A vivência de mulheres em situação de abortamento espontâneo precoce

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Data
2022-08-16
Autores
Andrade, Cecília Helena Magalhães de [UNIFESP]
Orientadores
Sun, Sue Yasaki [UNIFESP]
Tipo
Dissertação de mestrado
Título da Revista
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Resumo
O aborto espontâneo é uma complicação comum durante o início da gravidez e estima-se que ocorra em 15% a 20% das gestações clinicamente diagnosticadas. A perda gestacional é compreendida como uma experiência traumática para a maioria das mulheres, sendo necessárias estratégias de apoio ao luto perinatal que promovam a saúde mental materna. Objetivo: Compreender a experiência de mulheres que vivenciam a perda gestacional precoce. Método: Trata-se de um trabalho qualitativo, realizado no Ambulatório de Gestação Inicial da UNIFESP no período de dezembro de 2019 a março de 2021, que adotou a Teoria do Apego e a Análise de Conteúdo de Bardin como referenciais teórico e metodológico, respectivamente. A população do estudo foi composta por mulheres com diagnóstico de gestação não evolutiva pela ultrassonografia e/ou quadro clínico, com ou sem sangramento vaginal, até 12 semanas de idade gestacional. Não foram incluídas mulheres com idade <18 anos, em tratamento psiquiátrico e que não apresentassem domínio da língua portuguesa. A amostra estabelecida com 30 mulheres se deu por conveniência. Os dados foram coletados entre 30 e 45 dias após a resolução do abortamento e o encontro com as investigadas teve duração média de 30-50 minutos. As variáveis sociodemográficas, clínicas e do abortamento atual foram coletadas por meio de formulário desenvolvido especificamente para o estudo. Os dados qualitativos foram coletados, em espaço privado, por meio de entrevista semidirigida que buscava explorar o processo de abortamento por meio da pergunta central “Conte-me como foi para você vivenciar um aborto?”. As entrevistas foram gravadas, transcritas e os arquivos foram salvos na plataforma Google Drive em pasta protegida por senha. Todas as participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido no início da coleta dos dados. Resultados: As investigadas tinham idade média de 32 anos, 49% com ensino fundamental e quase a totalidade com parceiro estável no momento da pesquisa. No que se refere às características obstétricas e do aborto atual, 76% das entrevistadas eram multíparas e destas 87% não apresentava história de aborto anterior. A perda gestacional aconteceu em média com 8 semanas e 66% foram submetidas ao manejo cirúrgico. No que se refere ao método de manejo adotado, 70% das mulheres afirmaram ter sido esclarecida acerca dos tipos de tratamento possível, 63% não escolheram o método e 66% afirmaram se sentir segura com o tratamento adotado. Dentre as mulheres submetidas à internação hospitalar, 59% compartilharam o quarto com outra paciente na mesma situação de perda. A análise dos dados qualitativos desvelou quatro categorias: Descoberta da gestação, Perda, Apoio e Vida após a perda. A categoria Perda, contou com duas subcategorias: Confirmação da perda e Resolução do abortamento. Conclusão: A vivência da perda gestacional precoce, segundo as mulheres investigadas, é uma experiência traumática que se inicia com a DESCOBERTA DA GESTAÇÃO que, por vezes, coincide com a notícia da PERDA. A Confirmação da perda e a Resolução do abortamento despertam sentimentos de tristeza, frustração e desamparo, demandando APOIO familiar e profissional para elaboração e integração do luto, necessários para promoção da saúde mental materna e, consequentemente, proteção da VIDA APÓS A PERDA.
Descrição
Citação
ANDRADE, C H M. A vivência de mulheres em situação de abortamento espontâneo precoce. São Paulo, 2022. 85 f. Dissertação (Mestrado em Obstetrícia) - Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). São Paulo, 2022.