Aspectos farmacoeconômicos da eficácia e segurança do uso de dose única de timoglobulina em receptores de transplante renal
Data
2020-10-29
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Introduction: Pharmacoeconomic analyses are important to demonstrate the impact of associated costs and compared to clinical outcomes obtained through a new drug therapy or health technology. In 2014, a new induction therapy protocol was implemented at Hospital do Rim, introducing a single dose of 3mg/kg of thymoglobulin to recipients with low risk of graft loss, who did not receive induction therapy. This change was motivated by scientific evidence and prior experience with this therapy that resulted in reduction of acute rejection and no increase in cytomegalovirus infections. Objectives: To determine the incremental cost-effectiveness ratio for episodes of acute rejection avoided in first year, and the incremental cost-effectiveness ratio for kidney graft survival, in 4 and 10 years after transplantation. Methods: A single-center, retrospective study developed from SUS perspective, considering reimbursement values as well as guidelines for use of transplant center resources. Patients included were adults kidney transplant recipients, living or standard deceased donor, with Luminex panel reactive antibody PRA <50%, followed up at outpatient clinic in Hospital do rim and received maintenance immunosuppressive therapy consisting of tacrolimus, prednisone and azathioprine. Cost-effectiveness analyses were performed in the first year after kidney transplantation through observed data that were applied on projections for 4 and 10 years through Markov model. Clinical outcomes selected for these analyses were cytomegalovirus infection, acute rejection, graft loss, return to dialysis, re-transplant and death. Economic outcomes contemplated were direct medical costs, including medical resources used directly to treat patients, immunosuppression costs, treatment of selected clinical outcomes, and follow-up of patients undergoing kidney transplantation. Probabilistic sensitivity analyses were performed to validate results. Results: A total of 932 kidney transplant recipients were included, 466 in thymoglobulin induction group and 466 in historical control group who did not receive induction. Sensitivity analyses confirm all observed and projected results. The cost-effectiveness analysis for avoided episodes of acute rejection, revealed greater effectiveness in the thymoglobulin induction group , avoiding 172 episodes of rejection, and an incremental cost-effectiveness ratio of R$ 2.076,05, per episode of acute rejection avoided, in the first year after the transplant. In the cost-effectiveness analysis for graft survival, an incremental graft survival of 0,06 and 0,16 years was obtained in 4 and 10 years in the group of patients who received thymoglobulin, and an incremental total cost of -R$ 1.647,00 and -R$ 12.496,00, remaining dominant in these time horizons. Sensitivity analyses confirmed the observed and projected results. The model remained dominant at 55% and 60%, at 4 and 10 years. Conclusion: In the first year after kidney transplantation, induction therapy with thymoglobulin prevented a relevant number of episodes of acute rejection, applying an acceptable incremental cost per episode avoided. At 4 and 10 years after kidney transplantation, a small gain in effectiveness of kidney graft survival was demonstrated, associated with a reduction in incremental costs, mainly explained by the difference in costs between the third and fourth year in relation to graft loss , consequence of which is the return to dialysis, the most expensive state of health in the model.
Introdução: Análises farmacoeconômicas são importantes para demonstrar o impacto dos custos associados e comparados a desfechos clínicos obtidos através da aplicação de uma terapia farmacológica ou nova tecnologia em saúde. Em 2014, foi implementado no Hospital do Rim um novo protocolo para terapia de indução, introduzindo uma dose única de 3mg/kg de timoglobulina para os receptores com baixo risco de perda do enxerto renal, que previamente não recebiam terapia de indução. Essa mudança foi motivada pela evidência científica e experiência prévia com essa terapia, que resultou na redução de rejeição aguda e não aumento de infecções por citomegalovírus. Objetivos: Determinar a razão custo-efetividade incremental para episódios de rejeição aguda evitados, no primeiro ano e a razão custo-efetividade incremental para sobrevida do enxerto renal, em 4 e 10 anos após o transplante. Métodos: Estudo de centro único, retrospectivo e desenvolvido sob a ótica do SUS, considerando os valores de reembolso, bem como as diretrizes de uso de recursos do centro de transplante. Foram incluídos receptores de transplante renal com idade ≥18 anos, de doador vivo ou doador falecido padrão com painel de reatividade de anticorpos medida por Luminex cPRA <50%, que foram acompanhados no ambulatório pós-transplante do Hospital do Rim e que receberam a terapia imunossupressora de manutenção composta por tacrolimo, prednisona e azatioprina. As análises de custo-efetividade foram realizadas no primeiro ano após o transplante renal através dos dados observados que foram aplicados nas projeções para 4 e 10 anos, através do modelo de Markov. Os desfechos clínicos selecionados para estas análises foram a infecção pelo citomegalovirus, rejeição aguda, perda do enxerto, retorno a diálise, re-transplante e óbito. Os resultados econômicos contemplados foram os custos médicos diretos, incluindo recursos médicos utilizados diretamente para o tratamento do paciente, custos de imunossupressão, tratamento dos desfechos clínicos selecionados e o acompanhamento de pacientes submetidos ao transplante renal. Análises de sensibilidade probabilística foram realizadas para validar os resultados. Resultados: Foram incluídos 932 receptores de transplante renal, 466 no grupo que recebeu timoglobulina e 466 no grupo controle histórico que não recebeu indução. A análise de custo-efetividade para episódios de rejeição aguda evitados, revelou maior efetividade no grupo com indução com timoglobulina, evitando 172 episódios de rejeição, e uma razão de custo-efetividade incremental de R$ 2.076,05 por episódio de rejeição aguda evitado, no primeiro ano após o transplante. Já na análise de custo-efetividade para sobrevida do enxerto, obteve-se uma sobrevida do enxerto incremental de 0,06 e 0,16 anos em 4 e 10 anos no grupo de pacientes que receberam timoglobulina, e um custo total incremental de -R$ 1.647,00 e -R$ 12.496,00, permanecendo dominante nesses horizontes de tempo. As análises de sensibilidade confirmaram os resultados observados e projetados. O modelo permaneceu dominante em 55% e 60%, em 4 e 10 anos. Conclusão: No primeiro ano após o transplante renal, a terapia de indução com timoglobulina evitou um número relevante de episódios de rejeição aguda, aplicando-se um custo incremental aceitável por episódio evitado. Em 4 e 10 anos após o transplante renal, foi demonstrado um pequeno ganho de efetividade em sobrevida do enxerto renal, associado a uma redução do custo incremental, explicado principalmente, pela diferença de custos entre o terceiro e quarto ano em relação a perda do enxerto, cuja consequência é o retorno à diálise, o estado de saúde mais oneroso do modelo.
