Desempenho da bioimpedância elétrica segmentar na identificação de risco de pré-eclâmpsia

Abstract

RESUMO Introdução: A pré-eclâmpsia (PE) acomete 2-8% das gestações e é uma das principais causas de morbidade e mortalidade materna em todo o mundo. Métodos para a identificação precoce das gestantes com maior risco para PE possibilitariam a introdução de intervenções para reduzir desfechos adversos maternos e perinatais. Objetivo geral: Avaliar o desempenho da bioimpedância elétrica (BIA) na predição do desenvolvimento de PE; e específicos: a) aferir com BIA a gordura corporal água corporal total e a relação entre seus compartimentos (intra e extracelular); b) verificar se os resultados identificaram as gestantes com risco de desenvolver PE. Material e método: Este coorte prospectivo recrutou nulíparas saudáveis. As participantes realizaram BIA com 17-20 semanas e foram acompanhadas até seis semanas pós-parto. A capacidade preditiva das diversas variáveis da BIA para o surgimento de PE foi avaliada por regressão logística univariada e multivariada. A probabilidade de ocorrência de PE foi estimada a partir do modelo de regressão ajustado. A adequação do modelo final foi calculada pelo teste de Hosmer-Lemeshow. Criamos curvas ROC para avaliar a sensibilidade e especificidade de diferentes estimativas da BIA na predição da PE. Resultados: 196 gestantes participaram do estudo e 12 (6,1%) desenvolveram PE. No modelo multivariado final as variáveis da BIA entre 17-20 semanas associadas com ocorrência de PE foram a relação água extracelular/água intracelular ≤ 0,61, massa musculoesquelética ≥ 25 Kg e a gordura corporal ≥ 44%. A combinação dessas três estimativas teve acurácia preditiva de 83,7%, sensibilidade de 83,3%, especificidade de 83,7% e valor preditivo negativo de 98,7% para PE. Conclusão: A BIA realizada em nulíparas entre 17-20 semanas teve boa acurácia e alto valor preditivo negativo para o risco de desenvolver PE.

ABSTRACT Introduction: Preeclampsia (PE) affects 2–8% of pregnancies and is one of the main causes of maternal morbidity and mortality worldwide. Early identification of pregnant women at higher risk for PE would allow the use of interventions to reduce adverse maternal and perinatal outcomes. Objective: To assess the ability of bioelectrical impedance analysis (BIA) in pregnancy to predict the development of PE. Methods: This prospective cohort involved healthy nulliparas who underwent BIA at 17–20 weeks´ gestation and were followed until delivery. We used univariate and multivariate logistic regression to assess the ability of BIA measures to predict the occurrence of PE. We used an adjusted regression model to estimate the probability of developing PE, the HosmerLemeshow test to assess the adequacy of the final model, and ROC curves to assess the sensitivity and specificity of different BIA measures in the prediction of PE. Results: Twelve (6.1%) of the 196 participants developed PE. In the final multivariate model, the following BIA measures were associated with the occurrence of PE: extracellular water/intracellular water ≤ 0.618, skeletal muscle mass ≥ 25 Kg, and body fat percentage ≥ 44%. The combination of these three measures had a predictive accuracy of 83.7%, a sensitivity of 83.3%, a specificity of 83.7%, and a negative predictive value of 98.7% for PE. Conclusion: BIA done on nulliparous women at 17–20 weeks´ gestation has a good accuracy and high negative predictive value for the risk of developing PE.