Pacientes vítimas de abuso sexual com Transtorno de Estresse Pós-Traumático: aplicabilidade do tratamento com psicoterapia interpessoal

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Data
2019-08-02
Autores
Proenca, Cecilia Roberti [UNIFESP]
Orientadores
Mello, Marcelo Feijo De [UNIFESP]
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
Sexual violence has important consequences in social life and mental health of individuals who suffer this kind of trauma. Almost half of raped victims develop posttraumatic stress disorder (PTSD) following the trauma, a condition that leads to emotional dysregulation and disruption in social life and interpersonal relationships. Usually individuals mistrust their environment, isolating themselves and detaching from close people when they most need support. Majority guidelines consider psychotherapy as first line PTSD treatment, specially prolonged exposure (PE), however, many patients cannot tolerate being exposed to trauma memories. Objective: Assess the applicability of interpersonal psychotherapy (IPT) for treating women with a confirmed diagnosis of PTSD between one and six months after being raped. Method: Thirty-two women diagnosed with PTSD after sexual trauma were included in the trial to be treated with IPT during 14 weeks. Their PTSD, depressive and anxiety symptoms were clinically evaluated using specific scales before and after the treatment. Results: Out of thirty-two women who fulfilled inclusion criteria, one was excluded after 7th week of treatment because of suicidal ideation. Four did not even started psychotherapy treatment and five dropped out after beginning IPT (dropout rate was 29%, considering the exclusion women). There was no statistically significant difference between sertraline and IPT arm adherence in the clinical trial (dropout rates were 29% and 34,5% respectively, p=0,45). The clinical evaluation of twenty-two women who concluded IPT arm showed a significantly improvement in depressive (p<0.001), anxiety (p=0.001) and PTSD (p<0.001) symptoms. Discussion: Differently from the initial hypothesis, adherence to IPT treatment in this research was similar to literature data about dropout rates among patients who undergo exposure treatments. This result suggests that difficulties to adhere our protocol could be related to socioeconomic conditions of our sample, once other studies found dropout rates of IPT-PTDS around 15%. Conclusion: Considering IPT-PTSD was not inferior to PE in terms of adherence, and women presented a significant improvement in clinical PDTS, anxiety and depressive symptoms, IPT seems to be an interesting alternative psychotherapeutic approach for PTSD due to sexual trauma.
A violência sexual tem sérias consequências na vida social e saúde mental dos indivíduos que sofrem esse tipo de trauma. Quase metade das vítimas de abuso sexual evoluem com transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), uma condição psiquiátrica que comumente causa uma desregulação emocional com sérias repercussões sociais e nos vínculos interpessoais. Após um trauma, muitos indivíduos passam a desconfiar do meio em que vivem isolando-se e se afastando de suas redes de suporte quando eles mais precisariam delas. A maioria das diretrizes consideram a psicoterapia como primeira linha de tratamento para esses casos, principalmente a terapia de exposição (TE), porém, muitos pacientes não toleram a exposição às memórias traumáticas e acabam não aderindo a essa abordagem de tratamento. Objetivo: Avaliar a aplicabilidade da Terapia Interpessoal (TIP) adaptada para o TEPT (TIP-TEPT) em um grupo de mulheres com histórico recente de abuso sexual. Método: Foram incluídas trinta e duas mulheres, com diagnóstico de TEPT e história de violência sexual entre um e seis meses antes de sua inclusão. Elas receberam o tratamento com TIP ao longo de 14 semanas e foram avaliadas clinicamente através de escalas em relação aos sintomas de TEPT, sintomas depressivos e ansiosos no início e no final do tratamento. Resultados: Das 32 mulheres que preencheram os critérios de inclusão, uma foi excluída na sétima semana de tratamento devido ao risco de suicídio. Quatro pacientes não quiseram iniciar a terapia e cinco abandonaram a TIP depois de seu início (taxa de abandono foi de 29%, considerando a exclusão de uma delas). Não houve diferença estatisticamente significativa entre as taxas de abandono dos grupos de TIP e sertralina no ensaio clínico (29% e 34,5% respectivamente, p=0,45). As avaliações das 22 mulheres que concluíram a TIP indicaram uma melhora clínica significativa dos sintomas depressivos (p< 0,001), ansiosos (p=0,001) e sintomas de TEPT (p<0,001). Discussão: Diferente da hipótese inicial, a adesão ao tratamento foi semelhante aos dados da literatura sobre taxas de abandono da TE. Isso nos faz pensar que talvez a dificuldade de adesão a esse protocolo possa estar relacionada às condições socioeconômicas da amostra, uma vez que outros estudos tiveram taxas de abandono da TIP-TEPT em torno de 15%. Conclusão: Considerando a não-inferioridade da técnica em termos de adesão, quando comparada às técnicas de exposição, e a melhora clínica significativa das x pacientes que receberam esse tratamento, a TIP parece ser uma alternativa possível para o tratamento de TEPT em mulheres vítimas de abuso sexual.
Descrição
Citação
PROENÇA, Cecília Roberti. Pacientes vítimas de abuso sexual com transtorno de estresse pós-traumático: aplicabilidade do tratamento com psicoterapia interpessoal. 2019. 88f. Dissertação (Mestrado em Psiquiatria e Psicologia Médica) – Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo. São Paulo, 2019.