Gravidez em jovens que convivem com HIV por transmissão vertical - desfechos, desafios e implicações para o cuidado

Date
2019-12-18Author
Santos, Denise Lopes [UNIFESP]
Advisor
Succi, Regina Celia De Menezes [UNIFESP]Type
Dissertação de mestradoMetadata
Show full item recordAbstract
Introduction: The first cases of pregnancy in women infected with HIV by vertical transmission were described in 1998 and since this first notification, few publications have been made in order to better understand this aspect of the HIV infection epidemic. Most young women infected by vertical transmission are followed up in pediatric clinics and adolescents until adulthood, but data on their reproductive health are poorly described in Brazil. The purpose of this study was to evaluate a retrospective cohort of girls who acquired the infection perinatally, reached reproductive age and are mothers. This group was compared with HIV-infected pregnant women through a transmission route other than perinatal. The clinical outcome of pregnancy and childbirth, in addition to the evaluation of pregnancy products for 12 months, were compared between the two groups. Objectives: To characterize the population of pregnant women infected with HIV by vertical transmission and their concepts, in a cohort of adolescent children and young people attended at a reference service in São Paulo and to compare this group of pregnant women with a group of pregnant women infected with HIV by other means except perinatal and its concepts. Method: this is a retrospective observational epidemiological study carried out at the Pediatric Infectious Diseases Service Center (Ceadipe) of Hospital São Paulo / Escola Paulista de Medicina / UNIFESP, carried out from July 2017 to July 2019. Results: The young women in the TV group compared to the TH group were younger at the time of delivery (mean - 20.6 years X 31.1 years - p * <0.001), single (56.7% X 29.5% - p * = 0.007), primiparous (71.9% X 22.9% - p * = <0.001) and belonged to the white race (84.1% X 67.8% - p * = 0.037). In addition, schooling was higher in the TH group (p * = 0.03). The use of cTARV before pregnancy (96.9% X 72.9% - p * <0.03), was higher among pregnant women in the TV group when compared to those in the TH group. During the first trimester of pregnancy, however, this difference was not statistically significant (71.9% X 65.6% - p * = 0.514). Despite being the group that most used cTARV before pregnancy, the TV group was the one that at the beginning of pregnancy had higher HIV viral loads, with HIV viral load> 1000 copies and few pregnant women below the level of detection when compared with the TH group, respectively (66.7% X 41.0% and 10% X 47.5% -p * = 0.01). The pregnant women in the TV group also had a higher proportion of CD4 + T cell count <500 cells / mm3 (76.7% X 51.1% - p * <0.001), but with an evident response in the peripartum, with HIV CV below similar detection level (63.3% X 81.3% - p = 0.089) and CD4 + T cell count above 200 / mm3, in a lower proportion than those in the TH group (62.5% X 95.5% - p * = 0.001). In the TH group, 18.5% of the pregnant women were obese and 40% were overweight, and in the TV group there were 8% of obese pregnant women and 20% were overweight, the difference being statistically significant (p * = 0.031). in good condition, with a similar average birth weight in both groups (2922g X 2930 g –p = 0.940), with an average Z-score between -2 and +2 for weight 84.4% X 85.6% - p = 0.677), between -2 and +1 for BMI (81.2% X 77.8% - p = 0.741) and weight / height (74% X 67.9% - p = 0.826). We had premature delivery in two of 32 pregnancies in the TV group and twelve of 97 pregnancies in the TH group (6.2% X12.3% p = 0.515). The infants of the two groups evolved with good weight-height gain, but we observed an increase in BMI and P / E rates with a Z-score greater than 1, for BMI and P / E, indicating a risk for overweight and overweight, the difference between groups was not statistically significant, but it is clinically relevant. We found loss of vaccination opportunity in infants for all vaccines, with a statistically significant difference between the TV and TH groups for the hepatitis B vaccines (37.5% X 5.1% - p * <0.001) and Rotavirus (25 , 8% X 6.4% - p * = 0.003). We did not have HIV transmission in both groups. Conclusion: Pregnant women in the TV group, even with early diagnosis, and access to treatment for a longer time, have greater difficulty in controlling HIV replication and maintaining the CD4 + T cell count. During the evolution of pregnancy these pregnant women showed control of HIV viral load and improved CD4 + T cell count. The newborns were born in good condition and evolved with adequate weight-height gain; in some, risk for overweight and overweight was observed. There were no cases of vertical transmission of HIV. There are missed vaccination