A formação de professores e a educação escolar indígena: Análise da proposta de formação pela Universidade Federal de São Paulo

Abstract

Esta pesquisa tem como objetivo compreender a estruturação do curso de licenciatura para professores indígenas na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), que foi uma demanda recebida pela instituição e transformada em um curso de extensão que gerou o Projeto Pedagógico do curso agora com potencial para tornar-se uma licenciatura. Esta pesquisa abordou responsáveis pela elaboração do projeto político pedagógico, que acolheram as demandas trazidas pelo Fórum de Articulação de Professores indígenas de São Paulo (FAPISP) e indagou suas perspectivas sobre este objeto. O projeto do curso de extensão analisado teve apoio da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), Secretaria de Educação do Estado e do Centro de Trabalho Indigenista (CTI) e justificou-se com argumentos que enfatizavam a defasagem na oferta de formações específicas para os professores que atuam nas escolas indígenas do Estado. A proposta apresentava-se propondo respeitar as singularidades das experiências escolares indígenas reconhecidas como legítimas desde a Constituinte de 1988. Buscando compreender como docentes e pesquisadores interpretam o desafio de formar profissionais para a docência em escolas indígenas na perspectiva da diversidade a pesquisa também agregou à dissertação produções acadêmicas existentes sobre o tema e compilou aparatos legais que reconhecem e formulam o direito à educação escolar indígena. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com nove formadores para obter informações estratégicas ao escopo desta pesquisa que analisou as manifestações dos formadores recorrendo às categorias juízo professoral, diversidade de saberes e alteridade. Por fim, as análises das respostas dos entrevistados e os apontamentos feitos na qualificação deste trabalho evidenciaram que as implicações políticas e culturais que são próprias das demandas dos povos indígenas na luta por educação também implicam ganhos positivos para a formação de não indígenas através das trocas de saberes.

This paper aims to comprehend the structuring of the degree course for indigenous teachers at the Federal University of São Paulo (UNIFESP); this demand was received by the university and, at first, became an extension course that resulted in a pedagogical political project that has been being seemed by its potential to become a degree course. The research addressed those responsible for the pedagogical political project’s elaboration who received the demands raised by the Forum for Articulation of Indigenous Teachers of São Paulo (FAPISP) and inquired their perspectives about the subject. The extension course’s project analysis was supported by the National Indian Foundation (FUNAI), the State Department of Education and the Indigenous Work Center (CTI) and had been justified by the arguments that emphasized the lag to provide specific training for teachers who work in the state's indigenous schools. The proposal presented aimed to point out the need to respect the singularities of indigenous school experiences legitimized since the Constitution of 1988. Trying to understand how teachers and researchers comprehend the challenge of graduating professionals for teaching at indigenous schools in the perspective of diversity, the research has assembled to the dissertation a variety of academic works already produced about the theme and compiled legal documents that recognize and state the indigenous scholar education right. Semi-structured interviews were done with nine professors in order to obtain strategic information to build up the research that had analyzed professors’ reactions by using the categories teachers’ judgment, knowledge diversity and otherness. Lastly, the analysis of the answers of the interviews and the comments remarked in the qualification meeting showed that the political and cultural implication that are specific demands from indigenous people in a fight for education also imply in positive benefits for the formation of non-indigenous people through the exchange of knowledge promoted