Novos corantes vitais e instrumentos para cirurgia ocular

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Data
2011-02-22
Autores
Rodrigues, Eduardo Buchele [UNIFESP]
Orientadores
Farah, Michel Eid [UNIFESP]
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Objetivos: Este estudo contém cinco objetivos: 1. Realizar uma revisão atualizada do uso de corantes vitais em cirurgia ocular. 2. Apresentar os mecanismos de toxicidade retiniana por indocyanine green. 3. Avaliar a capacidade de novos corantes de tingir tecidos oculares. 4. Investigar a toxicidade retiniana de seis novos corantes em um modelo animal. 5. Introduzir um novo instrumento para tingir a membrana limitante interna, o Vitreoretinal Internal Limiting membrane Color Enhancer “VINCE”. Materiais e Métodos: 1. A literatura médica de 1993 a 2009 foi revisada para fornecer um sumário atualizado do conhecimento sobre o uso cirúrgico de corantes vitais para a cirurgia ocular. 2. Um estudo na literatura de 1998 a 2009 foi realizado para esclarecer os mecanismos da toxicidade depois da injeção intravítrea do indocyanine green. 3. Inicialmente, treze corantes foram usados na concentração de 0.05% e 0.5%: light green, fast green, methyl violet, crystal violet, congo red, eosin Y, sudan black B, evans blue, brilliant blue, bromophenol blue, methylene blue, toluidine blue e indigo carmine. Os corantes foram aplicados sobre a cápsula anterior, durante um minuto, para a execução da capsulorrexis em 96 olhos de porcos post-mortem. O vítreo foi removido manualmente e inserido, por um minuto, em solução de 2 ml contendo cada um dos corantes em um frasco. Os corantes foram aplicados sobre a membrana limitante interna durante um minuto, para realização de sua dissecção, seguido de exame de histologia. Na segunda etapa do procedimento, seis corantes foram selecionados; light green, fast green, bromophenol blue, brilliant blue, indigo carmine e evans blue para experimentos com olhos humanos cadavéricos, com metodologia semelhante. 4. Após a seleção de seis corantes, 90 coelhos foram utilizados para a realização dos experimentos de toxicidade retiniana. Uma quantidade de 0.05 ml com 0.5% ou 0.05% de light green, fast green, evans blue, brilliant blue, bromophenol blue e indigo carmine foi injetada na cavidade vítrea. Exame clínico, angiografia fluoresceínica, histologia com microscopia de luz e microscopia eletrônica de transmissão foram realizados no dias 1 e 7. 5. Um novo pincel foi construído a partir de um instrumento backflush modificado, contendo um compartimento de silicone descartável com o corante. Resultados: 1. Trypan blue é o principal corante para a visibilidade da cápsula anterior, mas bromophenol blue, brilliant blue e indocyanine green são alternativas em estudo. Indocyanine green, trypan blue, brilliant blue e triamcinolone acetonide são os principais corantes usados para a cromovitrectomia. O perfil de segurança dos corantes vitais encontra-se controverso até o momento. 2. A maior parte dos experimentos em animais e dos estudos clínicos indicou que a toxicidade retiniana é dependente da dose utilizada. Os principais mecanismos de toxicidade postulados após injeção intravítrea por indocyanine green são: a) Osmolaridade de soluções de indocyanine green; b) Lesão direta causada pela molécula de indocyanine green; c) Modificação bioquímica na membrana limitante interna; d) Íons; e) Toxicidade de indocyanine green potencializada pela luz; f) Produtos de decomposição da solução de indocyanine green. 3. Em olhos de porcos, 0.5% de toluidine blue, evans blue, light green, sudan black, crystal violet, fast green, methyl violet, indocyanine green, brilliant blue e bromophenol blue promoveram uma moderada coloração na cápsula anterior, entretanto, o trypan blue demonstrou forte afinidade. A coloração da membrana limitante interna com 0.5% de methyl violet, crystal violet, brilliant blue e sudan black induziram forte coloração. Methyl violet, crystal violet, sudan black, toluidine blue e methylene blue causaram lesão histológica em retinas de porcos. O vítreo ficou moderadamente corado com 0.5% de congo red, crystal violet, fast green, eosin Y, methylene blue, toluidine blue, brilliant blue, bromophenol blue e methyl violet, e fortemente com light green e evans blue. Em olhos cadavéricos, 0.5% de evans blue, light green e bromophenol blue causaram uma coloração moderada da membrana limitante interna, mas brilliant blue e indocyanine green promoveram forte tingimento. O vítreo foi moderado ou fortemente corado por todos os corantes. A cápsula anterior foi fortemente corada por 0.5% de light green e bromophenol blue. Membranas epirretinianas demonstraram forte afinidade a 0.5% de evans blue. 4. A angiografia fluoresceínica mostrou alterações focais na fluorescência por eventual lesão do epitélio pigmentado da retina nos olhos submetidos à aplicação de 0.5% de evans blue. Microscopias de luz e eletrônica revelaram alterações retinianas mais marcantes na retina externa com evans blue, light green e bromophenol blue. A injeção de brilliant blue a 0.5% causou alterações focais específicas nos fotorreceptores. Light green a 0.5% causou vacuolização difusa de células bipolares, após 1 e 7 dias. Injeção de evans blue a 0.5% resultou em perda significativa do número de células neurorretinianas no exame de 7 dias (P <0.05). O eletrorretinograma mostrou latência prolongada e diminuição da amplitude em olhos injetados com 0.5% de evans blue, light green, brilliant blue e bromophenol blue. 5. O VINCE permitiu a pintura seletiva da membrana limitante interna e membrana epirretiniana nos olhos de animais enucleados, enquanto as regiões centrais da mácula e retina periférica permaneceram sem contato com o corante no peroperatório. Conclusões: Os novos corantes brilliant blue, bromophenol blue, fast green e light green coram a membrana limitante interna. As membranas epirretinianas podem ser muito bem coradas com light green, fast green, bromophenol blue e evans blue. Todos os corantes possuem boa afinidade com o vítreo. Os corantes vitais fast green, light green, índigo carmine, bromophenol blue e brilliant blue, na dose baixa de 0.05%, demonstraram boa biocompatibilidade retiniana. O VINCE pode ser utilizado para minimizar a quantidade de corante aplicado sobre a superfície retiniana. O uso cirúrgico de novos instrumentos e corantes vitais na cirurgia ocular representam uma nova e importante área de investigação científica que permitem aprimorar os resultados cirúrgicos.
Descrição
Citação
RODRIGUES, Eduardo Büchele. Novos corantes vitais e instrumentos para cirurgia ocular. 2011. 188 f. Tese (Doutorado) - Escola Paulista de Medina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2011.