Estudos farmacológicos da administração oral da crotamina, uma toxina isolada da peçonha da cascavel crotalus durissus terrificus

Data
2015-12-31
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
A crotamina é um pequeno polipeptídeo originalmente isolado da peçonha da serpente cascavel sul-americana Crotalus durissus terrificus. Em baixas concentrações, a crotamina é inócua para células não-tumorais, e o tratamento por 21 dias com a crotamina administrada por via intraperitoneal (1 µg de crotamina/animal/dia) é capaz de reduzir o crescimento de tumores e aumentar a sobrevida de animais com tumor implantados por via subcutânea. O presente trabalho propõe avaliar a viabilidade de uso da crotamina nativa como agente antitumoral por via oral, empregando um modelo animal de tumor injetado por via subcutânea. Foi observada significativa remissão do crescimento tumoral após tratamento diário por via oral, por até 21 dias, e sem aparente efeito tóxico ou de lesão tecidual em órgãos como o fígado e rins, descritos como sendo os tecidos de maior acúmulo para este peptídeo. Além disto, observou-se redução na glicemia nos primeiros dias de tratamento com a crotamina, mas que não foi observado ao fim do tratamento. Este tratamento não influenciou o ganho de peso e nem o consumo de ração, nem mesmo quando os animais foram mantidos com dieta hiperlipídica ou hipolipídica. A análise do perfil lipídico, que também reflete o adequado funcionamento hepático, demonstrou a alteração de lipoproteínas circulantes nos animais tratados com a crotamina, com redução na taxa de colesterol total, elevação do HDL, e a redução de triglicérides e do LDL. Estes resultados sugerem que esta toxina atua de forma benéfica em alguns fatores envolvidos na síndrome metabólica. Embora não se observe diferença significativa nos lipídios totais dos animais tratados com a crotamina (10 ?g/animal/dia), a análise global da lipidômica e metabolômica dos animais tratados demonstrou que há diferenças tanto para o tipo como para a quantidade de alguns componentes lipídicos quando comparado ao controle não tratado, e que ainda precisam se devidamente caracterizados e identificados. Portanto, os resultados aqui apresentados confirmam a viabilidade de uso da crotamina por via oral como antitumoral, além de sugerir outros usos terapêuticos ainda não explorados para a crotamina, como o efeito sobre o metabolismo animal e a possível atividade anti-inflamatória, que serão melhor estudados e explorados pelo grupo num futuro próximo.
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CAMPEIRO, Joana Darc. Estudos farmacológicos da administração oral da crotamina, uma toxina isolada da peçonha da cascavel crotalus durissus terrificus. 2015. Dissertação (Mestrado) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2015.