A epidemiologia da arterite de Takayasu no município do Rio de Janeiro: um estudo de base populacional

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Data
2022-03-25
Autores
Vieira Gonçalves, Matheus [UNIFESP]
Orientadores
Souza, Alexandre Wagner Silva de [UNIFESP]
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
Introdução: A arterite de Takayasu (TAK) é uma vasculite sistêmica primária de distribuição mundial com notáveis variações geoepidemiológicas. Poucos estudos de base populacional foram realizados para a arterite Takayasu (TAK) em todo o mundo, e, até o momento, não há dados de prevalência ou incidência para a América Latina. Objetivos: Este estudo foi concebido para compreender a epidemiologia de TAK no município do Rio de Janeiro, tendo como objetivo primário o cálculo de sua prevalência de período em 2020. Os objetivos secundários incluíram a estimativa da taxa de incidência média da TAK dos 10 anos anteriores ao estudo, a descrição do perfil demográfico destes pacientes, assim como o impacto das diferenças étnico-demográficas na prevalência da TAK, a comparação dos resultados da pesquisa de campo com os de bases de dados governamentais, e também a comparação dos pacientes em função do sexo, cor da pele, idade de apresentação da doença e serviço de acompanhamento. Métodos: Estudo de campo transversal onde médicos que acompanhavam regularmente pacientes de TAK em consultório público ou privado do Rio de Janeiro foram convidados a preencher questionário eletrônico (REDCap). Os pacientes incluídos deveriam habitar no município do Rio de Janeiro e preencher critérios classificatórios/diagnósticos internacionalmente aceitos para as formas adulta e juvenil da TAK. A prevalência da TAK para o ano de 2020 foi calculada como casos/1.000.000 de habitantes (106). A ocorrência do CID-10 de TAK (M31.4) também foi analisada em bases de dados governamentais para avaliação comparativa de prevalência. A taxa de incidência da doença foi estimada em casos/106/ano usando cortes retrospectivos dos diagnósticos realizados entre 2010 e 2019. Modelos de regressão de Poisson com variância robusta foram utilizados para avaliar o risco de ser diagnosticado com TAK entre 2010-2019 entre diferentes estratos demográficos. Resultados: Entre maio/2020 e maio/2021, 114 pacientes foram analisados. Noventa e sete (85,1%) eram do sexo feminino e as cores de pele mais frequentemente auto-relatadas foram branca (44,7%), parda (33,3%) e preta (16,7%). A prevalência de TAK 2020 foi de 16,9 casos/106 (IC 95% 14,1-20,3); vii indivíduos do sexo feminino e de cor da pele preta tiveram taxas de prevalência de 27,0 (IC 95% 22,2-33,3) e 25,1 casos/106 (IC 95% 16,1-39,3), respectivamente. A análise dos bancos de dados governamentais gerou uma prevalência de 7,26 casos/106 (IC 95%CI 5,49-9,60). A taxa de incidência média entre 2010-2019 foi de 0,94 casos/106/ano (IC 95%C 0,73-1,21). Mulheres tiveram um risco significativamente maior de TAK do que os homens entre 2010- 2019 (RR: 2,70; 95% CI 1,59-4,55, p<0,0001). Pacientes com cor da pele parda ou preta tiveram início dos sintomas mais precoce em relação aos brancos (24,0 vs. 30,8 anos; p = 0,010). Conclusão: Neste estudo de campo de maior base populacional até o momento e primeiro latino-americano de prevalência de TAK, o Rio de Janeiro em 2020 mostrou uma prevalência intermediária entre os continentes Europeu e Asiático. Indivíduos do sexo feminino e com cor da pele preta foram mais afetados que a população geral.
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