Perfil de adultos usuários de aplicativos de smartphone para monitorar o nível de atividade física e fatores associados: um estudo transversal

Imagem de Miniatura
Data
2022-08-26
Autores
Vieira, Wesley de Oliveira [UNIFESP]
Orientadores
Dourado, Victor Zuniga [UNIFESP]
Tipo
Tese de doutorado
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Resumo
Introdução: Atualmente há mais de 200 milhões de smartphones no Brasil. O potencial das tecnologias móveis para mudanças favoráveis em comportamentos de saúde como a atividade física já foi previamente descrito na literatura. Resultados de pesquisas em países desenvolvidos indicam que os aplicativos (APP) são desenvolvidos para pessoas mais escolarizadas, mais jovens e com maior renda em relação aos não usuários. Entretanto, o perfil dos usuários em países em desenvolvimento como o Brasil é pouco conhecido. Compreender o perfil dos usuários de APP pode facilitar o desenvolvimento voltado a pessoas fisicamente inativas e com maior risco cardiovascular. Além disso, os fatores fisiológicos e funcionais associados com o uso de tais APP são desconhecidos. Objetivo: Caracterizar o perfil de usuários de APP para monitorar o nível de atividade física (NAF) e avaliar as características demográficas, socioeconômicas, clínicas, fisiológicas e funcionais associadas com o uso de APP de smartphone para monitorar a atividade física em adultos residentes da baixada santista. Métodos: Avaliamos 176 homens e 178 mulheres assintomáticos (43 ± 12 anos; 27 ± 5 kg/m2). Inicialmente inquirimos os participantes sobre o uso atual de APP de smartphone contendo funcionalidade de monitoramento do NAF, como registros de sessões de exercícios e/ou contagem de passos. Em delineamento transversal, investigamos a escolaridade, o estado socioeconômico (Critério Brasil) e os fatores de risco cardiovasculares clássicos autorrelatados. Avaliamos diversas variáveis fisiológicas e funcionais tais como: consumo máximo de O2 em esteira (VO2max), pressão arterial, composição corporal (impedância bioelétrica), força de preensão manual e força muscular isocinética do membro inferior dominante. Os participantes utilizaram um acelerômetro triaxial durante sete dias para quantificar a atividade física diária. Avaliamos também a qualidade de vida relacionada à saúde (WHOQOL-BREF), o estresse percebido (Escala PSS14) e o ambiente construído (Escala NEWS). Comparamos as variáveis contínuas utilizando teste t de Student e as categóricas pelo teste x2, entre usuários e não usuários de APP. Após análise univariada, incluímos as principais variáveis associadas com o uso de APP em modelo de regressão múltipla logística. Resultados: Cento e dois participantes (28,3%), sem relação com o sexo, relataram utilizar APP de smartphone para atividade física no momento da avaliação. Com exceção do estresse percebido e do ambiente construído que não apresentaram associação com o uso de APP, os usuários de APP eram mais jovens e apresentaram maior escolaridade, menor risco cardiovascular, melhor condição socioeconômica, melhor qualidade de vida, melhor função cardiorrespiratória, melhor composição corporal, maior aptidão física e maior quantidade de atividade física moderada a intensa na vida diária. Os resultados da regressão múltipla logística mostraram que idade, hipertensão arterial, VO2max, condição socioeconômica (Critério Brasil) e qualidade de vida (escore total do WHOQOL-BREF) foram as variáveis mais significativamente associadas com o uso dos APP. Conclusões: Nossos resultados indicam que os APP de smartphone para monitorar a atividade física são desenvolvidos para adultos mais jovens com melhor condição socioeconômica, menor risco cardiovascular, maior qualidade de vida e maior aptidão cardiorrespiratória. Maiores esforços são necessários para desenvolver APP com base científica para as pessoas que mais necessitam dessa tecnologia, possibilitando maior potencial para prevenir desfechos de saúde indesejáveis em adultos assintomáticos.
Introduction: There are currently more than 200 million smartphones in Brazil. The potential of mobile technologies for favorable changes in health behavior such as physical activity has been previously described in the literature. Results of surveys in developed countries indicate that applications (APP) are developed for people who are better educated, younger and with higher income compared to non-users. However, the profile of users in developing countries like Brazil is not well known. Understanding the profile of APP users might ease the development turned to physically inactive people and tones at higher cardiovascular risk. Furthermore, the physiological and functional factors associated with the use of such an APP are unknown. Objective: To characterize the profile of APP users to monitor the physical activity level (PAL) and assess the demographic, socioeconomic, clinical, physiological, and functional characteristics associated with the use of smartphone APP to monitor physical activity in Brazilian adults. Methods: We assessed 176 asymptomatic men and 178 women (43 ± 12 years; 27 ± 5 kg/m2). We initially asked participants about their current use of a smartphone APP containing PAL monitoring functionality, such as exercise session logs and/or step counts. In a cross-sectional design, we investigated schooling, socioeconomic status (Critério Brasil) and classic self-reported cardiovascular risk fators. We evaluated several physiological and functional variables such as: maximum O2 consumption on a treadmill (VO2max), blood pressure, body composition (bioelectrical impedance), handgrip strength and isokinetic muscle strength of the dominant lower limb. Participants used a triaxial accelerometer for seven days to quantify daily physical activity. We also assessed health-related quality of life (WHOQOL-BREF), perceived stress (PSS14 Scale) and the built environment (NEWS Scale). We compared continuous variables using Student's t test and categorical variables using the Qui Square test, between APP users and non-users. After univariate analysis, we included the main variables associated with the use of APP in a multiple logistic regression model. Results: One hundred and two participants (28.3%), unrelated to gender, reported using a smartphone APP for physical activity at the time of assessment. Except from perceived stress and the built environment that were not associated with the use of APP, users of APP were younger and had higher education, lower cardiovascular risk, better socioeconomic status, better quality of life, better cardiorespiratory function, better body composition, greater physical fitness and more moderate to intense physical activity in daily life. The results of the multiple logistic regression showed that age, hypertension, VO2max, socioeconomic status (Critério Brasil) and quality of life (WHOQOL-BREF total score) were the variables most significantly associated with the use of the APP. Conclusions: Our results indicate that smartphone APP to monitor physical activity are developed for younger adults with better socioeconomic status, lower cardiovascular risk, higher quality of life and greater cardiorespiratory fitness. Greater efforts are needed to develop sciencebased APP for people who most need this technology, enabling greater potential to prevent undesirable health outcomes in asymptomatic adults.
Descrição
Citação
VIEIRA, Wesley de Oliveira. Perfil de adultos usuários de aplicativos de smartphone para monitorar o nível de atividade física e fatores associados: um estudo transversal. 2022. 90 f. Tese (Doutorado Interdisciplinar em Ciências da Saúde) - Instituto de Saúde e Sociedade, Universidade Federal de São Paulo, Santos, 2022.