Colocando a prática de lembrar em prática: por aprendizagem móvel e em sala de aula
Data
2017-10-26
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Evidence-based education is advocated internationally. Two study techniques stand out to promote long lasting learning that are based on scientific data: a) retrieval practice, that is, trying to remember information which was previously encountered, also known as the testing effect; and b) distributed practice (spacing effect), or spacing study sessions rather than studying the content all at once, massively. However, in the international literature it is pointed out that students and teachers are generally unaware of these study techniques and tend to use ineffective strategies, showing that they are not used in educational settings. There are no data on demographic effects on the use of these techniques, nor how best to disclose them. It is also not known how best to apply these techniques in terms of the ideal spacing of repetition schemes to promote better learning, both in the classroom (classroom) and by mobile learning (m-learning) methods. Thus, in two experiments, our objectives were: a) to characterize the profile of study habits of Brazilian pre-college students and determine possible influences of gender and socioeconomic level; b) determine how best to disseminate these techniques, comparing the interest aroused by posts in social media in the form of texts, videos and the availability of a free application that employs these techniques; c) to analyze the improvement in the retention of information with repeated retrieval practices (2, 3 and 4 times) and with different spacing (1, 3 and 7 days) through mobile learning; and (d) to investigate the effects of retrieval practice in a naturalistic context (undergraduate subject with real content) in two moments (at the end of the classes in which the content was exposed or at the beginning of the next classes) and comparing retention of information to that elicited with instructor-led review with the same content in these two moments. We found that: a) pre-college students prefer inefficient study techniques as described internationally, regardless of their socioeconomic status, and that women use some techniques associated with less retention than men; b) the availability of free applications draw more interest than explanations and videos on the subject in social media and in person; c) that mobile learning involving recall and spacing practice improves learning to a greater extent after a single presentation of questions 1 and 3 days after the first presentation, and that this is maximized with 3 test presentations; d) in classrooms, a single test on each naturalistic content at the end of the class in which the content was taught leads to better retention (10%) than tests in the next class and instructor-led review at both placements. The data converge to the importance of encouraging students to use retrieval practice, which is possible through mobile learning, preferably 3 times, that a single attempt to remember information results in greater learning gain, especially when it occurs a short interval of days after the presentation of the content (both via application and in person).
A educação baseada em evidências é preconizada internacionalmente. Duas técnicas de estudo se destacam para promover uma aprendizagem de longaduração com comprovação científica: a) a prática de lembrar (retrieval practice), ou seja, tentar lembrar informações às quais se foi previamente exposto, também conhecida como efeito de testagem (testing effect); e b) a prática de distribuir, ou espaçar o estudo (distributed practice ou spacing effect) ao invés de estudar o conteúdo de uma só vez, em bloco ou maciçamente. Todavia, na literatura internacional aponta-se que alunos e professores geralmente desconhecem essas formas de estudar e tendem a utilizar estratégias ineficazes, mostrando que essas técnicas não são aplicadas no contexto educacional. Não existem dados a respeito de efeitos demográficos no uso dessas técnicas, tampouco como melhor divulgá-las. Não se conhece também qual a melhor forma de aplica-las em termos do melhor esquema de repetição espaçada para promover melhor aprendizagem, tanto de forma presencial (em sala de aula), como por meio da aprendizagem móvel (mlearning). Assim, nossos objetivos foram, em dois experimentos: a) caracterizar o perfil de hábitos de estudos de alunos pré-vestibulandos brasileiros e possíveis influências do sexo e nível socioeconômico; b) determinar a forma de melhor divulgar essas técnicas, comparando o interesse despertado por postagens em mídias sociais na forma de textos, vídeos e disponibilização de um aplicativo gratuito que emprega essas técnicas; c) analisar a melhora na retenção de informações com práticas de lembrar repetidas (2, 3 e 4 vezes) e com diferentes espaçamentos (1, 3 e 7 dias) por meio de aprendizagem móvel; e d) investigar os efeitos da prática de lembrar em um contexto naturalístico (disciplina de graduação com conteúdo real) em dois momentos (no final das aulas em que o conteúdo foi exposto ou no início das aulas seguintes) e comparar a retenção de informações a reensinar o mesmo conteúdo nesses dois momentos. Verificamos que: a) pré-vestibulandos preferem técnicas ineficientes de estudo como descrito internacionalmente, independentemente de seu nível socioeconômico e que mulheres usam algumas técnicas associadas a menor retenção que homens; b) a disponibilização de aplicativos gratuitos despertam muito mais interesse do que explicações e vídeos sobre o assunto em mídias sociais e presencialmente; c) que a aprendizagem móvel envolvendo prática de lembrar e espaçamento melhora mais a aprendizagem após uma única reapresentação de questões 1 e 3 dias após a primeira apresentação, mas que isso é maximizado com 3 apresentações de testes; d) em salas de aula, uma única testagem sobre cada conteúdo naturalístico ao final da aula em que o conteúdo foi exposto leva é melhor retenção (10%) que testagens na aula seguinte e reensino do conteúdo pelo professor. Os dados convergem para a importância de estimular os alunos a praticarem lembrar o conteúdo, que é possível fazê-lo via aprendizagem móvel, de preferencia de forma repetida 3 vezes, mas que uma única tentativas de lembrar resulta no maior ganho de aprendizagem, em especial quando ocorrem em curto intervalo de dias após a apresentação do conteúdo (tanto via aplicativo como presencialmente).
