Reflexões sobre a formação dos professores de Geografia: da cooptação do trabalho docente no programa São Paulo Faz Escola aos usos das TDIC nas escolas públicas paulistas.

Abstract

Nos últimos anos, as escolas públicas paulistas têm recebido grandes quantidades de materiais curriculares no intuito de cooptar o trabalho docente. Estes apresentam, via de regra, a normalização das preocupações da reprodução da ordem capitalista sob o frequente uso do slogan “Sociedade do Conhecimento/Informação”. Com efeito, instituiu-se um circuito fechado entre a implantação dos currículos, o ensino, as avaliações externas e a publicação de metas que ensejam a dimensão concorrencial entre escolas. Paralelamente, observa-se a proliferação das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) e a sua generalização no conjunto da sociedade. Esta circunstância aponta para um horizonte de extrema complexidade do cotidiano escolar no âmbito de um fenômeno gerador de tensões e contradições. Esse conjunto de interfaces tecnológicas e sua relação com a internet demarcam um período de novas dinâmicas, processos e costumes. Interessou-nos investigar, portanto, a trama de tentativa de transformação do trabalho docente em Geografia, verificada, sobretudo nos últimos anos através da implementação do programa curricular São Paulo Faz Escola (SPFE), num contexto marcado pela disseminação das TDIC. Esta pesquisa abrange a revisão de literatura, a análise bibliográfica de documentos curriculares e as entrevistas com professores de Geografia. De abordagem qualitativa, este estudo sistematiza as informações coletadas mediante a Análise Crítica do Discurso (ACD), método que demonstrou ser mais fecundo no entendimento das relações que investigamos. Esta pesquisa permitiu compreender o contexto da disseminação das TDIC, além de reconhecer as noções e bases conceituais dos materiais curriculares do ensino de Geografia no âmbito das escolas públicas do Estado de São Paulo.