Associação entre o uso de aplicativos de smartphone para corrida e a ocorrência de lesões musculoesqueléticas em corredores amadores não supervisionados
View/ Open
Date
2021-07-27Author
Souza, João Victor Hermógenes de [UNIFESP]
Metadata
Show full item recordAbstract
Introdução: A prática regular de atividades físicas está relacionada com menor mortalidade e diversos benefícios para a saúde. A corrida é um dos esportes mais praticados em todo o planeta. Apesar de seus benefícios, a corrida está relacionada com alta incidência de lesões, que podem causar desmotivação e parada temporária ou permanente da prática esportiva, além de ser um problema para a saúde e finanças. Com alta disseminação de smartphones na atualidade, tem se popularizado o uso de aplicativos de saúde e dentre eles os aplicativos de exercícios físicos, que estão relacionados a um maior nível de atividade física entre usuários. Ainda faltam estudos que avaliaram a relação entre o uso de tais aplicativos e a ocorrência de lesões musculoesqueléticas em corredores amadores. Objetivos: investigar a associação entre o uso de aplicativos de smartphone relacionados à corrida e a ocorrência de lesões musculoesqueléticas em praticantes de corrida não supervisionada. O objetivo secundário foi avaliar quais outras variáveis estudadas estavam associadas com a ocorrência de lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida. Métodos: Este é um estudo observacional transversal, analítico e descritivo, utilizando amostra obtida por meio de divulgação em redes sociais, que responderam a questionário disponibilizado pela plataforma REDCap. Foram recrutados adultos que relataram praticar um mínimo de 150 minutos de corrida não supervisionada por semana há pelo menos um ano. Foram incluídos no estudo 146 participantes, que responderam a questionários sobre suas informações pessoais, sobre risco cardiovascular, sobre a presença de doenças pulmonares, sobre a atividade física habitual, sobre o uso ou não de aplicativos relacionados à corrida e, por fim, a um questionário sobre a prática de corrida e a ocorrência de lesões relacionadas a ela. As variáveis estudadas com associações mais significativas com o histórico de lesões foram incluídas como covariáveis em modelo de regressão logística multivariada, considerando o uso de aplicativos como principal preditor e as lesões musculoesqueléticas como desfecho. Resultados: Em nossa amostra observamos na análise univariada tendência de maior proporção de sujeitos que relataram lesões prévias entre os usuários de aplicativos relacionados à corrida (17,8% vs 8,2%; p = 0,08). Embora sugestivo de associação, o odds ratio (OR) não atingiu significância estatística (OR, 2,4: Intervalo de Confiança de 95%, 0,822 - 7,007). Após análise multivariada, os principais preditores das lesões foram a frequência semanal de treinos (0,563: 0,358 - 0,887) e a dislipidemia (5,881: 1,255 - 27,557). Embora não tenha atingido significância estatística, o uso de aplicativos associou-se com aumento da chance de lesões musculoesqueléticas (3,232: 0,882 - 11,848; p = 0,077). Conclusões: Nossos resultados preliminares sugerem que o uso de aplicativos relacionados à corrida por corredores amadores está associado com maior chance de lesões, que é potencializada pela presença de dislipidemia. A maior frequência semanal de treinamentos pode proteger os corredores de lesões musculoesqueléticas. Os aplicativos relacionados à corrida devem, portanto, ser desenvolvidos com maior base científica e maior participação de especialistas em ciências do movimento humano e provavelmente não excluem a necessidade de acompanhamento presencial de profissionais capacitados. Introduction: The regular practice of physical activities is related to lower mortality and several health benefits. Running is one of the most popular sports on the planet. Despite its benefits, running is related to a high incidence of injuries, which can cause demotivation and temporary or permanent stop from sports practice, in addition to being a problem for health and finances. With the high spread of smartphones nowadays, the use of health apps has become popular, including physical exercise apps, which are related to a higher level of physical activity among users. Studies evaluating the relationship between the use of such applications and the occurrence of musculoskeletal injuries in runners are still lacking. Objectives: to investigate the association between the use of running-related smartphone apps and the occurrence of musculoskeletal injuries in unsupervised runners. The secondary objective was to assess which of the other variables studied were associated with the occurrence of running-related musculoskeletal injuries. Methods: This is a cross-sectional, analytical and descriptive observational study, using a sample obtained through dissemination on social networks, which answered a questionnaire provided on the REDCap platform. Adults who reported practicing a minimum of 150 minutes of unsupervised running per week for at least one year were recruited. 146 participants were included in the study, who answered questionnaires about their personal information, about cardiovascular risk, about the presence of lung diseases, about habitual physical activity, about the use or not of running-related apps and, finally, a questionnaire about the practice of running and the occurrence of injuries related to it. The variables studied with the most significant associations with the history of injuries were included as covariates in a multivariate logistic regression model, considering the use of applications as the main predictor and musculoskeletal injuries as the outcome. Results: In our sample, we observed in the univariate analysis a trend towards a higher proportion of subjects who reported previous injuries among users of running-related applications (17.8% vs. 8.2%; p = 0.08). Although this is suggestive of an association, the odds ratio (OR) did not reach statistical significance (OR, 2.4: 95% confidence interval, 0.822 - 7.007). After multivariate analysis, the main predictors of injuries were weekly training frequency (0.563: 0.358 - 0.887) and dyslipidemia (5.881: 1.255 - 27.557). Although it did not reach statistical significance, the use of apps was associated with an increased chance of musculoskeletal injuries (3.232: 0.882 - 11.848; p = 0.077). Conclusions: Our preliminary results suggest that the use of running-related apps by amateur runners is associated with a greater chance of injury, which is enhanced by the presence of dyslipidemia. A higher weekly frequency of training can protect runners from musculoskeletal injuries. The running-related apps must, therefore, be developed with a greater scientific base and greater participation of specialists in the sciences of human movement and probably do not exclude the need for face-to-face attention by trained professionals.
Collections
- Fisioterapia [186]