Análise farmacoepidemiológica do tratamento da esclerose múltipla remitente recorrente no sistema público de saúde do Brasil: uma coorte retrospectiva

Date
2019-07-25Author
Souza, Kathiaja Miranda [UNIFESP]
Advisor
Guerra Junior, Augusto Afonso [UNIFESP]Type
Tese de doutoradoMetadata
Show full item recordAbstract
Introduction: Multiple sclerosis is a chronic, progressive, inflammatory and autoimmune disorder that affects the central nervous system and is characterized by episodes of neurological dysfunction followed by period of remission. Pharmacological strategy aims to delay the progression of disease and prevent relapse. Interferon beta and glatiramer are commonly used in Brazilian public health system and are available to patients who meeting guideline criteria. It is known that are more than 12 different treatments commercially available, as well as new medicines that appear in the technological horizon to treat multiple sclerosis. This scenario brings to the need for discussion and evaluation of the technologies already available before the incorporation of new drugs. The Effectiveness measured by real-world evidence has increasingly gained space in decision-making processes whether in the clinical setting or in health policy formulations. Methods and Findings: This study is a retrospective national non-concurrent open cohort between 2000 and 2015 developed by deterministic-probabilistic linkage using the patient-centered registry of Brazilian public health databases. The study population consisted of patients with recurrent-remitting multiple sclerosis aged 18 years or over, diagnosed according to the tenth revision of the international classification of diseases (G35) and using one of the following first-line drugs of interest: glatiramer or one of three presentations of Interferon beta. For measure the effectiveness among first-line treatment drugs, we evaluated treatment failure and persistence for the first year (12 months) and the first 2 years (24 months) after cohort entry. In this study, 22,722 patients were analyzed. Of these, the majority started treatment with subcutaneous Interferon beta 1a (35.6%), have median age of 37 (29–46) years, were women (73.3%), were from the Southeast region (58.4%) and enrolled in the cohort during the 2008–2011 period. Some patients (25,6 %) had experimented treatment failure during the cohort, in which the intramuscular interferon-beta group had experiment most events comparing to other groups. Glatiramer had the best results of persistence. The univariate and multivariate analysis indicated higher risk of treatment failure in female patients, those enrolled in the 2000–2003 period, those with comorbidities at baseline, in patients who had comorbidities after starting treatment (MS-related comorbidities, renal failure and rheumatoid arthritis), those exclusive SUS patients and among patients of IM βINF-1a group. Conclusions: These retrospective cohort, suggest that glatiramer acetate is associated with superior effects in reducing therapeutic failure and greater persistence compared to the three presentations of interferon-beta. When evaluating between interferons beta, the results suggest that the intramuscular presentation is associated with greater therapeutic failure in the treatment of recurrent-remitting multiple sclerosis. Introdução: A esclerose múltipla remitente recorrente é uma desordem crônica, progressiva, inflamatória e autoimune que afeta o sistema nervoso central e é caracterizada por episódios de disfunção neurológica seguida por período de remissão. A estratégia farmacológica visa retardar a progressão da doença e prevenir recaídas. Betainterferonas e glatirâmer são comumente usados como tratamento de primeira linha no sistema público de saúde brasileiro e estão disponíveis para pacientes que preenchem os critérios do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de Esclerose Múltipla do SUS. Sabe-se que existem mais de 12 diferentes tratamentos comercialmente disponíveis, assim como novos medicamentos que aparecem no horizonte tecnológico para o tratamento da doença. Esse cenário traz a necessidade de discussão e avaliação das tecnologias já disponíveis antes da incorporação de novos medicamentos. A efetividade medida por evidências do mundo real tem ganhado cada vez mais espaço nos processos de tomada de decisão, seja no cenário clínico ou nas formulações de políticas de saúde. Métodos e Resultados: Este estudo é uma coorte aberta retrospectiva não concorrente de abrangência nacional referente ao período de janeiro de 2000 a dezembro de 2015, desenvolvida por relacionamento determinístico-probabilístico centrado no paciente das bases de dados de saúde pública brasileiras. A população do estudo consistiu em pacientes com esclerose múltipla remitente recorrente com 18 anos ou mais, diagnosticados de acordo com a décima revisão da classificação internacional de doenças (G35) e com indicação de uso de um dos medicamentos de primeira linha glatirâmer ou uma das três apresentações das betainterferonas. Para medir a efetividade entre os medicamentos de primeira linha, foi avaliado a falha do tratamento e a persistência no primeiro ano (12 meses) e nos primeiros 2 anos (24 meses) após a entrada na coorte. Neste estudo, 22.722 pacientes foram analisados. Destes, a maioria iniciou tratamento com betainterferona 1a subcutâneo (35,6%), eram mulheres (73,3%), eram da região Sudeste (58,4%) e entraram na coorte durante o período de 2008-2011. A idade mediana dos pacientes foi de 37 (29-46) anos. Alguns pacientes (25,6%) experimentaram falha no tratamento durante a coorte, na qual o grupo betainterferona intramuscular experimentou a maioria dos eventos em comparação com outros grupos. Glatirâmer apresentou os melhores resultados de persistência. A análise univariada e multivariada indicou maior risco de falha terapêutica em pacientes do sexo feminino, entre aqueles incluídos no período 2000-2003, com presença de comorbidades, pacientes exclusivos do SUS e entre pacientes do grupo betainterferona intramuscular Conclusões: Esta coorte retrospectiva sugere que o acetato de glatirâmer está associado a efeitos superiores na redução de falha terapêutica e maior persistência em comparação com as três apresentações de betainterferonas. Ao avaliar entre as betainterferonas, os resultados sugerem que a apresentação intramuscular está associada a maior falha terapêutica no tratamento da esclerose múltipla remitente recorrente.
Keywords
PharmacoepidemiologicalMultiple Sclerosis
Retrospective Cohort
Farmacoepidemiológica
Esclerose Múltipla
Coorte Retrospectiva