Introdução: Análises farmacoeconômicas são importantes para demonstrar o impacto dos custos associados e comparados a desfechos clínicos obtidos através da aplicação de uma terapia farmacológica ou nova tecnologia em saúde. Em 2014, foi implementado no Hospital do Rim um novo protocolo para terapia de indução, introduzindo uma dose única de 3mg/kg de timoglobulina para os receptores com baixo risco de perda do enxerto renal, que previamente não recebiam terapia de indução. Essa mudança foi motivada pela evidência científica e experiência prévia com essa terapia, que resultou na redução de rejeição aguda e não aumento de infecções por citomegalovírus. Objetivos: Determinar a razão custo-efetividade incremental para episódios de rejeição aguda evitados, no primeiro ano e a razão custo-efetividade incremental para sobrevida do enxerto renal, em 4 e 10 anos após o transplante. Métodos: Estudo de centro único, retrospectivo e desenvolvido sob a ótica do SUS, considerando os valores de reembolso, bem como as diretrizes de uso de recursos do centro de transplante. Foram incluídos receptores de transplante renal com idade ≥18 anos, de doador vivo ou doador falecido padrão com painel de reatividade de anticorpos medida por Luminex cPRA <50%, que foram acompanhados no ambulatório pós-transplante do Hospital do Rim e que receberam a terapia imunossupressora de manutenção composta por tacrolimo, prednisona e azatioprina. As análises de custo-efetividade foram realizadas no primeiro ano após o transplante renal através dos dados observados que foram aplicados nas projeções para 4 e 10 anos, através do modelo de Markov. Os desfechos clínicos selecionados para estas análises foram a infecção pelo citomegalovirus, rejeição aguda, perda do enxerto, retorno a diálise, re-transplante e óbito. Os resultados econômicos contemplados foram os custos médicos diretos, incluindo recursos médicos utilizados diretamente para o tratamento do paciente, custos de imunossupressão, tratamento dos desfechos clínicos selecionados e o acompanhamento de pacientes submetidos ao transplante renal. Análises de sensibilidade probabilística foram realizadas para validar os resultados. Resultados: Foram incluídos 932 receptores de transplante renal, 466 no grupo que recebeu timoglobulina e 466 no grupo controle histórico que não recebeu indução. A análise de custo-efetividade para episódios de rejeição aguda evitados, revelou maior efetividade no grupo com indução com timoglobulina, evitando 172 episódios de rejeição, e uma razão de custo-efetividade incremental de R$ 2.076,05 por episódio de rejeição aguda evitado, no primeiro ano após o transplante. Já na análise de custo-efetividade para sobrevida do enxerto, obteve-se uma sobrevida do enxerto incremental de 0,06 e 0,16 anos em 4 e 10 anos no grupo de pacientes que receberam timoglobulina, e um custo total incremental de -R$ 1.647,00 e -R$ 12.496,00, permanecendo dominante nesses horizontes de tempo. As análises de sensibilidade confirmaram os resultados observados e projetados. O modelo permaneceu dominante em 55% e 60%, em 4 e 10 anos. Conclusão: No primeiro ano após o transplante renal, a terapia de indução com timoglobulina evitou um número relevante de episódios de rejeição aguda, aplicando-se um custo incremental aceitável por episódio evitado. Em 4 e 10 anos após o transplante renal, foi demonstrado um pequeno ganho de efetividade em sobrevida do enxerto renal, associado a uma redução do custo incremental, explicado principalmente, pela diferença de custos entre o terceiro e quarto ano em relação a perda do enxerto, cuja consequência é o retorno à diálise, o estado de saúde mais oneroso do modelo.