Desenvolvimento infantil e as oportunidades recebidas no ambiente domiciliar de lactentes expostos e não expostos ao HIV inseridos em situação de vulnerabilidade social

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Data
2022-12-14
Autores
Pádua, Raissa Felipe [UNIFESP]
Orientadores
Sá, Cristina dos Santos Cardoso de [UNIFESP]
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
A exposição a um fator de risco (biológico, estabelecido ou ambiental) ou a associação entre risco biológico e/ou ambiental, pode resultar em um impacto cumulativo, aumentando a probabilidade de atraso para o desenvolvimento infantil. Neste sentido, são apresentados três estudos em formato de artigos para compreender o desenvolvimento de lactentes com risco biológico para exposição ao HIV e as oportunidades domiciliares. Objetivo: avaliar e comparar o desempenho motor, cognitivo e de linguagem, e as oportunidades no ambiente domiciliar de lactentes expostos e não expostos ao HIV em situação de vulnerabilidade social em duas regiões distintas do Brasil. Os objetivos específicos por artigo foram: (I) verificar o desempenho motor, cognitivo e de linguagem e as oportunidades no ambiente domiciliar de lactentes expostos e não expostos ao HIV durante os primeiros 18 meses de vida na cidade de Santos/SP; (II) comparar o desempenho motor, cognitivo e de linguagem e verificar as oportunidades domiciliares na cidade de Belém e Benevides/PA em lactentes expostos e não expostos ao HIV; e (III) identificar o contexto familiar, social e as oportunidades presentes no ambiente domiciliar de lactentes expostos e não expostos ao HIV em duas diferentes regiões do Brasil. Método: o estudo I foi observacional e longitudinal, e os estudos II e III foram observacionais e transversais. Participantes por artigo foram: (I) 17 lactentes da cidade de Santos/SP, ambos os sexos, idades de 4, 8, 12 e 18 meses, sendo 10 lactentes do grupo exposto ao HIV; (II) 80 lactentes (43 com risco biológico para o HIV) de 4 a 18 meses de idade, das cidades de Belém e Benevides/PA; e (III) 104 lactentes da Região Sudeste (Santos/SP) e 80 da Região Norte (Belém e Benevides/PA). Instrumentos utilizados nos três estudos foram a Escala Bayley III, a versão brasileira do questionário Affordances no Ambiente Domiciliar para o Desenvolvimento Motor – Escala Bebê, e o Critério de Classificação Econômica Brasil. Dados foram analisados estatisticamente utilizando-se dos seguintes testes, por artigo: (I) ANOVA com medidas repetidas e post hoc de Bonferroni; (II) teste t-Student para amostras independentes; (III) ANOVA e teste Exato de Fisher. Resultados: Estudo (I), não houve diferenças entre ser ou não exposto ao HIV em relação às características familiares, desenvolvimento motor, cognitivo e de linguagem, tampouco nos resultados do questionário AHEMD-IS. Contudo, houve diferença em relação ao momento da avaliação no domínio cognitivo e linguagem e nos resultados do AHEMD-IS. Estudo (II), os resultados indicaram que não houve diferença entre os lactentes expostos e não expostos ao HIV no desempenho motor, cognitivo e de linguagem, e nas oportunidades do ambiente domiciliar. Estudo (III), os resultados indicaram haver diferença entre as regiões Norte e Sudeste no desenvolvimento cognitivo e oportunidades domiciliares; associações significativas foram encontradas entre desenvolvimento da linguagem e idade, oportunidade do ambiente para a dimensão da motricidade fina e o tipo de domicílio e classificação do ambiente. Não houve diferença entre os grupos com risco biológico para o HIV e o sem risco. Conclusão: (I) lactentes expostos ao HIV e à terapia antirretroviral não apresentaram atraso no desenvolvimento em relação aos lactentes não expostos ao HIV nos primeiros 18 meses de vida; (II) quando comparados com seus pares não expostos e até os 18 meses de idade, lactentes não apresentam diferenças no desempenho motor, cognitivo e de linguagem, e nem em relação às oportunidades do ambiente domiciliar; e (III) existe diferença regional no desenvolvimento cognitivo e para as oportunidade domiciliares - confirmando a vulnerabilidade social entre a Região Norte e Sudeste do Brasil. Os fatores biológicos para exposição ao HIV e os fatores ambientais podem impactar os componentes da funcionalidade, sendo necessário um reforço do acompanhamento e da vigilância de lactentes com risco, especialmente avaliações que contemplem o modelo biopsicossocial. Neste sentido, a tese traz contribuições cientificas, clínicas e sociais sobre a identificação precoce dos fatores de risco biológico e ambiental.