A educação baseada em evidências é preconizada internacionalmente. Duas técnicas de estudo se destacam para promover uma aprendizagem de longaduração com comprovação científica: a) a prática de lembrar (retrieval practice), ou seja, tentar lembrar informações às quais se foi previamente exposto, também conhecida como efeito de testagem (testing effect); e b) a prática de distribuir, ou espaçar o estudo (distributed practice ou spacing effect) ao invés de estudar o conteúdo de uma só vez, em bloco ou maciçamente. Todavia, na literatura internacional aponta-se que alunos e professores geralmente desconhecem essas formas de estudar e tendem a utilizar estratégias ineficazes, mostrando que essas técnicas não são aplicadas no contexto educacional. Não existem dados a respeito de efeitos demográficos no uso dessas técnicas, tampouco como melhor divulgá-las. Não se conhece também qual a melhor forma de aplica-las em termos do melhor esquema de repetição espaçada para promover melhor aprendizagem, tanto de forma presencial (em sala de aula), como por meio da aprendizagem móvel (mlearning). Assim, nossos objetivos foram, em dois experimentos: a) caracterizar o perfil de hábitos de estudos de alunos pré-vestibulandos brasileiros e possíveis influências do sexo e nível socioeconômico; b) determinar a forma de melhor divulgar essas técnicas, comparando o interesse despertado por postagens em mídias sociais na forma de textos, vídeos e disponibilização de um aplicativo gratuito que emprega essas técnicas; c) analisar a melhora na retenção de informações com práticas de lembrar repetidas (2, 3 e 4 vezes) e com diferentes espaçamentos (1, 3 e 7 dias) por meio de aprendizagem móvel; e d) investigar os efeitos da prática de lembrar em um contexto naturalístico (disciplina de graduação com conteúdo real) em dois momentos (no final das aulas em que o conteúdo foi exposto ou no início das aulas seguintes) e comparar a retenção de informações a reensinar o mesmo conteúdo nesses dois momentos. Verificamos que: a) pré-vestibulandos preferem técnicas ineficientes de estudo como descrito internacionalmente, independentemente de seu nível socioeconômico e que mulheres usam algumas técnicas associadas a menor retenção que homens; b) a disponibilização de aplicativos gratuitos despertam muito mais interesse do que explicações e vídeos sobre o assunto em mídias sociais e presencialmente; c) que a aprendizagem móvel envolvendo prática de lembrar e espaçamento melhora mais a aprendizagem após uma única reapresentação de questões 1 e 3 dias após a primeira apresentação, mas que isso é maximizado com 3 apresentações de testes; d) em salas de aula, uma única testagem sobre cada conteúdo naturalístico ao final da aula em que o conteúdo foi exposto leva é melhor retenção (10%) que testagens na aula seguinte e reensino do conteúdo pelo professor. Os dados convergem para a importância de estimular os alunos a praticarem lembrar o conteúdo, que é possível fazê-lo via aprendizagem móvel, de preferencia de forma repetida 3 vezes, mas que uma única tentativas de lembrar resulta no maior ganho de aprendizagem, em especial quando ocorrem em curto intervalo de dias após a apresentação do conteúdo (tanto via aplicativo como presencialmente).
Descrição
Citação
SOUZA, Roberta Ekuni de. Colocando a prática de lembrar em prática: por aprendizagem móvel e em sala de aula. Tese (Doutorado em Ciências) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2017.