da história oral de vida, compreender as percepções sobre a saúde nas comunidades quilombolas do Vale do Ribeira a partir dos relatos de suas vivências. A região escolhida para a pesquisa, o Vale do Ribeira, é a que possui a maior concentração de comunidades quilombolas no estado de São Paulo, aproximadamente trinta comunidades, sendo que três destas fizeram parte da pesquisa de campo. A pesquisa utilizou a abordagem qualitativa, possibilitando espaço para os processos subjetivos dos colaboradores. Foram realizadas cinco entrevistas abertas com os moradores das comunidades. As entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas, textualizadas e transcriadas, buscando garantir a singularidade de cada narrativa. As análises deram-se através do referencial teórico da fenomenologia hermenêutica, na abordagem da imersão/cristalização. Foram construídas quatro categorias de análises, sendo: processos identitários, territorialização e resistência, comunidades quilombolas e percepções de saúde e atendimento de saúde nas comunidades quilombolas. Estas evidenciaram os avanços conquistados pelas comunidades após o reconhecimento constitucional, o apoio de órgãos governamentais e não governamentais e a formação das associações locais. Entretanto, apontaram que as dificuldades de acesso às políticas públicas ainda são um entrave para a garantia de direitos dessa população. O atendimento de saúde ainda se dá de maneira pontual, sem articulação com os saberes locais ou reconhecimento das necessidades comunitárias, demonstrando um distanciamento entre poder público e comunidades.
Descrição
Citação
SILVA, Leide Sousa. Vivências e desafios de saúde nas comunidades quilombolas do Vale do Ribeira: narrativas de histórias de vida. 2018. XX f. Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino em Ciências da Saúde) – Centro de Desenvolvimento do Ensino Superior em Saúde (CEDESS), Escola Paulista de Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2018.
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