Exposure to a risk factor (biological, established or environmental) or the association between biological and/or environmental risk can result in a cumulative impact, increasing the likelihood of delay in child development. In this sense, three studies are presented in the form of articles to understand the development of infants at biological risk for exposure to HIV and the opportunities at home. Aim: to evaluate and compare the motor, cognitive and language performance, and opportunities in the home environment of infants exposed and not exposed to HIV in situations of social vulnerability in two different regions of Brazil. The specific objectives per article were: (I) to verify the motor, cognitive and language performance and opportunities in the home environment of infants exposed and not exposed to HIV during the first 18 months of life in the city of Santos/SP; (II) to compare the motor, cognitive and language performance and verify the home opportunities in the city of Belém and Benevides/PA in infants exposed and not exposed to HIV; and (III) to identify the family and social context and the opportunities present in the home environment of infants exposed and not exposed to HIV in two different regions of Brazil. Method: Study I was observational and longitudinal, and studies II and III were observational and cross­sectional. Participants per article were: (I) 17 infants from the city of Santos/SP, both sexes, aged 4, 8, 12 and 18 months; being, 10 infants in the group exposed to HIV; (II) 80 infants (43 at biological risk for HIV) aged 4 to 18 months, from the cities of Belém and Benevides/PA; and (III) 104 infants from the Southeast Region (Santos/SP) and 80 from the North Region (Belém and Benevides/PA). Instruments used in the three studies were the Bayley III Scale, the Brazilian version of the Affordances in the Home Environment for Motor Development – Baby Scale, and the Brazil Economic Classification Criterion. Data were statistically analyzed using the following tests, per article: (I) ANOVA with repeated measures and Bonferroni's post hoc; (II) Student's t test for independent samples; (III) ANOVA and Fisher's exact test. Results: Study (I), there were no differences between being or not exposed to HIV in relation to family characteristics, motor, cognitive and language development, nor in relation to the AHEMD­IS questionnaire. There was a difference between the time of assessment for the cognitive and language domain and in the results of the AHEMDIS. Study (II), results indicated that there was no difference between HIV­exposed and nonexposed infants in motor, cognitive and language performance, and in home environment opportunities. Study (III), results indicated that there is a difference between the North and Southeast regions in cognitive development and home opportunities; Significant associations were found between language development and age, environmental opportunity for fine motor skills, and type of household and environmental classification. There were no differences between groups with biological risk for HIV and those without risk. Conclusion: (I) infants exposed to HIV and antiretroviral therapy showed no developmental delay in relation to infants not exposed to HIV in the first 18 months of life; (II) when compared with their unexposed peers and up to 18 months of age, they do not show differences in motor, cognitive and language performance, nor in relation to opportunities in the home environment; and (III) there are regional differences in cognitive development and for household opportunities, confirming the social vulnerability between the North and Southeast regions of Brazil. Biological factors for exposure to HIV and environmental factors can impact the components of functionality, and it is necessary to reinforce the monitoring and surveillance of infants at risk, especially assessments that include the biopsychosocial model. In this sense, the thesis brings scientific, clinical and social contributions on the early identification of biological and environmental risk factors.
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Citação
PÁDUA, Raissa Felipe. Desenvolvimento infantil e as oportunidades recebidas no ambiente domiciliar de lactentes expostos e não expostos ao HIV inseridos em situação de vulnerabilidade social. 2022. 170 f. Tese (Doutorado Interdisciplinar em Ciências da Saúde) - Instituto de Saúde e Sociedade, Universidade Federal de São Paulo, Santos, 2022.