Interconsulta dermatológica a receptores de transplante renal hospitalizados: um estudo observacional
Data
2017-02-24
Autores
Pereira, Amanda Regio 
Orientadores
Tomimori, Jane
Tipo
Dissertação de mestrado
Título da Revista
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Título de Volume
Resumo
Background: Considering the rise in number and survival of solid organ transplant recipients (SOTR), there is a growing need for outpatient and inpatient services specialized in the care of these individuals. Dermatological abnormalities are highly prevalent in the hospital setting and can represent cutaneous findings of potentially severe systemic diseases, especially among immunocompromised patients. Literature about inpatient dermatology is scarce and no research was found concerning dermatology consultations specifically for SOTR. Objective: To evaluate the performance of dermatology consultation for renal transplant recipients (RTR) hospitalized in a Brazilian tertiary referral hospital for kidney transplantation (Hospital do Rim e Hipertensão – HRH). Methods: This is a clinical, observational, retrospective and descriptive study. All dermatology consultations performed at HRH for RTR over 36 consecutive months were included. Data were gathered from an electronic database and patient charts. Results: A total of 180 dermatology consultations were requested, 176 of these for a RTR. Four patients which were not RTR were excluded from the analysis. Male (64.2%) and young (average ± standard-deviation: 46.9 ± 15.6 years) patients predominated. In most cases, the dermatological complaint had arisen before admission (71.6%) and had been present for 30 days or less (59.7%). Infectious dermatoses motivated more than half of the consultations (52.3%), followed by inflammatory skin conditions (14.2%), neoplasms (12.5%) and drug reactions (8.5%). Herpes simplex, dermatophytosis and prurigo were the commonest diagnoses. There were some differences between ours and other studies from general hospitals, such as: the larger proportion of infectious dermatoses and neoplasms; the lower proportion of inflammatory diseases; the higher percentage of patients submitted to skin biopsy (40.3%); the lower proportion of consultations that were managed with a single visit (43.8%) and the higher probability of a systemic treatment being recommended (45.5%). There was diagnostic agreement between the requesting team and dermatologists in only 38.1% of the cases. Dermatology assessment changed the admission diagnosis in 11.4% of the consultations. Most of the requests were motivated by disorders of secondary relevance considering the main clinical scenario. However, the dermatology consultation was classified as extremely relevant or important in 75% of the cases. It was possible to manage skin conditions that are relatively uncommon in different settings, what highlights the educational potential of the consultations in this setting. Conclusion: Hospitalized RTR have specific dermatological demands and peculiarities when compared to general inpatients. It was observed a higher proportion of cases that demanded skin biopsy, systemic treatment for the dermatological condition and more than one visit to conclude dermatological evaluation. These findings possibly suggest a higher level of complexity in this sample. Different clinical and epidemiological presentations were also detected, such as the larger proportion of infectious dermatoses and cutaneous malignancies. Most of the consultations were motivated by common dermatologic conditions, not related to the admission diagnosis. However, the specificities of the inpatients, as well as the low proportion of diagnostic agreement between requesting and consulting teams, justify the need for dermatology consultation in high complexity hospitals, such as HRH.
Introdução: Com o aumento do número e sobrevida de receptores de transplante de órgãos sólidos (RTOS), observa-se demanda crescente por serviços ambulatoriais e hospitalares especializados no acompanhamento destes pacientes. Alterações dermatológicas são muito prevalentes entre indivíduos hospitalizados e podem representar manifestações de doenças sistêmicas potencialmente graves, sobretudo em imunocomprometidos. A literatura abordando a atuação da Dermatologia no ambiente hospitalar é escassa e não foram encontrados trabalhos avaliando, especificamente, a interconsulta dermatológica entre RTOS. Objetivo: Analisar o atendimento da interconsulta dermatológica a receptores de transplante renal (RTR) hospitalizados em um serviço brasileiro terciário de referência em transplante renal (Hospital do Rim e Hipertensão – HRH). Métodos: Trata-se de estudo clínico, observacional, retrospectivo e descritivo. Foram incluídas todas as avaliações dermatológicas solicitadas para RTR internados no HRH durante 36 meses consecutivos. O levantamento foi realizado por meio da consulta a banco de dados e prontuários. Resultados: Foram realizadas, no período, 180 interconsultas, sendo 176 para RTR. Os quatro pacientes não-RTR foram excluídos das análises. Houve predomínio de pacientes jovens (média ± desvio-padrão: 46,9 ± 15,6 anos) e do gênero masculino (64,2%). Na maioria dos casos, a queixa havia surgido previamente à admissão (71,6%) e tinha duração de até 30 dias (59,7%). Dermatoses infecciosas representaram mais da metade dos casos (52,3%), seguidas pelas doenças inflamatórias (14,2%), neoplasias (12,5%) e reações adversas cutâneas a medicamentos (8,5%). Herpes simples, dermatofitose e prurigo foram os diagnósticos mais frequentes. Foram observadas algumas