Efeitos do açaí sobre a resposta do inflamassoma NLRP3 no diabetes mellitus in vitro e in vivo no rim
Data
2021
Autores
Lima, Deyse Yorgos
Orientadores
Higa, Elisa Mieko Suemitsu [UNIFESP]
Tipo
Tese de doutorado
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Resumo
Introdução: Diabetes mellitus é uma doença crônica inflamatória caracterizada pela
hiperglicemia, que pode prejudicar a função de vários órgãos, entre eles o rim, resultando na
nefropatia diabética (ND). A hiperglicemia pode ativar células mesangiais (CM), que são
responsáveis pela filtração glomerular, e induzir a produção de citocinas e óxido nítrico (NO),
potente vasodilatador; além disso, também estimula a secreção de fatores inflamatórios
associados à imunidade inata, como receptores Nod-like (NLR), constituintes do complexo
inflamassoma NLR contendo pirina 3 (NLRP3 - mediador da resposta imune inata). O açaí
(Euterpe oleracea) é uma fruta tropical natural da Amazônia que possui alta capacidade
antioxidante, sendo rico em polifenóis, como antocianinas e flavonoides. Objetivos: Estudar os
efeitos do açaí sobre o inflamassoma NLRP3 no diabetes mellitus in vitro e in vivo no rim.
Metodologia: Protocolo in vitro - Células mensagiais humanas imortalizadas (CMHI) foram
cultivadas conforme os grupos: glicose normal (NG) e alta glicose (HG); CMHI em meio HG
foram tratadas ou não com extrato de açaí (EA) 500, 100 e 50 ug/mL. A viabilidade celular e a
proliferação foram determinadas por MTT, após 72 horas. A produção de espécies reativas de
oxigênio (EROs) foi avaliada pelo ensaio de DCFH-DA; o conteúdo proteico de NLRP3 foi
determinado por Western blotting. Protocolo in vivo - Ratos Wistar machos foram divididos
aleatoriamente em grupos Controle (CTL) e Diabético (DM). Os animais DM foram
uninefrectomizados e o diabetes mellitus foi induzido usando estreptozotocina (60 mg/ Kg, I.V.).
Os ratos receberam via gavagem 200 mg/ Kg/ dia de EA diluído em água por 56 dias
consecutivos, formando os grupos CTLEA e DMEA. Os animais foram eutanasiados e o rim
remanescente foi armazenado em freezer -80oC; em seguida foram realizadas análises do perfil
metabólico e função renal no plasma e urina. O córtex renal foi homogeneizado para realização
de Western blotting, utilizando-se os anticorpos contra NLRP3, caspase-1, ASC, IL-1β e p-53. A
análise da expressão gênica do NLRP3 e da caspase-1 no tecido renal foi realizada por meio de
qPCR. Os resultados foram descritos como média ± EP, considerando P <0,05. Resultados:
Protocolo in vitro - CMHI apresentaram boa viabilidade (90%) e houve significante aumento da
proliferação celular (191,8 ± 7,4 vs. 100,0 ± 0,01), da produção de EROs (5251 ± 57,9) e da
expressão de NLRP3 (1056 ± 0,03) no grupo HG vs. NG. O EA reduziu a proliferação celular em
XIX
todas as doses (147,9 ± 5,8; 158 ± 8,1 e 118,2 ± 16,1), as EROs nas doses de 500 (4813 ± 44,5) e
100 μg/mL (4846 ± 49,2) e o conteúdo proteico de NLRP3, nas doses de 100 e 50 μg/mL (0,88 ±
0,02; 0,88 ± 0,04, respectivamente). Protocolo in vivo - O grupo DMEA mostrou redução
significante da glicemia e demais parâmetros metabólicos, além de melhora na função renal e
proteinúria após 3, 28 e 56 dias de tratamento; bem como, redução do estresse oxidativo e
redução de alterações estruturais do córtex renal como esclerose difusa e degeneração glicosídica,
quando comparado com o grupo DM. O conteúdo proteico do complexo do inflamassoma
(NLRP3 2,27 ± 0,1 vs. 1,83 ± 0,03; ASC 1,68 ± 0,1 vs. 1,1 ± 0,1 e IL-1β 2,29 ± 0,3 vs. 1,6 ± 0,1)
e da proteína p53 (2,0 ± 0,1 vs. 0,94 ± 0,1) estava elevado no grupo DM vs. CTL (P <0,05),
exceto caspase-1; entretanto, os animais do grupo DMEA apresentaram redução significativa
dessas proteínas quando comparados ao grupo DM (NLRP3 1,9 ± 0,1; ASC 1,3 ± 0,1; IL-1β 1,4 ±
0,2 e p53 1,6 ± 0,01, respectivamente). Além disso, a EA foi capaz de reduzir a expressão gênica
de NLRP3 e caspase-1 (1,7 ± 0,5 vs. 6,03 ± 0,9) (vs. grupo DM). Conclusões: O consumo do EA
poderia contribuir para o melhor controle do estresse oxidativo associado à inibição da ativação
do inflamassoma NLRP3 e do p53, sugerindo a importância de compostos bioativos como
coadjuvantes não farmacológicos para retardar as complicações dessa doença em pacientes
diabéticos.
Descrição
Citação
LIMA, D.Y. Efeitos do açaí sobre a resposta do inflamassoma NLRP3 no diabetes mellitus in vitro e in vivo no rim. São Paulo, 2021. 53 p. Tese (Doutorado em Nefrologia) - Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2021.