Análise do perfil clínico e de sobrevivência de pacientes pediátricos com câncer com choque séptico
Data
2021
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
Objectives: To describe the clinical characteristics and to evaluate the risk factors related to mortality and survival of pediatric cancer patients admitted to the Pediatric Intensive Care Unit (PICU) for septic shock. Methods: Retrospective cohort study. Pediatric patients up to 18 years of age, followed at the GRAACC-IOP for oncologic diagnosis and admitted to the PICU in the last 5 years during a septic shock, were included. For the evaluation of organ dysfunctions, definitions from the Latin American Institute of Sepsis were used. Variables were described as medians and interquartile ranges, or means and standard deviations. The significance value was p < 0.05. Differences between means were evaluated by the T test. Survival analysis over the days of hospitalization was performed using Kaplan-Meier curves, with comparisons by the Log Rank test (Mantel-Cox), and proportional hazard estimates by Cox regression. The analyzes were performed with the packages survival, pROC, tidyverse, caret, glmnet, dplyr and survminer, from the R software version 4.1.1. Results: 139 patients were included. The median age was 99 months and 50.3% were female. There was a mortality of 57 patients (41%) and 10 children (7.2%) died within 24 hours of septic shock. Twenty-three patients (16.5%) had Acute Lymphoid Leukemia and 42 (30.2%) had relapsed disease. Thirty-nine patients (28%) had undergone hematopoietic stem cell transplantation. The patients had a median of 21 days of hospital stay, with a median of 10 days in the PICU. 33.8% of patients had a catheter-associated bloodstream infection. The most common agents were Klebsiella pneumoniae and Escherichia coli. Norepinephrine and epinephrine were the main drugs of first choice in septic shock (77.7%). The vasoactive-inotropic score (VIS) averaged 34.6 points. A positive fluid balance between 20 and 60 mL/kg (2% to 6% of body weight) in the first 24 hours after the diagnosis of sepsis showed a reducing effect on the probability of in-hospital death (Hazard ratio 0.47, 95% CI 0.24-0.92, p = 0.027) regardless of clinical severity. The number of organ dysfunctions (p < 0.0001), the presence of relapsed disease (p < 0.0001), the presence of respiratory dysfunction (p = 0.04), the need for continuous renal replacement therapy (p = 0.029), VIS (p = 0.009) and PRISM-IV (p < 0.0001) were predictors of mortality. Conclusion: Our study demonstrates the complexity of the pediatric cancer patient with septic shock in the PICU. We highlighted the importance of bloodstream infection as a focus of infection, the need of interrupting the progression of sepsis to septic shock and consequent multiple organ dysfunction, which is the main cause of mortality, and the role of the managed sepsis protocol in this purpose. We also showed a lower mortality in patients with positive fluid balance between 2% and 6% of body weight in the first 24 hours after the sepsis diagnostic and the possibility of considering this information in the sepsis protocol.
Objetivos: Descrever as características clínicas e avaliar os fatores de risco relacionados à mortalidade e sobrevivência de pacientes pediátricos oncológicos admitidos na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) por choque séptico. Métodos: Estudo de coorte, retrospectivo. Foram incluídos pacientes pediátricos, até 18 anos de idade incompletos, acompanhados no GRAACC-IOP por diagnóstico oncológico que apresentaram choque séptico e foram admitidos na UTIP nos últimos 5 anos. Para avaliação de disfunções orgânicas foram utilizadas definições do Instituto Latino-Americano de Sepse. As variáveis foram descritas em medianas e intervalos interquartis, ou médias e desvios-padrão. O valor de significância foi p < 0,05. Diferenças entre médias foram avaliadas pelo teste T. A análise de sobrevivência ao longo dos dias de internação foi feita através de curvas de Kaplan-Meier, com comparações pelo teste Log Rank (Mantel-Cox), e estimativas de riscos proporcionais pela regressão de Cox. As análises foram feitas com os pacotes survival, pROC, tidyverse, caret, glmnet, dplyr e survminer, do software R versão 4.1.1. Resultados: Foram incluídos 139 pacientes. A mediana de idade foi 99 meses e 50,3% eram do sexo feminino. Houve uma mortalidade de 57 pacientes (41%) sendo que 10 crianças (7,2%) morreram em menos de 24 horas do choque séptico. Vinte e três pacientes (16,5%) tinham Leucemia Linfóide Aguda e 42 (30,2%) tinham doença recidivada. Trinta e nove pacientes (28%) haviam sido submetidos a transplante de medula óssea. Os pacientes tiveram mediana de 21 dias de tempo de internação hospitalar, sendo a mediana de 10 dias em UTIP. 33,8% dos pacientes apresentaram infecção de corrente sanguínea associada a cateter. Os agentes mais comuns foram Klebsiella pneumoniae e Escherichia coli. Norepinefrina e epinefrina foram as principais drogas de primeira escolha no choque séptico (77,7%). O vasoactive-inotropic score (VIS) teve média de 34,6 pontos. O balanço hídrico (BH) positivo entre 20 e 60 mL/Kg (2% e 6% do peso corporal) nas primeiras 24 horas após o diagnóstico de sepse mostrou efeito redutor na probabilidade de óbito hospitalar (Hazard ratio 0,47, 95% IC 0,24-0,92, p = 0,027) independente de gravidade clínica. O número de disfunções orgânicas (p < 0,0001), a presença de recidiva de doença (p < 0,0001), a presença de disfunção respiratória (p = 0,04), a necessidade de terapia de substituição renal contínua (p = 0,029), o VIS (p = 0,009) e o PRISM-IV (p < 0,0001) foram fatores preditores de mortalidade. Conclusão: Nosso estudo demonstra a complexidade do paciente pediátrico com câncer e choque séptico na UTIP. Ressalta-se a importância da infecção de corrente sanguínea como foco de infecção, a necessidade de se interromper a evolução do quadro de sepse para choque séptico e consequente disfunção múltipla de órgãos, principal causa de mortalidade, e o papel do protocolo gerenciado de sepse nesse propósito. Também se evidenciou a menor mortalidade em pacientes com BH positivo entre 2% e 6% do peso corpóreo nas primeiras 24 horas após o quadro de sepse e a possibilidade de considerar tal dado no protocolo de sepse.
