Consequências da privação materna para o comportamento tipo-ansioso: participação do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal e do sistema de neurotransmissão GABAaérgico
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Data
2009-07-29
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Adverse events in childhood have been associated to the development of psychopathologies, such as depression and anxiety disorders. In rats, stressful events during neonatal period, like 24h Maternal Deprivation (MD), may be an interesting tool to understand how stress during early life leads to changes in behavior and stress response in adulthood. According to some studies, MD on the 3rd day (MD 3-4) or 11th day (MD 11- 12) of life results in opposite changes in the activity of the Hypothalamus-Pituitary- Adrenal (HPA) axis, i.e., hyper and hyporresponsiveness, respectively. Since in human beings psychopathologies has been related to impairment in resilience to stress the aim of this work was to investigate whether MD leads to long lasting changes in HPA axis functioning and differential behavioral features in animal models of anxiety. The results obtained indicate that only the ACTH release presented the pattern we hypothesized. Conversely the corticosterone (CORT) plasmatic levels do not reflect this pattern. Moreover, MD did not affect the CORT release in response to the Dexamethasone Suppression Test, indicating that there are MD did not alter the negative feedback system. Although MD did not lead to convincing alteration to CORT levels it did change anxiety-like behavior in the group MD 11-12. However this behavioral change did not seem to be mediated by expression of benzodiazepine site in GABAA receptors. The results indicate that even though the MD procedure does not lead to consistent changes in the peripheral component of the HPA axis it could still be an interesting animal model to study the neurobiological underpinnings of how adverse events in early life increase the vulnerability to psychopathologies.
Alguns estudos pré-clínicos têm demostrado que eventos adversos na infância e adolescência representam um fator de vulnerabilidade para o surgimento de transtornos psiquiátricos na idade adulta, e que a redução da resiliência à eventos estressantes deve desempenhar um papel importante neste fenômeno. As manipulações em animais de laboratório, como a privação materna (PM) por 24 h durante o período de hiporresposividade ao estresse (PHRE), podem ser um instrumento útil para a compreensão de como os eventos no período precoce do desenvolvimento resultam em alterações comportamentais e da atividade do eixo Hipotálamo-Pituitária-Adrenal (HPA) na idade adulta. Alguns autores têm observado que a PM, quando imposta no 3° dia de vida (antes do início) ou no 11° dia (no vale) do PHRE, resulta em padrões de atividade do eixo HPA distintos. A PM no 3° dia induz à hiperatividade do eixo, enquanto que no 11° dia, resulta na hipoatividade, alterações estas observadas em animais jovens. Assim, os principais objetivos do presente trabalho foram os de estudar como a PM afetaria a atividade do eixo HPA durante o PHRE, e verificar se essas alterações teriam conseqüências duradouras. Os resultados mostraram que os efeitos da PM na liberação de ACTH mantiveram o mesmo padrão de atividade relatado na adolescência, ou seja, hiperresponsividade no grupo submetido à PM no 3o dia de vida e hiporresponsividade no grupo submetido à mesma manipulação no 11o dia de vida. No entanto, essa alteração não se refletiu na liberação da corticosterona (CORT), pois não se observou diferença na secreção deste hormônio entre os grupos. Além disso, a PM não alterou a liberação de CORT em resposta ao Teste de supressão à Dexametasona, indicando que não houve alterações no sistema de retroalimentação negativa no nível hipofisário do eixo HPA. A PM afetou o comportamento do tipo ansioso nos animais de ambos os grupos PM, sendo que tal alteração parece não ter sido mediada por mudanças na densidade do sítio benzodiazepínico do receptor GABAA. Os resultados indicaram que, embora a PM não leve a alterações permanentes na secreção da corticosterona, este pode ser um modelo animal interessante para se estudar o substrato neurobiológico que faz com que um evento adverso durante o desenvolvimento aumente a vulnerabilidade aos transtornos relacionados à ansiedade.
Alguns estudos pré-clínicos têm demostrado que eventos adversos na infância e adolescência representam um fator de vulnerabilidade para o surgimento de transtornos psiquiátricos na idade adulta, e que a redução da resiliência à eventos estressantes deve desempenhar um papel importante neste fenômeno. As manipulações em animais de laboratório, como a privação materna (PM) por 24 h durante o período de hiporresposividade ao estresse (PHRE), podem ser um instrumento útil para a compreensão de como os eventos no período precoce do desenvolvimento resultam em alterações comportamentais e da atividade do eixo Hipotálamo-Pituitária-Adrenal (HPA) na idade adulta. Alguns autores têm observado que a PM, quando imposta no 3° dia de vida (antes do início) ou no 11° dia (no vale) do PHRE, resulta em padrões de atividade do eixo HPA distintos. A PM no 3° dia induz à hiperatividade do eixo, enquanto que no 11° dia, resulta na hipoatividade, alterações estas observadas em animais jovens. Assim, os principais objetivos do presente trabalho foram os de estudar como a PM afetaria a atividade do eixo HPA durante o PHRE, e verificar se essas alterações teriam conseqüências duradouras. Os resultados mostraram que os efeitos da PM na liberação de ACTH mantiveram o mesmo padrão de atividade relatado na adolescência, ou seja, hiperresponsividade no grupo submetido à PM no 3o dia de vida e hiporresponsividade no grupo submetido à mesma manipulação no 11o dia de vida. No entanto, essa alteração não se refletiu na liberação da corticosterona (CORT), pois não se observou diferença na secreção deste hormônio entre os grupos. Além disso, a PM não alterou a liberação de CORT em resposta ao Teste de supressão à Dexametasona, indicando que não houve alterações no sistema de retroalimentação negativa no nível hipofisário do eixo HPA. A PM afetou o comportamento do tipo ansioso nos animais de ambos os grupos PM, sendo que tal alteração parece não ter sido mediada por mudanças na densidade do sítio benzodiazepínico do receptor GABAA. Os resultados indicaram que, embora a PM não leve a alterações permanentes na secreção da corticosterona, este pode ser um modelo animal interessante para se estudar o substrato neurobiológico que faz com que um evento adverso durante o desenvolvimento aumente a vulnerabilidade aos transtornos relacionados à ansiedade.
Descrição
Citação
FATURI, Claudia de Brito. Consequências da privação materna para o comportamento tipo-ansioso: participação do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal e do sistema de neurotransmissão GABAaérgico. 2009. 162 f. Tese (Doutorado em Ciências) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2009.