A Etocracia de Holbach: o materialismo como princípio de uma filosofia moral e política

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Data
2022-05-27
Autores
Ávila, Fábio Rodrigues de [UNIFESP]
Orientadores
Freitas, Jacira de [UNIFESP]
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
O objetivo dessa pesquisa é investigar os pressupostos teóricos materialistas presentes no desenvolvimento da filosofia moral e política do filósofo enciclopedista barão de Holbach. Na sua visão, o ser humano é constituído unicamente de matéria, cujos elementos constituintes são heterogêneos, o que permite pensar em uma natureza humana diversificada, apesar de possuir algumas qualidades comuns, como a sensibilidade, a razão, as paixões e o interesse pela própria felicidade. Holbach elabora, então, uma moral natural que possibilita ao ser humano tornar-se virtuoso e contribuir com a felicidade de seus semelhantes a partir da busca da própria felicidade, prescindindo de quaisquer princípios morais espiritualistas ou de conceitos metafísicos abstratos. Ao mesmo tempo, a sociedade é configurada como um corpo natural, constituído de elementos diversos que representam a diversidade da natureza humana, apesar de que algumas estruturas sociais, como a garantia de direitos naturais, a promoção da virtude pela autoridade soberana, a educação pública e a justiça social, sejam necessárias para sua manutenção. Essa moral natural proposta por Holbach tem a pretensão de ser universal, mas não busca estabelecer princípios absolutos, os quais deveriam moldar o cidadão e a sociedade de maneira uniforme. Pelo contrário, ela permite considerar que cada sociedade, assim como cada indivíduo, possui sua natureza singular e é capaz de encontrar princípios morais e políticos mais adequados à sua própria constituição, conforme seu solo, clima, recursos naturais e população e, não obstante a diversidade de seus elementos constituintes, tornar-se um corpo político ordenado e estável. Essa sociedade só é constante se possibilita aos seus membros usufruírem das suas qualidades intrínsecas, seguindo o impulso da busca da própria felicidade, mas sem deixar de contribuir com a felicidade comum. O desafio de estabelecer essa moral universal é, portanto, encontrar aquilo que é comum na natureza humana e sirva como fundamento para princípios morais e políticos.
The objective of this research is to investigate the materialist theoretical assumptions present in the development of the moral and political philosophy of the encyclopedist philosopher Baron de Holbach. In his view, the human being is made up only of matter, whose constituent elements are heterogeneous, which allows us to think of a diversified human nature, despite having some common qualities, such as sensitivity, reason, passions and an interest in happiness. Holbach then elaborates a natural morality that allows human beings to become virtuous and contribute to the happiness of their fellow human beings based on the search for their own happiness, disregarding any spiritualist moral principles or abstract metaphysical concepts. At the same time, society is configured as a natural body, made up of diverse elements that represent the diversity of human nature, despite the fact that some social structures, such as the guarantee of natural rights, the promotion of virtue by the sovereign authority, public education and social justice, are necessary for its maintenance. This natural morality proposed by Holbach is intended to be universal, but does not seek to establish absolute principles, which should shape the citizen and society in a uniform way. On the contrary, it allows us to consider that each society, as well as each individual, has its own unique nature and is capable of finding moral and political principles more suited to its own constitution, according to its soil, climate, natural resources and population and, despite the diversity of its constituent elements, to become an orderly and stable political body. This society is only constant if it allows its members to enjoy their intrinsic qualities, following the impulse of the search for their own happiness, but without ceasing to contribute to the common happiness. The challenge of establishing this universal morality is therefore to find what is common in human nature and serves as a foundation for moral and political principles.
L'objectif de cette recherche est d'étudier les hypothèses théoriques matérialistes présentes dans le développement de la philosophie morale et politique du philosophe encyclopédiste Baron de Holbach. Selon lui, l'être humain n'est constitué que de matière, dont les éléments constitutifs sont hétérogènes, ce qui permet de penser une nature humaine diversifiée, malgré certaines qualités communes, comme la sensibilité, la raison, les passions et le recherche du propre bonheur. Holbach élabore alors une morale naturelle qui permet aux êtres humains de devenir vertueux et de contribuer au bonheur de leurs semblables en se basant sur la recherche de leur propre bonheur, en faisant abstraction de tout principe moral spiritualiste ou de tout concept métaphysique abstrait. En même temps, la société est configurée comme un corps naturel, composé d'éléments divers qui représentent la diversité de la nature humaine, malgré le fait que certaines structures sociales, telles que la garantie des droits naturels, la promotion de la vertu par l'autorité souveraine , l'éducation publique et la justice sociale, sont nécessaires à son maintien. Cette morale naturelle proposée par Holbach se veut universelle, mais ne cherche pas à établir des principes absolus, qui devraient façonner le citoyen et la société de manière uniforme. Au contraire, elle permet de considérer que chaque société, comme chaque individu, a sa propre nature et est capable de trouver des principes moraux et politiques plus adaptés à sa propre constitution, selon son sol, son climat, ses ressources naturelles et population et, malgré la diversité de ses éléments constitutifs, à devenir un corps politique ordonné et stable. Cette société n'est constante que si elle permet à ses membres de jouir de leurs qualités intrinsèques, suivant l'impulsion de la recherche de leur propre bonheur, mais sans cesser de contribuer au bonheur commun. L'enjeu de l'établissement de cette morale universelle est donc de trouver ce qui est commun dans la nature humaine et sert de fondement aux principes moraux et politiques.
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