Balanço energético e inflamação na obesidade: efeito do tratamento interdisciplinar

Nenhuma Miniatura disponível
Data
2019-03-22
Autores
Sanches, Ricardo Badan [UNIFESP]
Orientadores
Caranti, Danielle Arisa [UNIFESP]
Tipo
Tese de doutorado
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Resumo
Introduction: Obesity is a chronic disease associated with an impairment in the regulation of energy balance. Energetic homeostasis control is regulated in the brain regulated through a microcircuit of neurons that release neuropeptides with direct influence on energy consumption and energy expenditure. Leptin is a key hormone in the regulation of this complex system. Aim: To analyze the relationship between energy balance, inflammatory profile and neuroendocrine control of energy balance of obese subjects submitted to an interdisciplinary intervention program. Methods: Fifty (50) volunteers completed interdisciplinary therapy lasting thirty-two (32) weeks, involving physical exercise, physiotherapy, nutritional and psychological sessions. Before and after treatment, clinical, anthropometric, cardiorespiratory, metabolic and biochemical analyzes were performed to determine the effect of therapy and associations between variables. The collected data were analyzed with statistical tests adequate to the objectives, establishing significance value of p <0.05. Results: After 32 weeks of treatment, several improvements were observed in the reduction of % body fat (43.0 ± 7.0 vs 38.5 ± 7.2, p <0.001), abdominal circumference (107.5 ± 8.5 vs 101 , total cholesterol (156.8 ± 49.5 vs 129.9 ± 37.6, p = 0.004), leptin (88.8 ± 51.0 vs 65.5 ± 34.0; p=0.001), food intake (1806 ± 625 vs 1456 ± 416, p = 0.001) absolute VO2 (2.19 ± 0.55 vs 2.54 ± 0.56, p <0.001) and α-MSH (0.70 ± 0.33 vs. 0.85 ± 0.29, p = 0.020). In article 1, leptin levels were inversely correlated with cardiorespiratory fitness (r = -0.382, p = 0.001) and REE (r = -0.447, p <0.001). In addition, hyperleptinemia status was considered an independent predictor of cardiorespiratory fitness (r² = -2.335, p = 0.023) and REE (r² = -2.649, p = 0.010). In article 2, which were divided the groups by the magnitude of weight loss, it was verified that for the anthropometric measurements the Moderate group and the Massive weight loss group were more efficient compared to the group Low weight loss. For the variables related to the metabolic profile, REE and cardiorespiratory fitness, the groups showed similar responses and in relation to the inflammatory parameters, the Massive weight loss group obtained additional benefits. In addition, it was found that α-MSH levels in the Low weight loss group was statistically higher than in the Massive weight loss group (p <0.05). Conclusions: Our results suggest that longterm interdisciplinary therapy is a good strategy for the treatment of obesity, since several improvements in health parameters were verified after therapy. With the cross-sectional results, presented in article 1, we proposed a vicious cycle between the hyperleptinemia, energy expenditure and positive energy balance, a fact that may be related to an energy homeostasis impairment of obese individuals. In addition, the data presented in article 2 suggest that participating in an interdisciplinary treatment program, even when not associated with a large weight loss, provides several health benefits. However, we emphasize that weight loss greater than 10% of body weight may provide additional benefits by improving the inflammatory state and reducing the impairment of energy balance caused by obesity. Finally, we suggest that individuals with high levels of α-MSH may have more difficulty in reducing body weight.
Introdução: A obesidade é uma doença crônica associada a uma deficiência na regulação do balanço energético. O controle da homeostase energética é regulado no cérebro regulado por meio de um microcircuito de neurônios que liberam neuropeptídeos com influência direta no consumo de energia e gasto energético. A leptina é um hormônio chave na regulação desse complexo sistema. Objetivo: Analisar as relações entre o balanço energético, perfil inflamatório e marcadores do controle neuroendócrino do balanço energético de obesos submetidos a um programa de intervenção interdisciplinar. Métodos: Cinquenta (50) voluntários concluíram a terapia interdisciplinar com duração de trinta e duas (32) semanas, envolvendo profissionais de educação física, fisioterapia, nutrição e psicologia. Antes e após o tratamento foram realizadas avaliações clínicas, antropométricas, cardiorrespiratórias, metabólicas e análises bioquímicas, a fim de determinar o efeito da terapia e associações entre as variáveis. Os dados coletados foram analisados com testes estatísticos adequados aos objetivos, estabelecendo valor de significância de p<0,05. Resultados: Após 32 semanas de tratamento, foram verificadas diversas melhoras como diminuição da % de gordura corporal (43,0 ± 7,0 vs 38,5 ± 7,2; p<0,001), circunferência abdominal (107,5 ± 8,5 vs 101,3 ± 8,1; p= 0,001), colesterol total (156,8 ± 49,5 vs 129,9 ± 37,6; p= 0,004), leptina (88,8 ± 51,0 vs 65,5 ± 34,0; p=0,001), consumo alimentar (1806 ± 625 vs 1456 ± 416; p=0,001) e aumento do VO2 pico absoluto (2,19 ± 0,55 vs 2,54 ± 0,56; p< 0,001) e do α-MSH (0,70 ± 0,33 vs 0,85 ± 0,29; p= 0,020). No artigo 1, nas análises dos resultados basais, os níveis de leptina foram inversamente correlacionados com a aptidão cardiorrespiratória (r=-0.382, p=0.001) e com a TMR (r=-0.447, p<0.001). Além disso, o estado de hiperleptinemia foi considerado um preditor independente da aptidão cardiorrespiratória (r²=-2.335, p=0.023) e da TMR (r²=-2.649, p=0.010). No artigo 2, o qual dividimos os grupos pela magnitude de perda de peso foi verificado que para medidas antropométricas o grupo moderada e o grupo massiva perda de peso se mostraram mais eficientes em comparação com o grupo baixa perda de peso. Para as variáveis relacionadas com o perfil metabólico, TMR e aptidão cardiorrespiratória os grupos apresentaram respostas muito similares e em relação aos parâmetros inflamatórios, o grupo massiva perda de peso obteve melhores resultados. Além disso, foi encontrado que os níveis de α-MSH do grupo baixa perda de peso foi estatisticamente maior do que no grupo massiva perda de peso (p<0.05). Conclusões: Nossos resultados sugerem que a terapia interdisciplinar de longo prazo é uma boa estratégia de tratamento da obesidade, visto que diversas melhoras nos parâmetros de saúde foram verificadas pós terapia. Com os resultados transversais apresentados no artigo 1 propusemos um ciclo vicioso entre o estado de hiperleptinemia, o gasto energético e o balanço energético positivo, fato este que pode estar relacionado com um prejuízo na homeostase energética de indivíduos obesos. Além disso, os dados apresentados no artigo 2 sugerem que o fato de participar de um programa de tratamento interdisciplinar, mesmo quando não associado a uma grande perda de peso, proporciona diversos benefícios à saúde. Entretanto, reforçamos que uma perda de peso maior do que 10% do peso corporal pode proporcionar benefícios adicionais, melhorando o estado inflamatório e reduzindo os prejuízos no controle do balanço energético causados pela obesidade. Por fim, sugerimos que indivíduos com níveis elevados de α-MSH podem apresentar uma maior dificuldade em reduzir o peso corporal.
Descrição
Citação