Validação da escala caos no ambiente familiar e o uso experimental de alcool na adolescência

Data
2024-11-12
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Objetivo: Esta tese teve como objetivo explorar o uso experimental de álcool no final da infância e início da adolescência, além de apresentar evidências de validade do construto "caos no ambiente familiar" em amostras por conveniência de adolescentes da cidade de São Paulo. Método: Para alcançar esse objetivo, foram desenvolvidos três artigos. O primeiro focou na adaptação e tradução da Escala de Confusão, Alvoroço e Ordem no Sistema Familiar (CAOS) para o português do Brasil. O processo incluiu tradução, retrotradução e avaliação por cinco juízes, seguido de uma Análise Fatorial Exploratória (AFE) com 180 adultos e uma Análise Fatorial Confirmatória (AFC) com 239 adolescentes. A validade convergente foi avaliada por meio de Modelagem de Equações Estruturais. O segundo artigo, em fomato de revisão, analisou 523 estudos sobre a iniciação ao consumo de álcool disponíveis na base de dados PubMed, nos últimos seis anos. Destes, 59 artigos foram selecionados para avaliar as perguntas relativas ao consumo de álcool em crianças e adolescentes. O terceiro artigo foi uma pesquisa transversal com 238 adolescentes brasileiros, de 9 a 16 anos, que analisou os padrões de consumo inicial de álcool por meio de Análise de Classes Latentes (LCA) e regressão logística multinomial, explorando variáveis preditoras, como a influência dos pares, o consumo em casa e as pontuações no AUDIT-C. Resultados: A versão brasileira da escala CAOS demonstrou validade de conteúdo e uma estrutura unifatorial, mas com alguns ajustes necessários. A validade interna foi confirmada, e o caos familiar foi associado a sintomas externalizantes e ao estresse percebido por adolescentes, evidenciando a adequação da escala para uso no Brasil. O segundo artigo revelou grande variabilidade nas definições de iniciação ao consumo de álcool, variando de pequenos goles a bebidas completas. Apenas 17 dos 59 estudos consideraram o contexto do uso, e as definições foram classificadas como heterogêneas e insuficientes, apontando para a falta de padronização. No terceiro artigo, três classes de padrões de consumo de álcool foram identificadas: "Abstêmio" (41,03%), "PDFD" (16,99%) e "PDS" (41,97%). A influência dos pares e a presença de um bebedor em casa foram fatores determinantes para a diferenciação dos padrões, sendo a classe "PDS" representativa de um padrão de transição. Conclusões: A adaptação da Escala de Caos para o português brasileiro foi inovadora, e a análise fatorial exploratória indicou sua unidimensionalidade, com validação em três níveis: conteúdo, estrutura interna e relação com medidas externas. O estudo sobre iniciação ao consumo de álcool revelou grande variabilidade nas definições, indicando a necessidade de padronização para permitir a comparabilidade entre estudos. A análise dos padrões de consumo inicial de álcool destacou a importância das influências sociais e familiares, identificando categorias transicionais que podem orientar futuras intervenções. Recomenda-se investigar a relação entre caos familiar e padrões de iniciação ao álcool, além de testar intervenções preventivas focadas na educação parental, como as que já estão sendo implementadas em outros países e no Brasil.
Descrição
Citação
ESPÍNDOLA, Marília Ignácio de. Validação da escala caos no ambiente familiar e o uso experimental de alcool na adolescência. 2024. 120 f. Tese (Doutorado em Psicobiologia) - Escola Paulista de medicina, Univesidade Federal de São Paulo (UNIFESP). São Paulo, 2024.
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