Características do sono na pneumonite de hipersensibilidade crônica: um estudo caso-controle

Abstract

Introduction: The prevalence of sleep respiratory disorders in interstitial lung diseases is unknown, being more studied in idiopathic pulmonary fibrosis, where the described prevalence is high, but these results were not compared with control groups. Furthermore, little is known about sleep in chronic hypersensitivity pneumonitis (cHP). Objectives: i) to correlate sleep parameters in cHP and individuals with normal spirometry, evaluating the frequency of obstructive sleep apnea (OSA) and nocturnal hypoxaemia during polysomnography (PSG); ii) to correlate the nocturnal hypoxaemia with PSG parameters, pulmonary function, PaO2 and oxygen saturation; iii) to evaluate the discriminatory power of sleep questionnaires in predicting OSA in cHP. Methods: Retrospective case-control study of cHP patients compared with individuals with normal spirometry from the general population of the city of São Paulo, from the study EPISONO. Results: One hundred twenty individuals were included, forty patients cases with cHP and eighty individuals without pulmonary disease at the group control, two for each case. There was a predominance of females (75%), median age was 60 years old [55.0 – 68.7], and body mass index 29,6 [25,5 - 33,6] kg/m2 in cHP vs. 29,9 [25,9 - 35,1] kg/m2 in controls. Mean FVC was 70.4 ± 17.9% predicted. Spirometric data were in the normal range in controls. The group with cHP presented apnoea-hypopnea index significantly lower compared to controls (Md=8.2 [4.0-14.9] vs. 14.0 [7.0-31.6], p<0.01). Patients with cHP presented a higher percentage of total sleep time with peripheral oxyhemoglobin saturation<90%, Md=4.2 [0.4-32.1] vs. 1.0 [0.1-5.8], p<0.01. In cHP, the time spent with SpO2<90% was negatively correlated with mean SpO2 at PSG before sleep and with carbon monoxide diffusion lung capacity. There was a borderline correlation between SpO2 at rest and arterial PaO2 with the time spent with SpO2<90% during sleep. Subjects with cHP were less sleepy despite worse sleep quality. Screening questionnaires, as the scores STOP-BANG and NoSAS were unable to predict the OSA diagnosis in cHP group. Conclusion: The frequency of OSA was high in cHP patients, but when compared to the group control, with nocturnal hypoxaemia being a frequent event and is related to baseline saturation in wakefulness.

Introdução: A prevalência de distúrbios do sono nas doenças pulmonares intersticiais é desconhecida, sendo mais estudada na fibrose pulmonar idiopática, onde a prevalência descrita é elevada, porém faltam comparações com grupos-controle. Pouco se sabe sobre o sono na pneumonite de hipersensibilidade crônica (PHc). Objetivos: i) comparar as características do sono em portadores de PHc e indivíduos com espirometria normal, avaliando a frequência de apneia obstrutiva do sono (AOS) e da hipoxemia noturna durante a polissonografia (PSG); ii) correlacionar a hipoxemia noturna com os parâmetros polissonográficos, de função pulmonar, PaO2 e saturação da oxihemoglobina; iii) avaliar o poder discriminatório de questionários de avaliação complementar do sono em predizer AOS na PHc. Métodos: Estudo retrospectivo, caso-controle, de pacientes portadores de PHc pareados e comparados com indivíduos da população geral da cidade de São Paulo com espirometria normal, provenientes do estudo EPISONO. Resultados: Cento e vinte indivíduos foram incluídos, sendo 40 casos portadores de PHc e 80 controles sem pneumopatia, dois para cada caso. Houve predominância do sexo feminino (75%), com mediana de idade de 60 anos [55,0 – 68,7]. A mediana do índice de massa corporal foi de 29,6 [25,5 - 33,6] kg/m2 para o grupo de PHc vs. 29,9 [25,9 - 35,1] kg/m2 nos controles. A média da CVF foi de 70,4 ± 17,9% do previsto. Valores espirométricos no grupo controle estavam na faixa prevista. O grupo de portadores de PHc apresentou índice de apneia e hipopneia significativamente menor em comparação aos controles, Md=8,2 [4,0-14,9] vs. 14,0 [7,0-31,6], p<0,01. O grupo de portadores de PHc apresentou maior porcentagem do tempo total de sono com saturação periférica da oxihemoglobina<90%, Md=4,2 [0,4-32,1] vs. 1,0 [0,1-5,8], p<0,01. Na PHc, o tempo com SpO2<90% se correlacionou de maneira negativa com a média da SpO2 na PSG antes do início do sono e com a capacidade de difusão para o monóxido de carbono. Houve correlação limítrofe entre a SpO2 de repouso e a PaO2 arterial com o tempo com SpO2<90% durante o sono. Portadores de PHc eram menos sonolentos a despeito de pior qualidade de sono. Questionários de rastreio, como os escores STOP-BANG e NoSAS, não foram capazes de predizer o diagnóstico de AOS em PHc. Conclusão: A frequência de AOS na PHc foi elevada, porém menor quando comparada a controles com espirometria normal, sendo a hipoxemia noturna um evento frequente na PHc e relacionada à saturação basal na vigília.