Efeito da novidade e do tratamento com extrato padronizado de Ginkgo biloba na consolidação de memórias não aversivas

Abstract

Introdução: A apresentação de “novos” estímulos ambientais ou sobreposição de características de estímulos como forma e cor em curto intervalo de tempo após a aquisição de uma tarefa considerada fraca, em decorrência de sua baixa capacidade de gerar modificações duradouras nas células, pode favorecer o processo de integração dessas duas memórias e, com isso, o fortalecimento dessa memória. Além da exposição à novidade, algumas substâncias têm sido usadas com objetivo de melhorar a capacidade de retenção em longo prazo dessas memórias, por favorecer mecanismos celulares envolvidos na consolidação de memórias. Objetivo: Este trabalho tem como objetivo analisar o efeito da novidade e do tratamento com o extrato padronizado de Ginkgo biloba (EGb) na consolidação de memória não aversiva a partir de um estímulo fraco. Métodos: Foram utilizados ratos Wistar machos, sendo 112 adultos jovens (3-6 meses) e 28 idosos (18 meses), obtidos do Centro de Desenvolvimento de Medicina Experimental e Biologia (Universidade de São Paulo-UNIFESP). Todos os animais foram expostos a duas sessões de habituação (10 min) e, posteriormente, a protocolos de treinamento diferentes, denominados de treino fraco (5 min, n=104) ou treino forte (15 min, n=8). Os animais submetidos ao treino fraco foram redistribuídos em subgrupos de acordo com o tratamento (EGb ou veículo imediatamente após o treinamento) e ausência ou presença de exploração em um novo contexto, ou seja, novidade, 30 min após treino fraco (WT), a saber: i) treino fraco (WT), WT+ 1,0 g/kg EGb (v.o), WT+veiculo (v.o), WT+ novidade, WT+ EGb +novidade e WT+veículo =Novidade (n=16/grupo). Metade dos animais foram submetidos o teste para avaliar a memória de localização dos objetos 1 hora após o término dos procedimentos, o que permitiu avaliarmos a memória de curto prazo (STM); a outra metade, foi avaliada 24 horas após, para análise da memória de longo prazo (LTM). No II, os animais idosos foram distribuídos em 5 grupos: i) treino fraco (WT), WT+ 1,0 g/kg EGb, WT+ novidade, WT+ EGb+novidade e WT+veículo+Novidade (n=6-8/grupo). O teste que avaliou a STM e LTM considerou a capacidade de discriminanação (ID) e de reconhecimento de localidade dos objetos (RI). Resultados: A análise dos dados nos mostra que o tratamento agudo com EGb e a apresentação da novidade isoladamente não apresentaram efeito na STM assim como na LTM em animais adultos jovens. Entretanto, o tratamento com EGb em associação com a novidade resultou em consolidação da memória de longo prazo nos animais idosos, não observado para demais grupos. Conclusões: Os dados nos permitem concluir que todos os grupos foram capazes de formar memória de curto prazo, entretanto, animais adultos jovens submetidos ao treino fraco e ao treino fraco e tratados com EGb na maior dose apresentaram déficit na consolidação da memória, evidenciada no teste realizado 24 hr após treino Entretanto, animais que passaram pelo exposição à novidade isoladamente e à novidade associada ao tratamento com EGb foram capazes de evocar a memória de longo prazo.