Comparação da composição da microbiota intestinal entre pacientes em diálise peritoneal e voluntários sem doença renal crônica

Data
2021-09
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
Introdução: O trato gastrintestinal humano é colonizado por uma ampla e diversa comunidade de microrganismos, denominada microbiota intestinal, que convive em uma relação de simbiose e mutuamente benéfica com o hospedeiro. Cada indivíduo possui composição única da microbiota intestinal, influenciada por diversos fatores como sexo, idade, ambiente, alimentação e presença de doenças. Alguns estudos mostram que quando comparados com indivíduos sadios, pacientes com doença renal crônica (DRC) apresentam alterações na composição da microbiota com potencial para disbiose. No entanto, fatores importantes como dieta e coabitação não foram considerados nessas comparações. Objetivo: Comparar a composição da microbiota intestinal entre indivíduos com DRC submetidos à diálise peritoneal (DP) e voluntários sem DRC pareados para idade e que compartilham o mesmo ambiente doméstico. Metodologia: Amostras de fezes foram coletadas e a microbiota foi avaliada através da amplificação por PCR da região V4 do gene 16S rRNA e sequenciamento em plataforma Illumina MiSeq. A ingestão alimentar e a qualidade da dieta foram avaliadas por registro alimentar de 3 dias e índice de qualidade da dieta, respectivamente. Resultados: 20 pacientes [70% homens; 53,5 anos (48,2 - 66); 50% com diabetes; 14 meses (5,2 – 43,5) em diálise] e 20 controles foram investigados. Não foram encontradas diferenças na composição da microbiota intestinal entre pacientes e controles, avaliada por meio de índices de alfa diversidade (Shannon: p = 0,69; Simpson: p = 0,81), índice de beta diversidade (UniFrac ponderada: p = 0,34) e abundância diferencial de gêneros (p > 0,05). Os filos mais abundantes nos dois grupos foram Firmicutes (DP = 45%; controle: 47%; p = 0,65) e Bacteroidetes (DP = 41%; controle: 45%; p = 0,17). O filo Proteobacteria, conhecido como potencial marcador de disbiose intestinal, não foi diferente em proporções entre os grupos (DP = 3,7%; controle: 4,8%; p = 0.17). Não houve diferença entre grupos em relação ao consumo alimentar de proteínas (DP = 0,8 ± 0,2 g/kg/dia; controle: 0,9 ± 0,2 g/kg/dia; p = 0,23), fibras [DP = 14,1 (10,7 – 21,1) g/dia; controle: 13,7 (10,4 – 18,0) g/dia; p = 0,85] e outros nutrientes, assim como na qualidade da dieta (p = 0,60). A maioria dos participantes apresentou qualidade da dieta intermediária (DP = 60%; controles = 75%) e apenas alguns participantes apresentaram dieta de baixa qualidade (DP = 25%; controles = 15%). Conclusão: A composição da microbiota intestinal de pacientes em DP não apresenta diferenças quando comparada com a de indivíduos sem DRC que vivem no mesmo ambiente. Esse resultado sugere que a coabitação e a dieta podem ter superado a influência da doença e do seu tratamento no perfil da microbiota colônica dos pacientes com DRC em DP.
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