Sobrecarga de ferro no pós transplante de células tronco hematopoéticas: uma análise da relação com a dislipidemia e doença do enxerto contra hospedeiro crônica

Data
2022-02-02
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Objetivos: avaliar a relação da ferritina e da saturação de transferrina com a dislipidemia e a Doença do enxerto contra hospedeiro crônica (DECHc); com enfoque em especial no impacto da Sobrecarga de Ferro (SF) na sobrevida global. Materiais e métodos: foram estudados retrospectivamente, 199 transplantes de células tronco hematopoéticas (TCTH) alogênicos com doador HLA- idêntico ou haplo idêntico, com idades entre 18-65 anos, que ocorreram no período compreendido entre os anos de 1996 a 2018 na Casa de Saúde Santa Marcelina e Hospital São Paulo. Resultados: Foi observado um pico da mediana de ferritina (>1000 microg/L) e de Saturação de transferrina (>50%) concentrados entre os 100 dias e 1 ano após transplante, com queda progressiva da mediana da ferritina (p<0,001) nos momentos após 3 anos pós TCTH, 5 anos pós TCTH, maior que 5 anos pós TCTH. A incidência de DECHc na amostra foi de 62%, sendo o fator predisponente o uso de células periféricas CD34+ com uma Odds ratio 5.401(p<0.001 e 95% CI= 2.568-11.360). Não foi constatada maiori ncidência de DECHc nos pacientes com hiperferritinemia pós transplante, porém foi observada maior gravidade do DECHc nestes indivíduos. Ainda foi mostrado, que o maior número de transfusões recebidas tem impacto na hiperferritinemia pré transplante, não havendo relação direta com a sobrecarga de ferro (SF) pós transplante, sendo este apenas o fator adicional predisponente para SF. Não houve impacto da dislipidemia na incidência de DECHc ou na maior prevalência de SF, porém foi constatado aumento do colesterol total e suas frações, além de aumento do triglicerídeos no 100 dias pós TCTH, o que acarreta maior risco cardíaco dos pacientes pós TCTH. Uma hipótese levantada após a análise de todos os resultados, é que há uma enxertia deficiente associada reconstituição imune disfuncional no individuo com SF, retroalimentada pelo estimulo as citocinas, perpetua o DECHc; foi então evidenciado que a quelação do Fe leva a diminuição da prevalência de formas graves de DECHc. Conclusão: A SF no pós TCTH tem nítida implicação na diminuição da sobrevida global pós TCTH, leva a atraso na enxertia neutrofílica e proporciona maior gravidade de DECHc, portanto é importante o screening precoce da SF nos candidatos ao Transplante e a monitorização constante dos níveis séricos da ferritina e da Saturação da Transferrina com o objetivo de prevenir essas complicações e diminuir a Mortalidade Relacionada ao Transplante.
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MANCILHA, E.M.B. Sobrecarga de ferro no pós transplante de células tronco hematopoéticas: uma análise da relação com a dislipidemia e doença do enxerto contra hospedeiro crônica. São Paulo, 2022. 140 f. Tese (Doutorado em Hematologia) - Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). São Paulo, 2022.
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