Objetivos: Descrever as características clínicas e avaliar os fatores de risco relacionados à mortalidade e sobrevivência de pacientes pediátricos oncológicos admitidos na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) por choque séptico. Métodos: Estudo de coorte, retrospectivo. Foram incluídos pacientes pediátricos, até 18 anos de idade incompletos, acompanhados no GRAACC-IOP por diagnóstico oncológico que apresentaram choque séptico e foram admitidos na UTIP nos últimos 5 anos. Para avaliação de disfunções orgânicas foram utilizadas definições do Instituto Latino-Americano de Sepse. As variáveis foram descritas em medianas e intervalos interquartis, ou médias e desvios-padrão. O valor de significância foi p < 0,05. Diferenças entre médias foram avaliadas pelo teste T. A análise de sobrevivência ao longo dos dias de internação foi feita através de curvas de Kaplan-Meier, com comparações pelo teste Log Rank (Mantel-Cox), e estimativas de riscos proporcionais pela regressão de Cox. As análises foram feitas com os pacotes survival, pROC, tidyverse, caret, glmnet, dplyr e survminer, do software R versão 4.1.1. Resultados: Foram incluídos 139 pacientes. A mediana de idade foi 99 meses e 50,3% eram do sexo feminino. Houve uma mortalidade de 57 pacientes (41%) sendo que 10 crianças (7,2%) morreram em menos de 24 horas do choque séptico. Vinte e três pacientes (16,5%) tinham Leucemia Linfóide Aguda e 42 (30,2%) tinham doença recidivada. Trinta e nove pacientes (28%) haviam sido submetidos a transplante de medula óssea. Os pacientes tiveram mediana de 21 dias de tempo de internação hospitalar, sendo a mediana de 10 dias em UTIP. 33,8% dos pacientes apresentaram infecção de corrente sanguínea associada a cateter. Os agentes mais comuns foram Klebsiella pneumoniae e Escherichia coli. Norepinefrina e epinefrina foram as principais drogas de primeira escolha no choque séptico (77,7%). O vasoactive-inotropic score (VIS) teve média de 34,6 pontos. O balanço hídrico (BH) positivo entre 20 e 60 mL/Kg (2% e 6% do peso corporal) nas primeiras 24 horas após o diagnóstico de sepse mostrou efeito redutor na probabilidade de óbito hospitalar (Hazard ratio 0,47, 95% IC 0,24-0,92, p = 0,027) independente de gravidade clínica. O número de disfunções orgânicas (p < 0,0001), a presença de recidiva de doença (p < 0,0001), a presença de disfunção respiratória (p = 0,04), a necessidade de terapia de substituição renal contínua (p = 0,029), o VIS (p = 0,009) e o PRISM-IV (p < 0,0001) foram fatores preditores de mortalidade. Conclusão: Nosso estudo demonstra a complexidade do paciente pediátrico com câncer e choque séptico na UTIP. Ressalta-se a importância da infecção de corrente sanguínea como foco de infecção, a necessidade de se interromper a evolução do quadro de sepse para choque séptico e consequente disfunção múltipla de órgãos, principal causa de mortalidade, e o papel do protocolo gerenciado de sepse nesse propósito. Também se evidenciou a menor mortalidade em pacientes com BH positivo entre 2% e 6% do peso corpóreo nas primeiras 24 horas após o quadro de sepse e a possibilidade de considerar tal dado no protocolo de sepse.