Avaliação da ocorrência e pesquisa das características de virulência e diversidade genética de escherichia coli produtora de toxina shiga em couro e carcaças bovinas

Data
2013-05-29
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
In this work, the presence of Shiga toxin-producing Escherichia coli (STEC) - O157 and non-O157 - was investigated in hide and carcasses samples of 400 cattle from different Brazilian states. The sample collection was performed in a large abattoir located in the state of São Paulo, over approximately two years. The STEC strains were isolated and characterized for their virulence and phylogenetic profiles. Using enrichment broth samples in the initial screening, we detected the presence of stx in 46% of animals (185/400); including 44% (175/400) found in the hide samples, and 2.5% (10/400) in animal carcasses. stx was identified in the hide as well in the corresponded carcass. A total of 138 STEC strains were isolated from 91 different animals, accounting for 49% (91/185) of positive samples for stx. 81 STEC strains belonging to serotype O157:H7 were recovered from 72 animals (hide = 66; carcass= 2; hide plus carcass= 4). 57 non-O157 STEC strains were recovered from 22 animals (hide= 19; hide plus carcass= 3). It was possible to isolate strains from hide and carcass in seven animals, whereas O157 and non-O157 strains were recovered in four and in three animals, respectively. The stx2 genotype was detected the most among strains O157 and non-O157, followed by stx1, stx2 and only stx1, respectively. All O157 strains were positive for gamma intimin, ehxA and iha; 96% harboring stx2dact, where 41% were also positive for 2vha. Among the non-O157 strains, 98% were positive for stx2dact by PCR, including 16% that were also positive for 2vhb and 12% that were positive for 2vha; 86% harbored ehxA and 84% were positive for iha. When the susceptibility of strains to antimicrobial drugs was evaluated, none of the strains showed resistance. PFGE analysis revealed diversity among STEC samples O157 strains, and several subgroups were characterized as closely related (more than 80% similarity). These subgroups are comprised of strains isolated from different animals which originate from different Brazilian states, indicating the presence of some clones among strains. Our results showed that the occurrence of O157:H7 on Brazilian beef cattle is significantly higher than previously described in the literature. These data are unprecedented in Brazil and this is the first comprehensive study of beef carcass contaminated with O157: H7. Moreover, the isolation of O157: H7 and other STEC serotypes described in this study can be considered a health risk to beef consumers, making good manufacturing practices and care with hygiene necessary when working with this type of food.
Neste trabalho, a presença de Escherichia coli produtora de toxina Shiga (STEC) – O157 e não-O157 – foi pesquisada em amostras de couro e carcaça de 400 bovinos provenientes de diferentes estados brasileiros. A coleta das amostras foi realizada em um frigorífico de grande porte situado no interior do estado de São Paulo, ao longo de aproximadamente dois anos. As cepas STEC isoladas foram caracterizadas quanto aos seus perfis de virulência e filogenéticos. O screening inicial realizado no caldo de enriquecimento das amostras detectou a presença de stx em 46% (185/400) dos animais amostrados, sendo 44% (175/400) do couro e, em 2,5% (10/400) dos animais stx foi identificado tanto no couro como na respectiva carcaça. Um total de 138 cepas de STEC foi isolado de 91 animais diferentes, correspondendo a 49% (91/185) das amostras positivas para stx. Oitenta e uma cepas de STEC pertenciam ao sorotipo O157:H7 e foram recuperadas de 72 animais (couro = 66, carcaça = 2, couro + carcaça = 4). Cinquenta e sete cepas de STEC nãoO157 foram recuperadas de 22 animais (couro = 19, couro mais carcaça = 3 animais). Em sete animais, foi possível isolar cepas do couro e respectiva carcaça, sendo que em quatro deles foram recuperadas cepas O157 e em três animais cepas não-O157. O genótipo stx2 foi mais identificado entre as cepas O157 e não-O157, seguido por stx1 e stx2 e apenas stx1, respectivamente. Todas as cepas O157 foram positivas para intimina gama, ehxA e iha; e, 96% carreavam stx2dativável, sendo 41% positivas também para 2vha. Dentre as cepas não-O157, 98% foram positivas na PCR para stx2dativável, sendo 16% positivas também para 2vhb e 12% positivas para 2vha; 86% albergavam ehxA e 84% foram positivas para iha. Quando avaliada a susceptibilidade das cepas às drogas antimicrobianas, nenhuma cepa apresentou resistência. A análise de PFGE revelou uma diversidade entre as amostras STEC isoladas. Contudo, uma relação significativa de similaridade foi identificada entre cepas O157, sendo que vários subgrupos foram caracterizados como estreitamente relacionados (similaridade maior que 80%), estes compostos por cepas isoladas de animais diferentes, e originários de estados diferentes, indicando a presença de alguns clones entre as cepas. Posto isso, podemos concluir que a ocorrência de O157:H7 no gado de corte brasileiro é significativamente maior do que se tinha descrito na literatura até então. Esses dados são inéditos no Brasil, constituindo-se no primeiro relato abrangente de carcaça bovina contaminada com O157:H7. Ademais, o isolamento de O157:H7, e outros sorotipos de STEC, descritos nesse trabalho pode ser considerado um risco à saúde dos consumidores de carne bovina, e um ponto crítico na cadeia de produção, fazendo necessárias as boas práticas de produção e um cuidado com a higiene desse tipo de alimento.
Descrição
Citação
LASCOWSKI, Kathelin Melo e Silva. Avaliação da ocorrência e pesquisa das características de virulência e diversidade genética de escherichia coli produtora de toxina shiga em couro e carcaças bovinas. 2013. 154 f. Tese (Doutorado) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2013.