Prevalência de adição por alimentos e sua associação com ansiedade, depressão, adesão às medidas de distanciamento social e marcadores de consumo alimentar em universitários brasileiros durante a pandemia de COVID-19: um estudo nacional
Data
2022-02-23
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
O objetivo desta dissertação foi determinar a prevalência de adição por alimentos e verificar se existe associação desta com a ansiedade, a depressão, a adesão às medidas de distanciamento social e os marcadores de consumo alimentar em estudantes universitários brasileiros durante a pandemia de COVID-19. Trata-se de um estudo transversal. Foram recrutados estudantes universitários de 94 universidades e centro universitários da rede pública e privada de ensino brasileiro, distribuídas em todas as Unidades Federativas. O questionário online para coleta de dados foi desenvolvido e divulgado por meio de convites enviados por e-mail aos dirigentes universitários, aos alunos, sites institucionais e redes sociais oficiais das instituições. Todos os participantes foram solicitados a relatar dados sobre a idade (em anos), data de nascimento, sexo, instituição de ensino a qual eram filiados, UF, estado civil e raça/cor da pele. Foram coletados dados sobre o consumo regular de bebidas alcóolicas, tabagismo, a prática de exercício físico e se tinham recebido diagnóstico médico de depressão. A adesão às medidas de distanciamento social e os dados antropométricos foram autorrelatados. Foi utilizado o Critério de Classificação Econômica Brasil para determinar a classe econômica. Os marcadores de consumo alimentar foram avaliados com o bloco de questões do questionário do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional para crianças com 2 anos ou mais, adolescentes, adultos e idosos. Também foram utilizados a Generalized Anxiety Disorder 7-items scale e a modified Yale Food Addiction Scale 2.0, para avaliar o transtorno de ansiedade generalizada e a adição por alimentos. Os resultados são apresentados em dois artigos originais. O primeiro artigo teve o objetivo de determinar a prevalência de adição por alimentos e sua associação com ansiedade, depressão e adesão às medidas de distanciamento social durante a pandemia de COVID19. Foram incluídos 5.368 participantes, com média de idade de 24,1 ± 6,3 anos, a maioria do sexo feminino (n = 3.990; 74,3%), e índice de massa corporal médio de 24,5 ± 5,3 Kg/m2. A prevalência de adição por alimentos foi de 19,1% (IC95%: 18,0; 20,0%). Observou-se associação entre adição por alimentos com depressão (RP: 1,60; IC 95%: 1,43; 1,78) e ansiedade (3,13; IC 95%: 2,74; 3,58), mas não com a adesão às medidas de distanciamento (p = 0,70). O segundo artigo objetivou determinar se existe associação entre adição por alimentos e os marcadores de consumo alimentar em estudantes universitários brasileiros. A amostra final foi composta por 5.946 participantes com média de idade de 24 (DP:6) anos, 4.371 (73,5%) eram do sexo feminino e 1.100 (18,5%) atenderam os critérios para o diagnóstico de adição por alimentos. Observou-se associações positivas entre adição por alimentos e hábito de realizar as refeições em frente a tela (RP: 1,30; IC95%: 1,13; 1,49) e o de realizar a ceia (RP: 1,18; IC95%: 1,06; 1,31) e negativa com o costume de realizar o café da manhã (RP: 0,82; IC95%: 0,74; 0,92). Os indivíduos com adição por alimentos apresentaram menor consumo de feijão (RP: 0,93; IC95%: 0,87; 0,99) e maiores de macarrão instantâneo, salgadinho de pacote ou biscoitos salgados (RP: 1,17; IC95%: 1,03; 1,33) e de biscoito recheado, doces ou guloseimas (RP: 1,14; IC95%: 1,05; 1,24). Diante do exposto, conclui-se que a prevalência de adição por alimentos entre os estudantes universitários do Brasil foi maior do que as prevalências observadas em outros estudos conduzidos no país antes da pandemia de COVID-19. Observou-se associação da adição por alimentos com a ansiedade e depressão, mas não com a adesão às medidas de distanciamento social. Além disso, os indivíduos com adição por alimentos mais propensos a consumir alimentos no período noturno, realizar refeições em frente a tela, a ter maior ingestão de marcadores de consumo alimentar não saudáveis e menor consumo de marcador de alimentação saudável entre os participantes com adição por alimentos.
Descrição
Citação
SILVA JÚNIOR, André Eduardo. Prevalência de adição por alimentos e sua associação com ansiedade, depressão, adesão às medidas de distanciamento social e marcadores de consumo alimentar em universitários brasileiros durante a pandemia de COVID-19: um estudo nacional. São Paulo, 2022. 87 f. Dissertação (Mestrado em Nutrição) – Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2022