Prevalência e fatores de risco de depressão em pacientes cronicamente infectados pelo vírus da hepatite C
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Data
2018-11-05
Tipo
Dissertação de mestrado
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Resumo
Introduction: Hepatitis C virus (HCV) infection remains a major public health
challenge. According the World Health Organization (WHO) an estimate 71 million
people were living with HCV infection in 2015, which represents 1% of the world
population. Unidentified infected patients will not be treated and thus have the
potential to develop cirrhosis and hepatocellular carcinoma. In addition to the hepatic
consequences of chronic HCV infection, extrahepatic
manifestations including
neurologic and psychiatric disturbances may reach 50% with impact in patients´
qualityoflife.
Objective: to assess the prevalence and risk factors associated with depression, in
the absence of treatment, among patients with chronic hepatitis C (CHC) receiving
care at the viral hepatitis outpatient services of Escola Paulista de Medicina –
UNIFESP and at the Centro de Prevenção e Assistência às Doenças Infecciosas
(CEPADI) in the city of São Caetano do Sul.
Methods: Crosssectional
study to assess the prevalence and risk factors associated
with depression using the Beck Depression Inventory (BDI). Patients followed at the
two participating centers, aged over 18 years, monoinfected with chronic hepatitis C,
with neither neurologic comorbidities nor decompensated cirrhosis, and no antiviral
treatment in the past 12 months, were evaluated to determine the sociodemographic
and economic conditions before administering the Beck Depression Inventory. The
association among depression and sociodemographic and econimc variables was
assessed using univariate and multivariate analyses.
Results: 271 patients were included, 129 (47.6%) female and 142 (52.4%) male,
mean age 50.8 years, 42.8% had less than nine years of schooling, and 55%
belonged to socioeconomic classes C/D/E. According to BDI results, 103 (38%)
patients had scores consistent with the diagnosis of depression: 52 (19.2%) mild, 46
(17.9%) moderate, and 5 (1.8%) severe depression. The prevalence of depression
was higher among patients receiving care at UNIFESP (47.3%) compared to those
from CEPADI (33.3%; p = 0.026). However, this difference between Centers was
only observed among women, namely 61.4% and 37.6%, respectively (p = 0.01).
Prevalence of depression among socioeconomic classes A/B patients was almost
twofold
lower than those of classes C/D/E (RR = 0.51; 95%CI: 0.320.87).
However,
after adjusting for sex, socioeconomic class was associated with depression only
among women (36.4% vs 77.8%; p = 0.008), and not among men (25.0% vs 37.9%;
p = 0.48). Depression was more often detected in patients with less than 9 years of
schooling (42.6% vs 28.9%; p = 0.029). This association loses significance when
adjusted for socioeconomic class (p = 0.77). Patients with previous psychiatric
treatment had more depression ((61.3% vs 35.0%; p = 0.005). Patients was
advanced fibrosis (F3/F4) was also associated with depression (45.3% vs 32.6%; p =
0.039). In the final model of multivariate analysis, that includes socioeconomic class,
the female sex, previous psychiatric treatment, and socioeconomic classes C/D/E
remained independently associated with depression. If socioeconomic class is not
included, advanced fibrosis, female sex, and previous psychiatric treatment remained
in the final model.
Conclusions: The prevalence of depression in HCC patients with no current
treatment was far greater (38.0%) than in the general population. Depression was
independently associated with female sex, previous psychiatric treatment,
socioeconomic class C/D/E and advanced fibrosis (F3/F4).
Introdução: A infecção pelo vírus da Hepatite C (VHC) persiste como um dos maiores desafios da saúde pública. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é estimado que 71 milhões de pessoas viviam com a infecção de VHC em 2015, o que representa 1% da população mundial. Pacientes infectados não identificados, não serão tratados, e apresentarão risco potencial de desenvolverem cirrose hepática e carcinoma hepatocelular. Além das consequências hepáticas da infecção crônica pelo VHC, diversas manifestações extrahepáticas, incluindo distúrbios neurológicos e psiquiátricos, podem chegar a 50% e alterar a qualidade de vida destes pacientes. Objetivo: Avaliar a prevalência e fatores de risco associados com depressão em pacientes portadores de hepatite C crônica (HCC), na ausência de tratamento, no Ambulatório de Hepatites Virais da Escola Paulista de Medicina – UNIFESP e no Centro de Prevenção e Assistência às Doenças Infecciosas (CEPADI) em São Caetano do Sul. Métodos: Estudo transversal para avaliar a prevalência de fatores de risco associados à depressão usando o Inventário de Depressão Beck (BDI). Os pacientes acompanhados nos dois centros participantes do estudo, com mais de 18 anos de idade, monoinfectados com hepatite C crônica, sem comorbidade neurológica ou cirrose descompensada, sem tratamento prévio há pelo menos 12 meses eram submetidos à avaliação sociodemográfica, socioeconômica e a inquérito de sintomas depressivos (Inventário de Depressão Beck). A associação entre depressão e variáveis sociodemográficas e econômicas foi avaliada através de análises univariadas e multivariadas. Resultados: Foram incluídos 271 pacientes, 129 (47,6%) mulheres e 142 (52,4%) homens, com média de idade de 50,8 anos, 42,8% com menos de nove anos de