Selênio plasmático e eritrocitário na criança com resposta inflamatória aguda
Date
2022-12-16Author
Almeida, Cláudia Bezerra de [UNIFESP]
Advisor
Leite, Heitor Pons [UNIFESP]Type
Tese de doutoradoMetadata
Show full item recordAlternative Title
Erythrocyte and plasma selenium in children with acute inflammatory responseAbstract
Contexto: O selênio plasmático não reflete o estado nutricional de selênio em pacientes gravemente doentes, pois sofre redução inversamente à magnitude da resposta inflamatória sistêmica. Idealmente, a decisão para suplementar selênio deve ser baseada em medidas laboratoriais que reflitam o estado nutricional de selênio de modo confiável. Existem relatos de redução dos biomarcadores de selênio em crianças saudáveis menores de um ano, no entanto, a variabilidade dos biomarcadores de selênio ainda não está bem estabelecida neste período. Objetivos: 1) Testar a hipótese de que o selênio eritrocitário não se altera durante a resposta inflamatória sistêmica em crianças admitidas em UCI e 2) verificar se há associação entre as concentrações de selênio eritrocitário e selenoproteína P nestes pacientes. Além disso, realizar uma revisão sistemática para descrever e identificar os fatores associados à variabilidade dos biomarcadores de selênio em crianças saudáveis menores de um ano. Métodos: Foi realizado um estudo prospectivo com 109 crianças gravemente doentes, em que as concentrações de selênio plasmático e eritrocitário foram avaliadas na admissão, e selenoproteína P nos dias 1, 2 e 3 de internação em unidade de cuidados intensivos (UCI). Participaram do estudo, crianças menores de 14 anos (mediana de 22 meses), e a causa predominante de internação foi doença respiratória. O principal desfecho foi o efeito da inflamação sistêmica sobre as concentrações de selênio plasmático e eritrocitário. A magnitude da resposta inflamatória sistêmica foi medida pela proteína C reativa sérica e pelos níveis de procalcitonina. As covariáveis utilizadas foram idade, sexo, estado nutricional antropométrico, diagnóstico de sepse grave/choque séptico e gravidade clínica na admissão. Foram utilizadas regressão linear múltipla e equação de estimativa generalizada para análise estatística. Para a revisão sistemática, a partir da base de dados Medline, buscou-se estudos originais até 2022 que avaliaram os biomarcadores em mais de um momento de lactentes saudáveis. Uma busca de alta sensibilidade foi realizada na base de dados da Medline. Foram utilizados o software Rayyan online para detecção de duplicidades, assim como para identificar e selecionar os artigos elegíveis; e o PRISMA 2020, para relatar os resultados encontrados. Resultados: As concentrações de selênio eritrocitário não foram influenciadas pela magnitude da resposta inflamatória ou pela gravidade clínica. A procalcitonina (coeficiente β= -0,99; IC95%: -1,64; -0,34, p=0,003) e a gravidade clínica na admissão (coeficiente β = -11,13; IC95%: -21,6; -0,63), p= 0,038) estiveram associadas com níveis reduzidos de selênio plasmático. de O selênio eritrocitário associou-se com a selenoproteína P nos primeiros três dias de internação na UCI (coeficiente β =0,32; IC95%: 0,20; 0,44, p<0,001). No estudo de revisão sistemática da literatura, foram identificados 741 registros e incluídos 23 artigos. Os biomarcadores de selênio variaram de acordo com ingestão/suplementação materna e com o conteúdo de selênio na alimentação da criança. Em geral, os níveis de selênio se mantiveram ou aumentaram nos primeiros meses das crianças em aleitamento materno. Conclusões: Diferentemente do selênio plasmático, o selênio eritrocitário não se altera na criança com resposta inflamatória aguda e está associado com a selenoproteína P. Provavelmente, o selênio eritrocitário é um marcador mais confiável do que o plasmático para avaliar o estado nutricional de selênio em crianças gravemente doentes. Não foi possível concluir que existe uma redução fisiológica dos biomarcadores de selênio no primeiro ano de vida. Uma redução abrupta do conteúdo de selênio no leite materno parece estar associada à ingestão materna insuficiente de selênio. Background: Plasma selenium may not reflect selenium status in critically ill patients because it transiently decreases inversely with the magnitude of the systemic inflammatory response. The decision to supplement selenium should ideally be based on laboratory measurements that reliably reflect selenium status. Reduction in selenium biomarker levels has been reported in healthy infants. However, it is not well established whether the variability of biomarkers is physiological during the first year of life. Objectives: 1) We hypothesized that erythrocyte selenium, unlike plasma selenium, is not affected by the systemic inflammatory response in critically ill children, and 2) In a systematic review of literature, we aimed to describe the variability of selenium biomarkers and identify factors associated. Methods: In a prospective study of 109 critically ill children, plasma and erythrocyte selenium concentrations were evaluated on admission, and plasma selenoprotein P was evaluated on days 1, 2, and 3 of the ICU stay. The main outcome was the effect of systemic inflammation on the erythrocyte and plasma selenium concentrations. The magnitude of the systemic inflammatory response was measured using serum C-reactive protein (CRP) and procalcitonin levels. The covariates were age, sex, anthropometric nutritional status, diagnosis of severe sepsis/septic shock, and clinical severity on admission. Multiple linear regression and generalized estimating equations were used for statistical analysis. For the systematic review of literature, databases included Medline through PubMed. Original studies published until 2022 that measured biomarkers of selenium more than once in healthy infants were eligible. Rayyan online was used to detect duplicates, to identify and select the eligible studies, and PRISMA 2020 statement were used to report the selected studies. Sources were Medline database by a high sensibility search in PubMed. Results: Erythrocyte selenium levels were not influenced by the magnitude of the inflammatory response or by the patient’s clinical severity. Procalcitonin (β coefficient=-0.99; 95%CI: -1.64; -0.34, p=0.003) and clinical severity (β coefficient= -11.13; 95%CI: -21.6; -0.63), p=0.038) on admission were associated with decreased plasma selenium concentrations. Erythrocyte selenium was associated with selenoprotein P in the first three days of ICU stay (β coefficient=0.32; 95%CI: 0.20; 0.44, p<0.001). Of 741 records identified, 23 were included in the review. Biomarkers of selenium varied depending on maternal ingestion/supplementation of selenium and selenium content in the infant diet. In general, selenium levels of breastfeeding infants was maintained or increased in the first months. Conclusions: Unlike plasma selenium, erythrocyte selenium does not change in children with an acute systemic inflammatory response and is associated with selenoprotein P concentrations. Erythrocyte selenium is probably a more reliable marker than plasma selenium for evaluating the selenium status in critically ill children. It is not possible to conclude that there is a physiological reduction in selenium biomarker levels during the first year of life. An abrupt reduction in selenium content in human milk appears to be associated with insufficient maternal selenium intake. Therefore, infant selenium supplementation should be considered in cases in which clinical and dietary assessments suggest selenium deficiency.
Citation
ALMEIDA, C. B. Selênio plasmático e eritrocitário na criança com resposta inflamatória aguda. São Paulo, 2022. 94 f. Tese (Doutorado em Pediatria e Ciências aplicadas à Pediatria) - Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). São Paulo, 2022.Keywords
Estado nutricionalSelênio
Selenoproteína P
Resposta inflamatória sistêmica
Unidade de terapia intensiva, pediátrica