Viver e morrer em territórios periféricos: os significados e os sentidos da vivência concreta dos processos psicossociais de exclusão
Data
2020-04-17
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
The process of modernization of Brazilian society brings with it the naturalization of social inequality and the condition of sub-citizenship as a structural phenomenon that denounces our greatest societal conflict: the social and political abandonment of an entire social class of individuals. The moral value hierarchy (implicit and inarticulate) that governs our modern social contract produces, on the other, “sub-citizens” who, humiliated and disqualified, remain marginalized and without access to the principal capitals (economic, cultural, symbolic and social) produced socially. We start from the hypothesis that the condition of subcitizenship and the ways of life forged from it with intense experiences of deprivation, violence and misery, determine the production of illnesses and deaths of entire social classes in the peripheries of the great urban centers. In this way the present study had as main objective to understand the relationship that residents of a peripheral community of the Baixada Santista do between the precarious conditions of life to which they are submitted and the processes of illness and death that accompany their life trajectories, as well as the modes of sociability organized by them to confront these conditions. This is a qualitative study of a materialistic historical nature that intends to discuss the social determination of the health-disease process from the concrete experience of the subcitizenship condition experienced by the peripheral populations of the great urban centers, in the light of dialectic exclusion/inclusion. The analytical categories will be constructed and analyzed from the Qualitative Epistemology/or Subjectivity Theory. We argue that the condition of subcitizenship should be used as the central category of analysis of the social determination of the health-disease process, especially in peripheral capitalist economies such as Brazil. We hope that the present research can contribute to the strengthening of spaces of politicization of the subjects in the fight for better conditions of life and to face the iniquities in health that kill in a violent, unnecessary and unfair way the peripheral population an likewise, offer to the field of public health policies, a material capable of subsidizing the direction of local political strategies to face social inequality that consider the process of subjectivation shared among the peripheral populations as fundamental proponents in the construction of these policies.
O processo de modernização da sociedade brasileira traz em seu bojo a naturalização da desigualdade social e a condição de subcidadania enquanto fenômeno estrutural, que denuncia nosso maior conflito societário: o abandono social e político de uma classe social inteira de indivíduos. A hierarquia valorativa moral (implícita e inarticulada), que rege nosso contrato social moderno produz, de um lado, cidadãos reconhecidos, garantindo-lhes prestígio e privilégios e, de outro, “subcidadãos” que, humilhados e desclassificados, permanecem marginalizados e sem acesso aos principais capitais (econômicos, culturais, simbólicos e sociais) produzidos socialmente. Partimos da hipótese de que a condição de subcidadania e os modos de vida forjados a partir dela com experiências intensas de privação, violência e miséria, determinam a produção de adoecimentos e mortes de classes sociais inteiras nas periferias dos grandes centros urbanos. O presente estudo teve como principal objetivo compreender a relação que moradores de uma comunidade periférica da Baixada Santista fazem entre as condições precárias de vida a que estão submetidos e os processos de adoecimento e morte que acompanham suas trajetórias de vida, bem como os modos de sociabilidade organizados pelos mesmos para o enfrentamento destas condições. Trata-se de um estudo qualitativo, de cunho materialista histórico, que pretende discutir a determinação social do processo saúde-doença a partir da vivência concreta da condição de subcidadania experimentada pelas populações periféricas dos grandes centros urbanos, à luz da dialética exclusão/inclusão. As categorias analíticas serão construídas e analisadas a partir da Epistemologia Qualitativa e/ou Teoria da Subjetividade. Defendemos que a condição de subcidadania seja utilizada como categoria central de análise da determinação social do processo saúde-doença, sobretudo em sociedades de economias capitalistas periféricas, como o Brasil. Esperamos que a presente pesquisa possa contribuir com o fortalecimento de espaços de politização dos sujeitos na luta por melhores condições de vida e para o enfrentamento às iniquidades em saúde, que matam de forma violenta, desnecessária e injusta a população periférica. Da mesma forma, oferecer ao campo das políticas públicas de saúde um material capaz de subsidiar o direcionamento de estratégias políticas locais de enfrentamento à desigualdade social, que considerem os processos de subjetivação compartilhados entre as populações periféricas como balizadores fundamentais na construção destas políticas.
O processo de modernização da sociedade brasileira traz em seu bojo a naturalização da desigualdade social e a condição de subcidadania enquanto fenômeno estrutural, que denuncia nosso maior conflito societário: o abandono social e político de uma classe social inteira de indivíduos. A hierarquia valorativa moral (implícita e inarticulada), que rege nosso contrato social moderno produz, de um lado, cidadãos reconhecidos, garantindo-lhes prestígio e privilégios e, de outro, “subcidadãos” que, humilhados e desclassificados, permanecem marginalizados e sem acesso aos principais capitais (econômicos, culturais, simbólicos e sociais) produzidos socialmente. Partimos da hipótese de que a condição de subcidadania e os modos de vida forjados a partir dela com experiências intensas de privação, violência e miséria, determinam a produção de adoecimentos e mortes de classes sociais inteiras nas periferias dos grandes centros urbanos. O presente estudo teve como principal objetivo compreender a relação que moradores de uma comunidade periférica da Baixada Santista fazem entre as condições precárias de vida a que estão submetidos e os processos de adoecimento e morte que acompanham suas trajetórias de vida, bem como os modos de sociabilidade organizados pelos mesmos para o enfrentamento destas condições. Trata-se de um estudo qualitativo, de cunho materialista histórico, que pretende discutir a determinação social do processo saúde-doença a partir da vivência concreta da condição de subcidadania experimentada pelas populações periféricas dos grandes centros urbanos, à luz da dialética exclusão/inclusão. As categorias analíticas serão construídas e analisadas a partir da Epistemologia Qualitativa e/ou Teoria da Subjetividade. Defendemos que a condição de subcidadania seja utilizada como categoria central de análise da determinação social do processo saúde-doença, sobretudo em sociedades de economias capitalistas periféricas, como o Brasil. Esperamos que a presente pesquisa possa contribuir com o fortalecimento de espaços de politização dos sujeitos na luta por melhores condições de vida e para o enfrentamento às iniquidades em saúde, que matam de forma violenta, desnecessária e injusta a população periférica. Da mesma forma, oferecer ao campo das políticas públicas de saúde um material capaz de subsidiar o direcionamento de estratégias políticas locais de enfrentamento à desigualdade social, que considerem os processos de subjetivação compartilhados entre as populações periféricas como balizadores fundamentais na construção destas políticas.