diferenças em relação a outras casuísticas, provenientes de hospitais gerais, como: maior proporção de dermatoses infecciosas e neoplásicas; menor proporção de dermatoses inflamatórias; maior porcentagem de pacientes para os quais foi indicada biópsia de pele (40,3%); menor proporção de avaliações nas quais uma única visita foi suficiente (43,8%) e maior proporção de casos em que foi necessário tratamento sistêmico para o quadro dermatológico (45,5%). Houve concordância diagnóstica entre a equipe solicitante e consultora em 38,1% dos casos. Em 11,4% das avaliações, a interconsulta dermatológica resultou em modificação do diagnóstico da internação. Apesar de a maioria das solicitações terem sido motivadas por afecções com importância secundária em relação ao quadro clínico principal, considerou-se, subjetivamente, que o atendimento tenha sido extremamente relevante ou importante em 75% dos casos. Foram observadas condições dermatológicas relativamente incomuns em outros contextos, o que reforça o potencial didático dos atendimentos realizados. Conclusão: RTR hospitalizados apresentaram demandas específicas do ponto de vista dermatológico, com diferenças em relação a amostras provenientes de hospitais gerais. Houve maior proporção de casos submetidos a biópsia de pele, com indicação de tratamento sistêmico e que necessitaram de reavaliações durante a internação, o que sugere maior grau de complexidade. Diferenças clínicas e epidemiológicas também foram observadas, como a maior proporção de dermatoses infecciosas e neoplásicas. Apesar da predominância de condições dermatológicas comuns e não relacionadas ao diagnóstico da internação, as especificidades da população hospitalizada, bem como a baixa proporção de concordância diagnóstica entre equipes solicitante e consultora, justificam a necessidade de acesso à interconsulta dermatológica em serviços hospitalares de elevada complexidade, como o HRH.
Introdução: Com o aumento do número e sobrevida de receptores de transplante de órgãos sólidos (RTOS), observa-se demanda crescente por serviços ambulatoriais e hospitalares especializados no acompanhamento destes pacientes. Alterações dermatológicas são muito prevalentes entre indivíduos hospitalizados e podem representar manifestações de doenças sistêmicas potencialmente graves, sobretudo em imunocomprometidos. A literatura abordando a atuação da Dermatologia no ambiente hospitalar é escassa e não foram encontrados trabalhos avaliando, especificamente, a interconsulta dermatológica entre RTOS. Objetivo: Analisar o atendimento da interconsulta dermatológica a receptores de transplante renal (RTR) hospitalizados em um serviço brasileiro terciário de referência em transplante renal (Hospital do Rim e Hipertensão – HRH). Métodos: Trata-se de estudo clínico, observacional, retrospectivo e descritivo. Foram incluídas todas as avaliações dermatológicas solicitadas para RTR internados no HRH durante 36 meses consecutivos. O levantamento foi realizado por meio da consulta a banco de dados e prontuários. Resultados: Foram realizadas, no período, 180 interconsultas, sendo 176 para RTR. Os quatro pacientes não-RTR foram excluídos das análises. Houve predomínio de pacientes jovens (média ± desvio-padrão: 46,9 ± 15,6 anos) e do gênero masculino (64,2%). Na maioria dos casos, a queixa havia surgido previamente à admissão (71,6%) e tinha duração de até 30 dias (59,7%). Dermatoses infecciosas representaram mais da metade dos casos (52,3%), seguidas pelas doenças inflamatórias (14,2%), neoplasias (12,5%) e reações adversas cutâneas a medicamentos (8,5%). Herpes simples, dermatofitose e prurigo foram os diagnósticos mais frequentes. Foram observadas algumas diferenças em relação a outras casuísticas, provenientes de hospitais gerais, como: maior proporção de dermatoses infecciosas e neoplásicas; menor proporção de dermatoses inflamatórias; maior porcentagem de pacientes para os quais foi indicada biópsia de pele (40,3%); menor proporção de avaliações nas quais uma única visita foi suficiente (43,8%) e maior proporção de casos em que foi necessário tratamento sistêmico para o quadro dermatológico (45,5%). Houve concordância diagnóstica entre a equipe solicitante e consultora em 38,1% dos casos. Em 11,4% das avaliações, a interconsulta dermatológica resultou em modificação do diagnóstico da internação. Apesar de a maioria das solicitações terem sido motivadas por afecções com importância secundária em relação ao quadro clínico principal, considerou-se, subjetivamente, que o atendimento tenha sido extremamente relevante ou importante em 75% dos casos. Foram observadas condições dermatológicas relativamente incomuns em outros contextos, o que reforça o potencial didático dos atendimentos realizados. Conclusão: RTR hospitalizados apresentaram demandas específicas do ponto de vista dermatológico, com diferenças em relação a amostras provenientes de hospitais gerais. Houve maior proporção de casos submetidos a biópsia de pele, com indicação de tratamento sistêmico e que necessitaram de reavaliações durante a internação, o que sugere maior grau de complexidade. Diferenças clínicas e epidemiológicas também foram observadas, como a maior proporção de dermatoses infecciosas e neoplásicas. Apesar da predominância de condições dermatológicas comuns e não relacionadas ao diagnóstico da internação, as especificidades da população hospitalizada, bem como a baixa proporção de concordância diagnóstica entre equipes solicitante e consultora, justificam a necessidade de acesso à interconsulta dermatológica em serviços hospitalares de elevada complexidade, como o HRH.