Caracterização da comunicação de personagens não-bináries em séries de animação

Data
2024-11-07
Tipo
Trabalho de conclusão de curso
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Resumo
Introdução: A pesquisa investiga a representação da não-binariedade em personagens de desenhos animados, motivada pela crescente diversidade de gênero nas produções audiovisuais. O estudo analisa a dublagem brasileira de personagens não-binários em comparação com personagens cisgêneros, com os seguintes objetivos específicos: obter as frequências fundamentais das vozes, avaliar parâmetros perceptivo-auditivos e analisar a comunicação não verbal dos personagens. A hipótese é que as vozes não-binárias apresentariam maior variabilidade em relação às vozes cisgêneras. Revisão de literatura: Comumente a fonoaudiologia segue uma visão binária de gênero para classificar vozes, porém, mesmo dentro dessas padronizações, existem divergências. A análise perceptiva e a psicodinâmica vocal, trazem informações sobre como o ouvinte julga o gênero do falante, a partir de fatores como pitch, intensidade e articulação. Teóricas do gênero, como de Lauretis (1994), demonstram como o gênero é construído através de tecnologias sociais e biomédicas, incluindo a mídia. Os desenhos animados influenciam percepções generalizadas desde a infância, podendo incentivar perspectivas inclusivas. Isso mostra a importância de boas representações dos personagens que fogem da binaridade de gênero. Metodologia: Foram selecionados vinte e um personagens de animações americanas dos últimos 10 anos, dividindo-os em três grupos: não-bináries, mulheres cisgêneras e homens cisgêneros. A análise foi realizada em três esferas: frequência fundamental das vozes, análise perceptivo-auditiva e comunicação não verbal. A frequência foi medida com o software Voxmetria, enquanto a análise perceptivo-auditiva e da comunicação não verbal utilizou uma adaptação do Protocolo de Avaliação Fonoaudiológica da Comunicação (Kyrillos, 2004). Desse modo, identificou-se diferenças e semelhanças entre os grupos. Resultados e discussão: Foram obtidos como resultados de média de frequência fundamental para as mulheres cisgênero (222,33 Hz), média para os personagens não-binários (208,51Hz) e a média para os homens cisgênero (178,79 Hz). Esses resultados sugerem que a representação da não-binariedade, em termos da voz, pode ser voltada para androginia, dessa forma é colocada como um intermediário entre os polos homem/mulher. A avaliação do pitch na análise perceptivo auditiva reforça este resultado, a média, em uma escala de 0 a 10, foi identificada como mais aguda para mulheres cisgêneras (6,00), intermediária para não-bináries (5,50) e mais grave para os homens cisgêneros (4,86). Ainda na análise perceptivo auditiva, personagens não-bináries tiveram os menores índices de designação correta de seu gênero. Estes resultados demonstram a dificuldade em reconhecer uma voz como sendo pertencente a um indivíduo não-binário, o que é esperado, já que não existe uma norma para estas vozes e espera-se uma heterogeneidade na representação.
Introduction: The research investigates the representation of non-binariness in cartoon characters, motivated by the growing gender diversity in audiovisual productions. The study analyzes the Brazilian dubbing of non-binary characters compared to cisgender characters, with the following specific objectives: to obtain the fundamental frequencies of the voices, to evaluate perceptual-auditory parameters, and to analyze the non-verbal communication of the characters. The hypothesis is that non-binary voices would exhibit greater variability compared to cisgender voices. Literature Review: Speech studies commonly follow a binary view of gender to classify voices; however, even within these standards, there are divergences. Perceptual analysis and vocal psychodynamics provide insights into how listeners judge the speaker's gender based on factors such as pitch, intensity, and articulation. Gender theorists, such as de Lauretis (1994), demonstrate how gender is constructed through social and biomedical technologies, including media. Cartoons influence generalized perceptions from childhood, potentially encouraging inclusive perspectives. This highlights the importance of good representations of characters that deviate from gender binarism. Methodology: Twenty-one characters from American animations over the last 10 years were selected and divided into three groups: non-binary, cisgender women, and cisgender men. The analysis was conducted in three areas: fundamental frequency of the voices, perceptual-auditory analysis, and non-verbal communication. Frequency was measured using Voxmetria software, while perceptual-auditory analysis and non-verbal communication assessment utilized na adaptation of the Communication Speech-Language Assessment Protocol (Kyrillos, 2004). This approach identified differences and similarities among the groups. Results and Discussion: The average fundamental frequency results were obtained as follows: for cisgender women (222.33 Hz), for non-binary characters (208.51 Hz), and for cisgender men (178.79 Hz). These results suggest that the representation of non-binariness in terms of voice may lean towards androgyny, positioning it as na intermediary between the male/female poles. The pitch evaluation in perceptual-auditory analysis reinforces this finding; on a scale from 0 to 10, the average was identified as higher for cisgender women (6.00), intermediate for non-binary characters (5.50), and lower for cisgender men (4.86). Additionally, in perceptual-auditory analysis, non-binary characters had the lowest rates of correct gender designation. These results demonstrate the difficulty in recognizing a voice as belonging to a non-binary individual, which is expected given that there is no established norm for these voices and heterogeneity in representation is anticipated.
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Citação
RIBEIRO, Ciano Clarice Scheibe. Caracterização da comunicação de personagens não-bináries em séries de animação. 2024. 42 f. Trabalho de conclusão de curso de graduação (Graduação em Fonoaudiologia) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2024.
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