escolaridade, e 55% pertencentes às classes econômicas C/D/E. De acordo com os resultados do BDI, 103 (38%) pacientes tiveram resultados compatíveis com diagnóstico de depressão: 52 (19,2%) leve, 46 (17,9%) moderada e 5 (1,8%) com depressão grave. A prevalência da depressão foi mais alta em pacientes atendidos pela UNIFESP (47,3%), comparado com os atendidos no CEPADI (33,3%). Entretanto, essa diferença entre os centros foi observada somente nas mulheres, 61,4% contra 37,6%, respectivamente (p= 0,01). A prevalência da depressão entre as classes socioeconômicas A/B foi quase duas vezes menor que nas classes C/D/E (RR=0,51; IC95% 0,320,87). Entretanto, após ajuste feito por sexo, a classe socioeconômica foi associada à depressão somente entre mulheres (36,4% versus 77,8%; p = 0,008), e não entre homens (25,0% versus 37,9%; p = 0,48). A depressão foi mais frequentemente detectada em pacientes com menos de nove anos de escolaridade (42,6% versus 28,9%; p = 0,029). Essa associação perde significância quando ajustada para as classes sociais (p = 0,77). Pacientes com tratamento psiquiátrico prévio tiveram mais depressão (61,3% versus 35,0%; p = 0,005). Pacientes com fibrose avançada (F3/F4) também foram associados à depressão (45,3% contra 32,6%; p = 0,039). No modelo final de análise multivariada, que inclui a classe socioeconômica, o sexo feminino, o tratamento psiquiátrico prévio e as classes C/D/E permaneceram independentemente associados à depressão. Se a classe socioeconômica não for incluída, fibrose em grau avançado, o sexo feminino e tratamento psiquiátrico prévio permaneceram no modelo final. Conclusão: A prevalência de depressão em pacientes com HCC sem tratamento atual foi consideravelmente maior (38,0%) que na população geral. Depressão foi independentemente associada ao sexo feminino, tratamento psiquiátrico prévio, classes socioeconômicas C/D/E e fibrose avançada (F3/F4).
Introdução: A infecção pelo vírus da Hepatite C (VHC) persiste como um dos maiores desafios da saúde pública. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é estimado que 71 milhões de pessoas viviam com a infecção de VHC em 2015, o que representa 1% da população mundial. Pacientes infectados não identificados, não serão tratados, e apresentarão risco potencial de desenvolverem cirrose hepática e carcinoma hepatocelular. Além das consequências hepáticas da infecção crônica pelo VHC, diversas manifestações extrahepáticas, incluindo distúrbios neurológicos e psiquiátricos, podem chegar a 50% e alterar a qualidade de vida destes pacientes. Objetivo: Avaliar a prevalência e fatores de risco associados com depressão em pacientes portadores de hepatite C crônica (HCC), na ausência de tratamento, no Ambulatório de Hepatites Virais da Escola Paulista de Medicina – UNIFESP e no Centro de Prevenção e Assistência às Doenças Infecciosas (CEPADI) em São Caetano do Sul. Métodos: Estudo transversal para avaliar a prevalência de fatores de risco associados à depressão usando o Inventário de Depressão Beck (BDI). Os pacientes acompanhados nos dois centros participantes do estudo, com mais de 18 anos de idade, monoinfectados com hepatite C crônica, sem comorbidade neurológica ou cirrose descompensada, sem tratamento prévio há pelo menos 12 meses eram submetidos à avaliação sociodemográfica, socioeconômica e a inquérito de sintomas depressivos (Inventário de Depressão Beck). A associação entre depressão e variáveis sociodemográficas e econômicas foi avaliada através de análises univariadas e multivariadas. Resultados: Foram incluídos 271 pacientes, 129 (47,6%) mulheres e 142 (52,4%) homens, com média de idade de 50,8 anos, 42,8% com menos de nove anos de escolaridade, e 55% pertencentes às classes econômicas C/D/E. De acordo com os resultados do BDI, 103 (38%) pacientes tiveram resultados compatíveis com diagnóstico de depressão: 52 (19,2%) leve, 46 (17,9%) moderada e 5 (1,8%) com depressão grave. A prevalência da depressão foi mais alta em pacientes atendidos pela UNIFESP (47,3%), comparado com os atendidos no CEPADI (33,3%). Entretanto, essa diferença entre os centros foi observada somente nas mulheres, 61,4% contra 37,6%, respectivamente (p= 0,01). A prevalência da depressão entre as classes socioeconômicas A/B foi quase duas vezes menor que nas classes C/D/E (RR=0,51; IC95% 0,320,87). Entretanto, após ajuste feito por sexo, a classe socioeconômica foi associada à depressão somente entre mulheres (36,4% versus 77,8%; p = 0,008), e não entre homens (25,0% versus 37,9%; p = 0,48). A depressão foi mais frequentemente detectada em pacientes com menos de nove anos de escolaridade (42,6% versus 28,9%; p = 0,029). Essa associação perde significância quando ajustada para as classes sociais (p = 0,77). Pacientes com tratamento psiquiátrico prévio tiveram mais depressão (61,3% versus 35,0%; p = 0,005). Pacientes com fibrose avançada (F3/F4) também foram associados à depressão (45,3% contra 32,6%; p = 0,039). No modelo final de análise multivariada, que inclui a classe socioeconômica, o sexo feminino, o tratamento psiquiátrico prévio e as classes C/D/E permaneceram independentemente associados à depressão. Se a classe socioeconômica não for incluída, fibrose em grau avançado, o sexo feminino e tratamento psiquiátrico prévio permaneceram no modelo final. Conclusão: A prevalência de depressão em pacientes com HCC sem tratamento atual foi consideravelmente maior (38,0%) que na população geral. Depressão foi independentemente associada ao sexo feminino, tratamento psiquiátrico prévio, classes socioeconômicas C/D/E e fibrose avançada (F3/F4).