Atenção Básica e o cuidado de mulheres vitimadas por violências em território vulnerável: uma perspectiva de profissionais da saúde

Data
2021-10-22
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
A multiplicidade de formas com que a violência contra as mulheres se apresenta acaba por dificultar sua identificação e, portanto, ações de enfrentamento. Entretanto, ela pode ser caracterizada como uma violação aos direitos humanos em que as diferenças entre homens e mulheres, tornam-se desigualdades socialmente inscritas. No âmbito da saúde coletiva, sob um diálogo entre a psicologia sócio-histórica e a interseccionalidade, este trabalho pretende analisar como os sentidos e significados de ser mulher constroem as práticas de cuidado das profissionais de Saúde da Família nos atendimentos às vitimadas por violências contra as mulheres em um território em situação de vulnerabilidade social, localizado no Morro São Bento, Santos/SP. Foram realizadas entrevistas em profundidade com sete mulheres profissionais da saúde da Unidade em questão e os resultados foram analisados metodologicamente à luz da Hermenêutica de Profundidade (Thompson, 2011) com o auxílio do software Atlas TI, culminando em três zonas de sentido (Rey, 2011): 1) O gênero como principal marcador analisado em casos de violência; 2) Os desafios da atuação profissional: da identificação dos casos ao sofrimento das mulheres envolvidas; e 3) Estratégias de cuidado de si e das outras: do individual ao ético-político. Observa-se que a presença/ausência do Estado se articula de maneira a propiciar a violência no local através de um processo de inclusão/exclusão que se vê na limitação do acesso aos direitos básicos. No que tange o trabalho em saúde, a questão do gênero recebe destaque para compreensão dos casos, mas, comumente, são desconsiderados os atravessamentos de classe, raça e idade, desencadeando um cuidado desagregado à realidade local. Percebe-se também o desafio da detecção das violências morais, psicológicas ou financeiras em detrimento as violências físicas e sexuais. Além disso, o sentimento de impotência e medo aparecem como afetos que diminuem a potência de ação das profissionais, dificultando a construção de um cuidado integral e continuado. Por outro lado, surgem ações coletivas em saúde ético-políticas capazes de aumentar a potência comum. São elas: o uso da arte, atendimento multiprofissional, acolhimento, escuta qualificada, discussão de casos e articulação em rede. Por fim, conclui-se que a interseccionalidade surge como ferramenta interessante para a compreensão crítica e ajustada da realidade cotidiana das mulheres violentadas na região. No mesmo sentido, a Estratégia Saúde da Família permanece considerada como modelo fortalecedor do cuidado ético-político.
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Citação
CORRÊA, Milena Dias. Atenção Básica e o cuidado de mulheres vitimadas por violências em território vulnerável: uma perspectiva de profissionais da saúde. 2021. 97 f. Dissertação (Mestrado Interdisciplinar em Ciências da Saúde) - Instituto de Saúde e Sociedade, Universidade Federal de São Paulo, Santos, 2021.
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