Graduação em saúde e a formação para o trabalho em equipe

Data
2014-12-17
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
Introdução: estudiosos da reforma sanitária brasileira apontam limites na organização da formação dos profissionais de saúde como um dos maiores desafios do SUS. Observa-se disparidade entre as demandas de atenção em saúde e a formação dos futuros profissionais, os quais vivenciam um percurso educacional fragmentado e insuficiente para a atuação. Uma das estratégias utilizadas para concretizar mudanças neste cenário é a organização da formação na perspectiva interprofissional objetivando viabilizar e fortalecer o trabalho em equipe. O espaço de formação, neste caso, extrapola o aprendizado de técnicas, possibilitando uma postura de abertura para diferentes olhares, saberes e para o desenvolvimento de habilidades que viabilizem o trabalho conjunto. Objetivos: analisar as concepções de estudantes e professores da área da saúde dos cursos do Campus Baixada Santista/UNIFESP e inseridos em estágios curriculares interprofissionais, sobre a formação para o trabalho em equipe; caracterizar as formas de organização dos estágios curriculares interprofissionais que abrangem estudantes de dois ou mais cursos; dimensionar as potencialidades e limites da formação para o trabalho em equipe no âmbito de um currículo interprofissional; discutir suas contribuições para a prática de trabalho em equipe na saúde. MÉTODO: pesquisa de abordagem qualitativa. A produção de dados foi feita a partir de grupos de discussão com 18 estagiários e entrevista semiestruturada com 9 docentes. Os grupos e entrevistas foram gravados em áudio e transcritos na íntegra e a análise partiu da técnica de análise de conteúdo, do tipo temática. Resultados E DISCUSSÃO: o percurso de formação passa por um processo de desconstrução e reconstrução de saberes que se constitui no contato com a prática. O trabalho interprofissional é uma temática recorrente na formação acadêmica e auxilia no desenvolvimento de habilidades atitudinais, respeito com as demais áreas, atuação baseada na integralidade e motiva os estudantes a buscarem este modelo de atuação. Os participantes destacam como limites: as diferenças entre o percurso de formação nos anos iniciais dos cursos e a atuação no momento do estágio curricular; a dinâmica dos Eixos e Módulos, bem como as resistências de alguns docentes ao trabalho em equipe interprofissional e interdisciplinar. A formação de profissionais aptos para o trabalho em equipe mostra-se como um desafio para os docentes, que também destacam dificuldades operacionais em construir uma proposta integrada no âmbito dos estágios. Observou-se que a atuação em equipes é organizada de forma diferente em cada um dos estágios participantes, construções estas que consideram o cenário, os participantes, suas demandas e a viabilidade das ações. Os grupos participantes da pesquisa estão inseridos em serviços de Saúde Mental ou de Atenção Primária, e o trabalho interprofissional é compreendido pelos estagiários inseridos na atenção primária como atuação generalizada no atendimento em saúde. A atuação nos estágios é potente e pode possibilitar a aprendizagem para o trabalho em equipe e o diálogo de saberes que se complementam. Os limites relacionados à aprendizagem para o trabalho em equipe no âmbito dos estágios são limites institucionais (desenho dos estágios, limitações relacionadas à condição de estagiário, falta de tempo) e limites da prática (dificuldades nas definições das fronteiras profissionais, preconceito com as demais áreas do saber, limitações de gestão e organização da assistência em saúde, articulação com a rede de atendimento; dificuldades em criar estratégias de atuação conjuntas). Além disso, os participantes elencaram sugestões para a melhor adequação das práticas ao Projeto Político Pedagógico e trazem questionamentos sobre futuro, perspectivas de inserção no mercado de trabalho e possibilidades de atuação.
Descrição
Citação
SOUSA, Suane Ribeiro de. Graduação em saúde e a formação para o trabalho em equipe. 2014. 21 f. Dissertação (Mestrado Interdisciplinar em Ciências da Saúde) - Instituto de Saúde e Sociedade, Universidade Federal de São Paulo, Santos, 2014.
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