Encarcerando corpos, libertando saberes: a prisão como espaço não-formal de educação científica
Date
2021-08-27Author
Alves, Ana Paula
Advisor
Santos, Emerson IzidoroType
Dissertação de mestradoMetadata
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Imprisoning bodies, freeing knowledge: prison as a non-formal space of scientific education.Abstract
Essa pesquisa tem como objetivo identificar e compreender os processos de reconhecimento e
valorização dos saberes populares, no campo das ciências naturais, por meio da educação não
formal com uso da experimentação científica de baixo custo por educandos privados de
liberdade, com baixo nível de escolarização. Pensando nisso, utilizamos como nossa abordagem
teórica, a teoria histórico-cultural proposta por Vigostki (2001). Dentro dessa perspectiva o
autor parte da premissa que o homem é um ser social e histórico, sendo as características
tipicamente humanas resultados da interação dialética entre o homem e o meio social. Afim de
se alcançar o objetivo estabelecido, desenvolvemos atividades com um grupo de 10 educandos
da EJA de baixa escolaridade reclusos em uma Penitenciária da Grande São Paulo, abordando
saberes populares, cultura e conhecimento científico para a produção de experimentos
relacionados às áreas das ciências naturais. As oficinas de construção dos experimentos
científicos foram realizadas para tentar promover o reconhecimento das ciências da natureza,
pelos próprios participantes, em seus repertórios de saberes, a partir de atividades práticas de
construção de experimentos científicos. Nossa coleta de dados foi desenvolvida em 4 etapas: 1.
Círculo de cultura com os participantes; 2. Realização das oficinas para construção dos
experimentos; 3. Apresentação dos experimentos para 35, outros, detentos da penitenciária, em
formato de Feira de Ciências; 4. Entrevistas individuais com cinco participantes. Foram
realizados registros sistemáticos por meio de diário de campo, captação de imagens do processo
de construção dos experimentos (foram respeitadas as regras de anonimato, não sendo tiradas
fotos dos rostos dos participantes) e captação de áudio na realização das entrevistas. Após a
coleta dos dados realizamos as análises por meio dos núcleos de significação (AGUIAR E
OZELLA, 2006;2013) que tem como base não apenas a descrição do fenômeno, mas também
sua análise e explicação em sua totalidade. A partir dos resultados obtidos nos processos de
análises verificamos que as atividades propostas, e seu processo de desenvolvimento, foram
essenciais para que os participantes pudessem reconhecer as ciências da natureza em seus
saberes, bem como ressignificarem alguns desses saberes. Em nossa pesquisa verificamos,
também que, quando estabelecida uma relação horizontal, dialógica, problematizadora
(FREIRE, 2016) e de respeito aos saberes dos educandos, é possível estimular o
reconhecimento e a valorização dos saberes populares como conhecimentos legítimos. Para
além disso, foi possível observar que, mesmo em um espaço de opressão, como a prisão, é
possível estabelecer relações de confiança, respeito e diálogo. E, a partir das atividades
educacionais, propiciar um ambiente humanizado para educandos que vivem em um espaço
onde, diariamente, ocorrem situações de desumanização
Citation
MOREIRA-ALVES, Ana Paula. Encarcerando corpos, libertando saberes: a prisão como espaço não-formal de educação científica. 2021. Dissertação (Mestrado em Educação) – Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Paulo, Guarulhos, 2021.Keywords
Educação de jovens e adultoseducação nas prisões
saberes populares
ciências da natureza
Direitos Humanos
Sponsorship
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)Collections
- PPG - Educação [274]