Perda de potenciais doadores de órgãos e tecidos nos principais hospitais notificadores do estado de São Paulo

Date
2020-06-25Author
Santiago, Alessandra Duarte [UNIFESP]
Advisor
Schirmer, Janine [UNIFESP]Type
Dissertação de mestradoMetadata
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Introduction: The search for an increase in the number of organ and tissue donations for transplants intensifies each year in Brazil. However, even with the increasing number of donations, statistics prove that they are still insufficient for the demand of receivers enrolled in the technical register (waiting list). In Brazil, of the 70 potential donors per million population so year (pmp/year), only 51.9 pmp/year are notified to CETs (State Transplant Centers), with only 17.0 effective donors (pmp/year), according to 2018 data. In the same year, 10,779 donors were notified and only 3,531 effective donors were notified. The loss of potential donors was higher when compared to the effective donations. Among the reasons for loss of potential donors, it is noted: family negative (42%), cardiac arrest (12%) and medical contraindication (15%). Hospital records regarding organ donation are insufficient and, when added to the fact that Brazil does not have a quality program that determines the real causes of losses due to underreporting, maintenance of the potential donor and family refusal, make it impossible for any type of evaluation and implementation of health policies capable of assisting in changing this scenario. Objective: Evaluate the losses of potential donors in hospital institutions in the State of São Paulo. Method: Retrospective cohort study based on hospital records of deaths reported to the São Paulo State Transplant Center from 2015 to 2017 through the Information Form of Deaths, based on the Spanish quality model. Results: The information was analyzed 33,175 death records. The mean age at the time of death Pwas 64.2 years and 54.9% were male. Cardiovascular, neurological and respiratory diseases were the causes of more frequent hospitalizations (above 17.0%). 38.0% already had Glasgow 3 on admission to critical units, 68.4% of deaths were in the ICU, with more causes of death being infection (27.5%). Only 867 of the 33,175 cases of death (2.6%) met the criteria of possible and potential donor. Among these cases, only 330 (38.1%) hemodynamic maintenance conditions to donate the organs. Among the deaths that reached potential donors (867), more than 95% of them did not reach the complementary diagnostic examination of ME. Hypotension was the leading cause of loss of potential donors when related to hemodynamic maintenance (55.6% of cases). There are 1.6 cases of loss for each apt donor. There was an association between loss and cause of death (p=0.031), in which individuals who died from cardiovascular diseases have a chance of not being able to donate organs 5.0 times higher than those who had cause of death from neurological diseases. Conclusion: The analysis of reported deaths shows the loss of continuity of the organ donation process both by underreporting of brain death cases (ME), and inadequate hemodynamic maintenance to ensure the beginning of the opening of the ME protocol and also protocol for absence of further examination. There is no difference between losses when deaths in ICU or PS are compared, showing that the difficulty in identifying the potential donor and performing their hemodynamic maintenance occurs independently of its hospitalization sector. The incompleteness of the data, lack of training to fill the records and inadequate filling, hinders reliable analysis of the potential donor of each hospital. Introdução: A busca pelo aumento no número de doações de órgãos e tecidos para transplantes se intensifica a cada ano no Brasil. Porém, mesmo com o número crescente de doações, as estatísticas provam que ainda são insuficientes para a demanda de receptores inscritos no cadastro técnico (lista de espera). No Brasil, dos 70 potenciais doadores por milhão de população no ano (pmp/ano), apenas 51,9 pmp/ano são notificados às CETs (Centrais Estaduais de Transplantes), sendo somente 17,0 efetivos doadores (pmp/ano), conforme dados de 2018. No mesmo ano, foram notificados 10.779 doadores e, apenas 3.531 doadores efetivos. A perda de potenciais doadores foi superior, quando comparada às doações efetivadas. Entre os motivos de perda de potenciais doadores, nota-se: negativa familiar (42%), parada cardíaca (12%) e contraindicação médica (15%). Os registros hospitalares a respeito da doação de órgãos são insuficientes e, quando somados ao fato de o Brasil não ter um programa de qualidade que determine as causas reais das perdas por subnotificação, manutenção do potencial doador e recusa familiar, impossibilitam qualquer tipo de avaliação e implantação de políticas de saúde capazes de auxiliar na mudança desse cenário. Objetivo: Avaliar as perdas de potenciais doadores nas instituições hospitalares do Estado de São Paulo. Método: Estudo de coorte retrospectivo baseado nos registros hospitalares de óbitos notificados à Central Estadual de Transplantes de São Paulo no período de 2015 a 2017 através do Formulário Informativo de Óbitos, baseado no modelo espanhol de qualidade. Resultados: Foram analisadas as informações 33.175 registros de óbitos. A média de idade no momento do óbito foi de 64,2 anos sendo que 54,9% eram do sexo masculino. Doenças cardiovasculares, neurológicas e respiratórias, foram as causas de internações mais frequentes (acima de 17,0%). 38,0% já apresentavam Glasgow 3 na admissão nas unidades críticas, sendo que 68,4% dos óbitos foram em UTI, tendo como causas de morte mais frequentes a infecção (27,5%). Somente, 867 dos 33.175 casos de óbito (2,6%) atenderam aos critérios de possível e potencial doador. Dentre esses casos, apenas 330 (38,1%) estariam em condições de manutenção hemodinâmica de doar os órgãos. Entre os óbitos que chegaram a ser potenciais doadores (867), mais de 95% deles não chegaram a realizar o exame complementar diagnóstico de ME. A hipotensão foi a maior causa de perda de potenciais doadores quando relacionada à manutenção hemodinâmica (55,6% dos casos). Há 1,6 casos de perda para cada doador apto. Houve associação entre a perda e causa de morte (p=0,031), na qual, os indivíduos que foram a óbito por doenças cardiovasculares têm chance de não conseguir doar órgãos 5,0 vezes maior do que aqueles que tiveram causa de óbito por doenças neurológicas. Conclusão: A análise dos óbitos notificados mostra a perda de continuidade do processo de doação de órgãos tanto por subnotificação dos casos de morte encefálica (ME), quanto pela manutenção hemodinâmica inadequada para garantir o início da abertura do protocolo de ME e também pela não conclusão do protocolo por ausência do exame complementar. Não há diferença entre as perdas quando se é comparado os óbitos em UTI ou PS, mostrando que a dificuldade em identificar o potencial doador e realizar sua manutenção hemodinâmica ocorre independente do seu setor de internação. A incompletude dos dados, falta de treinamento para preenchimento dos registros e o preenchimento inadequado, dificulta análise fidedigna do potencial doador de cada hospital.
Keywords
Organ DonationOrgan Donor
Brain Death
Nursing
Transplantation
Doação De Órgãos
Doador De Órgãos
Morte Encefálica
Enfermagem
Transplante
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