opportunities in infants in both groups, most evident in the hepatitis B and rotavirus vaccines. Introdução: Os primeiros casos de gravidez em mulheres infectadas pelo HIV por transmissão vertical foram descritos em 1998 e desde esta primeira notificação, poucas publicações têm sido feitas com a finalidade de conhecer melhor esse aspecto da epidemia de infecção pelo HIV. A maioria das jovens infectadas por transmissão vertical é acompanhado em clínicas pediátricas e adolescentes até a idade adulta, mas dados sobre sua saúde reprodutiva são pouco descritos no Brasil. A proposta deste estudo foi avaliar uma coorte retrospectiva de meninas que adquiriram a infecção perinatalmente, atingiram a idade reprodutiva e são mães. Esse grupo foi comparado com gestantes infectadas pelo HIV por outra via de transmissão que não a perinatal. O desfecho clínico da gestação e parto, além da avaliação dos produtos da gestação por 12 meses foram comparados entre os dois grupos. Objetivos: Caracterizar a população de gestantes infectadas pelo HIV por transmissão vertical e seus conceptos, numa coorte de crianças adolescentes e jovens atendidos num serviço de referência em São Paulo e comparar esse grupo de gestantes com um grupo de gestantes infectadas pelo HIV por outras vias exceto a perinatal e seus conceptos. Método: trata-se de estudo epidemiológico observacional de coorte retrospectiva, realizado no Centro de Atendimento da Disciplina de Infectologia Pediátrica (Ceadipe) do Hospital São Paulo/Escola Paulista de Medicina/ UNIFESP, realizado no período de julho de 2017 até julho de 2019. Resultados: As jovens do grupo TV comparadas às do grupo TH eram mais jovens no momento do parto (média- 20,6 anos X 31,1 anos – p*< 0,001), solteiras (56,7% X 29,5% - p*=0,007), primíparas (71,9% X 22,9% - p*= <0,001) e pertenciam a raça branca (84,1% X 67,8% - p* =0,037). Além disso, a escolaridade era maior no grupo TH (p* = 0,03). O uso de cTARV antes da gestação (96,9% X 72,9% – p*< 0,03), foi maior entre as gestantes do grupo TV quando comparadas às do grupo TH. Durante o primeiro trimestre da gestação, entretanto, essa diferença não foi estatisticamente significante (71,9% X 65,6% - p*=0,514). Apesar de ser o grupo que mais fez uso de cTARV antes da gestação, o grupo TV foi aquele que no início da gestação apresentou cargas virais do HIV mais elevadas, observando-se carga viral do HIV > 1000 cópias e poucas gestantes abaixo do nível de detecção quando comparadas com o grupo TH, respectivamente (66,7% X 41,0% e 10% X 47,5% -p* =0,01). As gestantes do grupo TV também apresentaram maior proporção de contagem de células T CD4+ < 500 células/mm3(76,7% X 51,1% - p*< 0,001), mas com resposta evidente no periparto, com CV do HIV abaixo do nível de detecção similar (63,3% X 81,3% - p = 0,089 ) e contagem de células T CD4+ acima de 200/mm3, em menor proporção do que aquelas do grupo TH (62,5% X 95,5% - p* = 0,001). No grupo TH, 18,5% das gestantes estavam obesas e 40% apresentavam sobrepeso, e no grupo TV foram 8% de gestantes obesas e 20% com sobrepeso, sendo a diferença, estatisticamente significante (p*=0,031).Os bebes nasceram em boas condições, com média de peso de nascimento semelhante nos dois grupos (2922g X 2930 g –p= 0,940), com média de Z-escore entre -2 e +2 para peso 84,4% X 85,6%- p=0,677), entre -2 e +1 para IMC (81,2% X 77,8%- p=0,741) e peso/estatura (74% X 67,9%- p=0,826) . Tivemos parto prematuro em duas de 32 gestações do grupo TV e doze de 97 gestações do grupo TH (6,2%X12,3% p= 0,515). Os lactentes dos dois grupos evoluíram com bom ganho pondero-estatural, mas observamos elevação das taxas de IMC e P/E com Z-escore maior que 1, para IMC e P/E, indicando risco para sobrepeso e sobrepeso, a diferença entre os grupos não foi estatisticamente significante, mas é clinicamente relevante. Encontramos perda de oportunidade de vacinação nos lactentes para todas as vacinas, sendo que ocorreu diferença estatisticamente significante entre os grupos TV e TH para as vacinas hepatite B (37,5% X 5,1%- p*<0,001) e Rotavírus (25,8% X 6,4% - p*= 0,003). Não tivemos transmissão de HIV nos dois grupos. Conclusão: As gestantes do grupo TV mesmo com diagnóstico precoce, e acesso ao tratamento há mais tempo, apresentam maior dificuldade de controlar a replicação do HIV e manter a contagem de células T CD4+. Durante evolução da gestação essas gestantes apresentaram controle da carga viral do HIV e melhora da contagem de células T CD4+. Os recém-nascidos nasceram em boas condições e evoluíram com ganho pondero-estatural adequado; em alguns foi observado risco para sobrepeso e sobrepeso. Não foi observado casos de transmissão vertical do HIV. Há perdas de oportunidade de vacinação nos lactentes, nos dois grupos, mais evidente na vacina hepatite B e rotavírus.
Keywords
PrenancyHIV
Health Assistance
Vertical Transmission
Gravidez
Transmissão Vertical
HIV
Assistência À Saúde